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Luxemburgo e o desvio perigoso
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Luxemburgo está no caminho certo quando sinaliza para a montagem de uma comissão técnica mais técnica do
que as comissões, entre aspas,
que andaram pela seleção nos
últimos tempos. Mas pega um
desvio perigoso quando fala
em auxiliares do tipo Nelsinho, Autuori ou Carpegiani.
Não é por aí. Esses são treinadores famosos, clássicos, como
ele próprio, Luxemburgo.
Esse esquema, em bom brasileirês, é furado. Tanto que, já
num passado remoto, não se
conseguiu nem sequer juntar
dois irmãos, unha e carne, Aymoré e Zezé Moreira, sob o argumento de que um era mais
criativo; o outro, mais disciplinador. Portanto, um complementaria o outro.
Acontece que ambos eram já
famosos, e a conciliação foi
impossível. Acabou que Zezé
dirigiu a seleção no Pan-Americano de 52, Aymoré no
Sul-Americano de 53 e, na Copa de 54, voltou Zezé.
Luxemburgo precisa -e, se o
fizer, terá levado nossa seleção
a um estágio de avanço maior
do que qualquer outra, no
mundo e na história-, isso
sim, é de auxiliares (dois ou
três) para trabalhos específicos: montar a defesa, em separado, aqui, o meio-campo, ali;
desenvolver novos métodos de
treinamentos nas cobranças de
faltas, escanteios etc.; armar
jogadas de surpresa -na saída de jogo, nas batidas dos laterais, nos lances, enfim, que se
reproduzem de hábito numa
partida de futebol.
Quem? Não sei. Mas, por
exemplo, estou certo de que
um Gerson, o nosso Canhota
de Ouro, seria de grande valia
na armação do meio-campo de
qualquer time de futebol. Fico
imaginando o Papagaio levando longos papos com Vampeta, Denílson, Rivaldo, sei lá,
sobre como executar um lançamento de 30 metros, o melhor posicionamento quando a
jogada vem pela esquerda ou
pela direita, coisas assim.
Para articular a defesa, alguém como o atual técnico do
Guarani, Oswaldo Alvarez,
que soube bem implantar o
3-5-2 no Mogi ou, então, um
ex-zagueiro de experiência internacional em início de carreira como treinador (há uns
mil por aí). E assim vai.
Resumindo, essa idéia é boa
demais para ser desperdiçada
pela utilização da ferramenta
errada. Luxemburgo tem aí
uns três meses para deixá-la
amadurecer na cabeça, fazer
consultas aqui e ali, até chegar
à fórmula mais adequada.
Portanto, calma e firmeza.
-*-
O tricolor, que pega hoje o
Sport lá -o mesmo Sport que,
aqui, ainda outro dia, cumpriu a profecia de Felipão, segundo a qual seu Palmeiras
iria perder o jogo-, está virando um saco de pancadas,
dos adversários e da adversidade. Não só acumula biabas,
como ainda por cima perdeu
Raí, sua mais cintilante estrela, na melhor das hipóteses,
pelo resto do ano.
E o que é pior: Souza, seu outro investimento de envergadura, no campo, vai confirmando as previsões mais azedas: entra, fica ali pela
meia-esquerda morgando, dá
um drible aqui, outro ali, um
lançamento, faz um gol e tal e
cousa e lousa e maripousa, enquanto o time se afunda na
mais cinzenta falta de criatividade. Que fazer, então?
Dizem que rezar, às vezes,
ajuda.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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