UOL


São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Ao vivo

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O julgamento de Ralf será transmitido pela TV alemã, na próxima terça-feira. Será a primeira vez que uma câmera registrará o ritual de dentro do tribunal, no centro de Paris.
Existem diversos motivos para a FIA quebrar a aura de mistério que sempre cercou sua afetada corte de apelações. Primeiro, óbvio, a tentativa de demonstrar transparência absoluta em um caso que pode influir (e muito) na disputa de um título. Segundo, ainda mais óbvio, dar mais publicidade a essa disputa. Terceiro, nem tão óbvio assim, escancarar uma F-1 que insiste em se fechar.
Qualquer um que já tenha tido acesso, mesmo que restrito, à área dos boxes, pode confirmar o esforço monumental que a categoria faz para ser ou parecer exclusiva. A cada portão, a cada catraca, a malha da peneira se fecha mais. De uniforme, até o faxineiro da equipe se comporta como pop star e ignora solenemente os fãs.
Em poucas palavras, se você não faz parte do clube, você é nada ou quase nada. E, para boa parte desse público, infelizmente, ser nada ou quase nada em um lugar assim, aparentemente tão especial, já é muita coisa.
A F-1 adora funcionar dessa forma. E se sente um tanto incomodada quando é obrigada a se misturar com a plebe, como acontece, ironicamente, em Mônaco, onde é possível topar com um piloto na calçada. Como deve acontecer também no próximo final de semana na Hungria e, mais tarde, em Indianápolis, quando os pit lanes serão abertos à patuléia por força de regulamento.
(Essa histeria hermética ganha contornos ridículos em certos momentos. Para ter exposição, patrocinadores forçam a presença de pilotos em eventos onde o contato com o público é tolerado simplesmente por ser inevitável ou para dar um ar mais natural.)
Todo esse sistema é tão caro à categoria que muitas propostas para aproximar estrelas e fãs foram vetadas pelos times. No início do ano, por exemplo, Max Mosley sugeriu a transmissão do briefing, a reunião dos pilotos horas antes da largada, quando se discute procedimentos e frequentemente se lava a roupa suja.
Seria mais ou menos como ter imagens e som dos vestiários antes dos jogos de futebol. Seria também uma rara oportunidade de ver os pilotos falando e se comportando como gente, algo raro.
Não passou. Assim como não foi permitido a abertura do sinal de rádio dos times, algo que a FIA prometeu colocar no regulamento depois das marmeladas ferraristas e que ajudaria a entender o comportamento dos pilotos.
Para se ter uma idéia do tamanho dessa resistência, basta lembrar que exatamente nesse período alterações profundas no livro de regras foram implementadas. Da definição do grid ao sistema de pontuação, tudo mudou, apesar de protestos e ações judiciais. Na contramão, pouco foi permitido a quem consome o produto. A egolatria permanece intacta, assim como a higiênica distância mantida para as arquibancadas.
O mundo da F-1 pode ser muito diferente, mas não é tão especial assim. Faltam estrelas de verdade para justificar tanta frescura.

Mais uma
Ecclestone confirmou que o Canadá está fora da F-1 em 2004 por culpa de sua legislação antitabagista. Mas, ao contrário do que aconteceu por aqui, o organizador disse que seria constrangedor pedir ao governo para mudar a lei. Vai agora para a Hungria tentar convencer os times a aceitarem a tradicional corrida sem marcas de cigarro.

Montoya x McLaren
Circulou nesta semana a informação de que o colombiano teria acertado com Ron Dennis para 2005, quando acaba seu contrato com a Williams. Isso, no entanto, teria acontecido na França, antes, portanto, de sua ascensão no Mundial e da punição que tirou Ralf da disputa. Se for verdade, foi uma grande estupidez. Se for mentira, é mais um sinal de que a decisão deste ano não está livre de golpes baixos.

E-mail mariante@uol.com.br


Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Futebol: Flu e Goiás vão ao STJD contra o Santos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.