São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Em casa, Brasil descobre a fama

Com assédio inédito, equipe feminina de basquete estréia na 2ª fase do Mundial contra a Lituânia

Bom resultado em torneio no país é oportunidade de popularizar veteranas como Janeth e novas estrelas, casos de Iziane e de Erika


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Elas são mais conhecidas no exterior, onde joga a maioria, do que em seu país. Seus nomes não são lembrados pela torcida, que ainda tem vivo na memória espaço para Paula e Hortência. Mas, com o Mundial feminino de basquete no Brasil, passaram a experimentar assédio inédito e a ouvir os nomes sendo gritados das arquibancadas.
Hoje, quando inicia o percurso na segunda fase, contra a Lituânia, no ginásio do Ibirapuera, o time brasileiro joga ciente de que uma boa campanha pode representar a consagração desde jogadoras veteranas como Janeth, 37, e Alessandra, 32, até estrelas da nova geração, casos de Iziane, 24, e Erika, 24.
"É legal que as pessoas estejam nos vendo pela TV. Acho que sou mais valorizada no exterior do que aqui no Brasil", lamenta Janeth, tetracampeã da WNBA e uma das quatro remanescentes do título Mundial de 1994 com a seleção brasileira.
O Mundial do Brasil pode ser a última chance para se consagrar entre os compatriotas. Como voltará para a WNBA, Janeth deve desfalcar o Brasil no Pan do Rio-07. Ela já avisou que, aos 39 anos, não deve atuar nos Jogos de Pequim-08.
Iziane, que não atua no país há cinco anos, diz que normalmente só é reconhecida em São Luís (MA), quando passa férias na cidade natal. A ala-armadora já atuou em outros cinco países: EUA, Rússia, Espanha, França e República Tcheca.
"O Mundial no Brasil é uma boa oportunidade para manter o nosso basquete no alto. E, quando a atual geração deixar as quadras, vamos manter o Brasil entre os quatro melhores do mundo", promete Iziane, que integrou o grupo quarto colocado nos Jogos de Atenas-04.
Mesmo para as poucas que ainda estão no país, a procura dos torcedores é fato raro.
"No Brasil, elas ficam no ostracismo. São acostumadas com ginásios vazios e a dar entrevista para uns dois repórteres só em finais. Agora, vem um monte de gente", afirma o técnico Antonio Carlos Barbosa.
O treinador conta que ele também viveu seu dia de anônimo certa vez, no Recife.
"Uma emissora local me colocou para andar na rua para ver se as pessoas me conheciam. Falei que iria pagar mico. Ninguém sabia quem eu era."
A última vez que a seleção feminina teve visibilidade semelhante foi na Copa América de 1997. Mas, daquela equipe, apenas Helen, Alessandra e Kelly permanecem no grupo.
Segundo ele, a tietagem pode gerar ansiedade na equipe, mas também servir de trunfo. "Temos que usar a nosso favor, como pressão aos adversários."
Apesar da dolorida derrota para a Espanha, anteontem (67 a 66), Barbosa festeja pegar novo rival europeu hoje. Mesmo que tenha que enfrentar a segunda melhor defesa do torneio -as lituanas cederam apenas 60,5 pontos por partida.
"O jogo delas é cadenciado. O time arma bem a jogada antes do arremesso. É preciso cuidado com a... Precisamos tomar cuidado com a ala Jurgita [Streimikyte Virbickiene]."


NA TV - Brasil x Lituânia
Globo, ESPN Brasil e Sportv, ao vivo, às 9h30



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