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MOTOR
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JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
O julgamento de Ralf será
transmitido pela TV alemã,
na próxima terça-feira. Será a
primeira vez que uma câmera registrará o ritual de dentro do tribunal, no centro de Paris.
Existem diversos motivos para a
FIA quebrar a aura de mistério
que sempre cercou sua afetada
corte de apelações. Primeiro, óbvio, a tentativa de demonstrar
transparência absoluta em um
caso que pode influir (e muito) na
disputa de um título. Segundo,
ainda mais óbvio, dar mais publicidade a essa disputa. Terceiro,
nem tão óbvio assim, escancarar
uma F-1 que insiste em se fechar.
Qualquer um que já tenha tido
acesso, mesmo que restrito, à área
dos boxes, pode confirmar o esforço monumental que a categoria
faz para ser ou parecer exclusiva.
A cada portão, a cada catraca, a
malha da peneira se fecha mais.
De uniforme, até o faxineiro da
equipe se comporta como pop star
e ignora solenemente os fãs.
Em poucas palavras, se você
não faz parte do clube, você é nada ou quase nada. E, para boa
parte desse público, infelizmente,
ser nada ou quase nada em um
lugar assim, aparentemente tão
especial, já é muita coisa.
A F-1 adora funcionar dessa
forma. E se sente um tanto incomodada quando é obrigada a se
misturar com a plebe, como acontece, ironicamente, em Mônaco,
onde é possível topar com um piloto na calçada. Como deve acontecer também no próximo final de
semana na Hungria e, mais tarde, em Indianápolis, quando os
pit lanes serão abertos à patuléia
por força de regulamento.
(Essa histeria hermética ganha
contornos ridículos em certos momentos. Para ter exposição, patrocinadores forçam a presença
de pilotos em eventos onde o contato com o público é tolerado simplesmente por ser inevitável ou
para dar um ar mais natural.)
Todo esse sistema é tão caro à
categoria que muitas propostas
para aproximar estrelas e fãs foram vetadas pelos times. No início do ano, por exemplo, Max
Mosley sugeriu a transmissão do
briefing, a reunião dos pilotos horas antes da largada, quando se
discute procedimentos e frequentemente se lava a roupa suja.
Seria mais ou menos como ter
imagens e som dos vestiários antes dos jogos de futebol. Seria
também uma rara oportunidade
de ver os pilotos falando e se comportando como gente, algo raro.
Não passou. Assim como não foi
permitido a abertura do sinal de
rádio dos times, algo que a FIA
prometeu colocar no regulamento depois das marmeladas ferraristas e que ajudaria a entender o
comportamento dos pilotos.
Para se ter uma idéia do tamanho dessa resistência, basta lembrar que exatamente nesse período alterações profundas no livro
de regras foram implementadas.
Da definição do grid ao sistema
de pontuação, tudo mudou, apesar de protestos e ações judiciais.
Na contramão, pouco foi permitido a quem consome o produto. A
egolatria permanece intacta, assim como a higiênica distância
mantida para as arquibancadas.
O mundo da F-1 pode ser muito
diferente, mas não é tão especial
assim. Faltam estrelas de verdade
para justificar tanta frescura.
Mais uma
Ecclestone confirmou que o Canadá está fora da F-1 em 2004 por culpa de sua legislação antitabagista. Mas, ao contrário do que aconteceu por aqui, o organizador disse que seria constrangedor pedir ao
governo para mudar a lei. Vai agora para a Hungria tentar convencer
os times a aceitarem a tradicional corrida sem marcas de cigarro.
Montoya x McLaren
Circulou nesta semana a informação de que o colombiano teria acertado com Ron Dennis para 2005, quando acaba seu contrato com a
Williams. Isso, no entanto, teria acontecido na França, antes, portanto, de sua ascensão no Mundial e da punição que tirou Ralf da disputa. Se for verdade, foi uma grande estupidez. Se for mentira, é mais
um sinal de que a decisão deste ano não está livre de golpes baixos.
E-mail mariante@uol.com.br
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