São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Muricy põe São Paulo em "crise"

Para técnico, falta de criatividade e esquema decorado pelos rivais dificultam sonho de novo triunfo

Treinador reclama ainda de seguidos desfalques na defesa nesta temporada, da saída de jogadores-chave e do trabalho feito na base


TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo abriu o ano como franco favorito. Mas um empecilho detectado pelo técnico Muricy Ramalho ameaça o sonho do hexacampeonato brasileiro: a crise técnica. Sem um "jogador cerebral" e obrigado a seguidas mudanças no elenco para ajustar a equipe, o time são-paulino ainda não vingou no ano de 2008 e passou batido no Paulista e na Libertadores. Neste Brasileiro, o clube integra o G4, mas está a oito pontos do líder Grêmio, adversário de amanhã no Sul. E, diante de um jogo-chave contra os gaúchos, até Muricy reconhece a dificuldade de retomar a liderança do torneio. "Neste ano, começamos o Brasileiro muito abaixo. Mas não vamos desanimar."

 

FOLHA - Você é bicampeão brasileiro com o São Paulo. Por que neste ano a dificuldade aumentou?
MURICY RAMALHO
- Os times aprenderam a jogar contra o São Paulo. E tem mais: neste ano, estamos com dificuldade para arrumar um time. Estamos mexendo demais. Tivemos jogadores como Adriano, Fábio Santos, Carlos Alberto. Vieram e foram embora. A zaga muda toda hora. Miranda, André Dias e Alex Silva se machucaram. A defesa, que era nosso ponto forte, quase não atuou junta. Mudamos até o esquema.

FOLHA - Qual o ponto forte do São Paulo de hoje?
MURICY
- É o conjunto. A parte tática. E, quando a parte tática aparece, é porque não temos o jogador que desequilibra. Estamos procurando um meia, mas está difícil. Do meio para trás, não tenho problema.

FOLHA - O clube revelou nos últimos anos Denílson, Hernanes, Breno, jogadores do meio para trás. Por que o clube não consegue revelar um meia de que você tanto precisa?
MURICY
- Há um tempo atrás, fui ver o infantil jogar na base, e o esquema usado já era o 3-5-2. E esse esquema não tem meias e laterais. Acaba com a formação dos meias. Tivemos uma conversa com eles [técnicos da base] e pedimos para mudar. Se continuasse, não teríamos nem [camisa] 8 nem [camisa] 10. O pessoal da base entendeu e está atrás desses jogadores. Espero agora que a próxima safra revele algum meia, que é o que a gente mais precisa.

FOLHA - Você aponta algum meia lançado com destaque recentemente no Brasil?
MURICY
- Tinha o Anderson, ex-Grêmio, mas que está jogando de volante agora. No Brasil, quem está armando os times são os volantes.

FOLHA - O São Paulo vive esse problema atualmente?
MURICY
- Sim. O Hernanes é um volante que faz o papel de meia. O Jean joga porque passa bem a bola. Como não tenho meias, tenho de colocar volantes que saiam para o jogo.

FOLHA - Caso não seja campeão, você vai se sentir pressionado?
MURICY
- Não. O trabalho foi bem-feito. Claro que sempre queremos mais, porém perdemos vários jogadores, e a reposição demora um pouco. Mas, desde que voltei, ganhei um bicampeonato brasileiro. Acho que tá bom.


Texto Anterior: Top 4: Tottenham ameaça os grandes
Próximo Texto: Clima de final: Jogo com o Grêmio faz grupo ter tratamento especial
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.