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MATINAS SUZUKI JR.
Perdedores morais
A verdadeira história de Ronaldinho, o jogador mais caro
da história do futebol, nesta
Copa do Mundo, está para ser
contada.
A real história de um conto
de fadas às avessas precisa ser
dita, não pela crise de pânico
(acho que foi isso que ele teve,
mas os médicos da mente podem falar melhor sobre isso)
antes da final, mas também
pela sucessão de boatos sobre
o seu real estado atlético durante toda a competição.
É uma história real que reúne todos os elementos para fazer uma grande história de
ficção: um menino pobre que
fica rico, fama, poder, uma
mulher ambiciosa...e, sobretudo, uma história de vencedores e derrotados.
Por um lado, ele, um garoto
do bem e ainda um pouco ingênuo, é vítima de toda essa
situação -situação que nem
ele sabe ainda avaliar direito.
Por outro lado, não há espaço no mundo competitivo e
destruidor, para o qual ele
nunca cansou de dizer sim,
para o pânico.
Só há espaço para a vitória e
para a derrota.
Sem querer tirar a responsabilidade pessoal de Ronaldinho em sua própria tragédia,
estão também no prontuário
de seu estresse as angústias de
uma seleção sem grandes alternativas de jogo a não ser as
jogadas individuais que ele e
alguns outros teriam que fazer para salvar a reputação de
"homem iluminado" e um técnico ultrapassado, de uma
preparação mal-feita, de uma
CBF desmoralizadora para
nós, brasileiros, e de um patrocinador fominha, sequioso
de vitórias imediatas.
Seria demais para um homem, que dizer para um pobre menino.
A seleção brasileira chocou
o mundo com o seu não-futebol na final.
Mas também chocou pela
falta de ética esportiva.
Não foi dar as merecidas
saudações aos vencedores (como ocorreu com todas as outras seleções perdedoras nesta
Copa), e alguns jogadores, como Edmundo, chegaram ao
cúmulo da falta de respeito
ficando de costas para a entrega do troféu aos franceses.
Por fim, a seleção não foi
nem sequer agradecer à torcida brasileira que veio até Paris para apoiá-la.
E, para deixar o vexame
completo, abriu, em local e
momento inadequados, aquela ridícula faixa bajuladora
de João Havelange.
Esta mesma seleção de Ricardo Teixeira e de Zagallo,
lembre-se, cometeu um dos
maiores atentados à ética esportiva ao não ir receber a
medalha de bronze, como se
isso fosse uma humilhação, na
Olimpíada de Atlanta, nos Estados Unidos, em 96.
Quando não se tem grandeza na derrota é difícil ser
grande na vitória.
Matinas Suzuki Jr., diretor-editorial adjunto da Editora Abril, escreve às quintas
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