São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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JUCA KFOURI

O mata-mata volta à baila


Apesar da presença nos estádios aumentar, há quem queira acabar com os pontos corridos no Brasileirão

CAMPEONATO Brasileiro perto de sua reta final, recomeça a interminável discussão sobre sua fórmula.
Com defensores dos pontos corridos e do mata-mata simplesmente por gostarem mais de um ou de outro jeito e com defensores mais fortes do mata-mata por outros motivos.
Aqui sempre se defendeu o atual regulamento, mesmo quando este parecia um sonho. E se defendeu em nome da tal meritocracia, palavrinha horrorosa, mas que tem a ver com competência e justiça.
Há quem argumente que do jeito que está corremos o risco de ter sempre os mesmos na luta pelo título e até pode ser verdade, embora não seja inevitável, nem mesmo provável, porque, diferentemente do que se dá na Europa, temos mais clubes de massa para dar equilíbrio.
Mas, o.k., e daí? Se assim for, o que fazer? Punir os competentes? Permitir que alguém ganhe na última hora por um golpe de sorte?
A fórmula atual, além do mais, garante atividade a todos os clubes durante dez meses e permite organizar minimamente um calendário, ao dar à torcida e aos clubes o direito de conhecer sua agenda completa a cada temporada, por exigência do Estatuto do Torcedor.
É claro que nem por isso é impossível que se façam dois jogos, ou um jogo, entre os campeões do primeiro e do segundo turnos, ou mesmo (até porque desde que o ponto corrido foi implantado quem ganhou o primeiro turno ganhou também o segundo...) um torneio entre os quatro mais bem colocados.
Só que, aí, por exemplo, quando um clube brasileiro vencer a Libertadores terá problemas para disputar o Mundial da Fifa (que fim levou, aliás, o título que a Fifa concederia ao Palmeiras?).
O fato é que em defesa do mata-mata começam a surgir números dando conta de baixas audiências no futebol na TV aberta (sim, porque a TV por assinaturas bateu novo recorde neste ano com o pacote do Brasileirão -100 mil a mais).
Embora tais números sejam baseados no que diz o Ibope e não se possa confiar cegamente neles, como nos ensinam as pesquisas eleitorais do instituto, o fato é que a Globo Esportes, ideologicamente, é a favor do mata-mata. E ao vazar certos índices não só desdenha (porque quer comprar?) do futebol em um momento em que se aguça a concorrência de quem faz dinheiro com o dízimo e, portanto, sem pagar impostos (sim, estamos falando da Iurd), como também reforça uma posição para que se mude a fórmula.
É legítimo e faz parte do jogo, mas entra em contradição com o aumento das médias de público e renda nos estádios neste ano, uma eventual prova de que cada vez mais o torcedor se acostuma e gosta daquilo que se faz no mundo inteiro em campeonatos nacionais.
E tudo indica que ainda crescerá mais, não só porque o São Paulo continuará a ser prestigiado por sua torcida como será alvo das demais que enfrentar fora de casa, assim como cresce a luta pela Libertadores e por não cair.
Além do mais, lembremos, mata-mata é mesmo ótimo, e todos os demais torneios o adotam. Há tanto a fazer em nosso futebol, como não apoiar as MSIs da vida, que mexer na fórmula é risível.

blogdojuca@uol.com.br


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