São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Duprat deve mais que o Corinthians

Intermediário que levou MSI ao clube é cobrado na Justiça em mais de R$ 114 milhões, aponta levantamento da Folha

Só com a Previdência Social, Renato Duprat tem dívida ativa de R$ 100 mi, valor mais pessimista estimado como débito do clube

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI

DA REPORTAGEM LOCAL

A vida como empresário de Renato Duprat Filho não lhe credencia como intermediário confiável para representar um dos maiores times do país. Tarefa que ele desempenhou, conforme descrito em relatório baseado nas escutas telefônicas da Operação Perestroika, realizada pela Polícia Federal. O homem que agiu no Corinthians durante a parceria com a MSI deve mais de R$ 114 milhões.
O valor (R$ 114.375.947,31), obtido por levantamento feito pela Folha nos últimos cinco meses, é maior do que a dívida estimada do clube paulista após a frustrada parceria com a MSI. Os débitos do time do Parque São Jorge podem chegar a R$ 100 milhões.
A pesquisa mostra que a dívida de Duprat está espalhada em processos em que é cobrado pela Previdência Social, pela Fazenda Nacional, por bancos privados e por empresas que eram suas fornecedoras ou prestadoras de serviços, além de pessoas que se sentiram lesadas por ele e suas empresas.
Seu maior credor é a Previdência Social. Os débitos com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) apurados pela reportagem batem na casa dos R$ 100.427.255,86.
Essa é a dívida inscrita de quatro empresas de Duprat com a Previdência. A listagem está no site da entidade (www.previdencia.gov.br).
Constam na relação as empresas inscritas na dívida ativa do INSS. Aquelas cujos débitos estão em fase de contestação administrativa ou judicial (desde que tenham depositado os valores em juízo) não fazem parte da relação, assim como as empresas que renegociaram suas dívidas e vêm pagando as suas obrigações em dia.
A Folha rastreou ainda outros 35 processos ativos contra Duprat ou suas empresas. São ações pelo não-pagamento de tributos federais (18 processos) e outras dívidas contestadas na área cível (17). Os valores cobrados, somados, chegam a R$ 13.948.691,45. Também são cobrados R$ 10.921.613,25 pela Fazenda Nacional, em processos por sonegação de impostos e outros tributos federais (Imposto de Renda, Cofins, Finsocial, PIS e FGTS).
Pouco mais de R$ 3 milhões são de pedidos feitos na Justiça Cível. A reportagem também rastreou 35 ações trabalhistas, mas sem valores especificados.
Os negócios do empresário, que é médico, estão concentrados basicamente na área de saúde. Ele possui quatro empresas no ramo, todas elas bloqueadas por conta das ações.
Um dos processos contra Duprat e uma de suas firmas, a Saúde Unicor Assistência Médica, já foi encerrado, e ele foi condenado a pagar R$ 40.676,87 (cerca de R$ 89 mil, atualizados em outubro de 2006) ao Hospital e Maternidade Santa Joana.
A Saúde Unicor teve falência decretada em 2003 e seus bens se tornaram indisponíveis, assim como os de Duprat, conforme deliberação da Agência Nacional de Saúde Suplementar.


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