São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Sou campeão

COM O TEMPO DE 21S30 , CÉSAR CIELO FILHO É O PRIMEIRO NADADOR BRASILEIRO A CONQUISTAR A MEDALHA DE OURO OLÍMPICA E DIZ TER REALIZADO SONHO DE INFÂNCIA

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

César Cielo Filho disse que buscaria a prova perfeita. A perfeição: bater a mão em primeiro na final dos 50 m livre.
Ontem, o nadador de 21 anos cumpriu a promessa, marcou 21s30 e conquistou a primeira medalha de ouro da história da natação brasileira. Cielo é também o primeiro atleta do país a subir ao topo do pódio nos Jogos Olímpicos de Pequim.
"Foi, sem dúvida, a melhor prova da minha vida. É o melhor momento da minha vida, era um sonho de criança. Agora sou campeão olímpico. Todos esses anos longe da minha família valeram a pena", afirmou ele, que vive e treina nos Estados Unidos há quase dois anos.
Dois franceses completaram o pódio -Amaury Leveaux, com 21s45, ficou com a medalha de prata, enquanto Alain Bernard, atual campeão olímpico dos 100 m livre, garantiu o bronze com 21s49.
Com a conquista do bronze nos 100 m livre, Cielo já havia se tornado o primeiro nadador brasileiro a obter uma medalha individual na modalidade desde Atlanta-1996, quando Fernando Scherer -amigo e responsável pela profissionalização de Cielo- subiu no degrau mais baixo do pódio na prova em que Cielo triunfou ontem.
O último pódio do Brasil em piscina olímpica havia sido o bronze do revezamento 4 x 100 m livre, em Sydney-2000.
"Se eu pudesse voltar no tempo, não mudaria nada até chegar a este momento. Não tem nada melhor do que levantar a cabeça e ver seu nome em primeiro lugar", declarou o campeão dos 50 m, emocionado, pouco depois de deixar a piscina do Cubo d'Água.
"Agora é hora de rever minha família. Estou morrendo de saudade, foi muito tempo longe de casa para conseguir essa medalha. Foi preciso muito trabalho, muita determinação. Agora vou comemorar com todos eles", completou o nadador, festejado pelos franceses que chegaram depois dele ao final da prova mais veloz da natação.
Os pais de Cielo, Flávia e César, gastaram cerca de R$ 40 mil para assistir, em pessoa, ao filho ser campeão olímpico nos Jogos da China.
Após as semifinais dos 50 m livre, quando estabeleceu o então recorde olímpico de 21s34, superado por ele mesmo ontem, Cielo havia dito que ainda precisava melhorar e que buscaria a prova perfeita. Chegou a prometer a conquista do ouro.
Para isso, teria, principalmente, de diminuir a adrenalina da conquista do bronze nos 100 m livre, obtido um dia antes. Com a medalha no peito, o nadador havia virado celebridade na Vila Olímpica. Recebeu muitos cumprimentos e mal dormiu na noite seguinte.
Anteontem à noite, em Pequim, véspera da competição, estava mais tranqüilo. Passou o dia descansando e foi liberado das eliminatórias do 4 x 100 m medley. No quarto da Vila Olímpica que divide com outros nadadores, brincava.
Antes da largada, colocou o pé direito na baliza, benzeu-se e olhou fixo para o fim da piscina. Parecia ter a tranqüilidade para a prova perfeita. Para ser campeão olímpico.


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