São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010 |
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JUCA KFOURI Quarteto coragem
OS QUATRO, em maior ou menor proporção, eram, ou são, deuses em seus respectivos pedaços. Maradona é num país, a Argentina. Zico, numa nação, o Flamengo. Renato Gaúcho em meio Rio Grande do Sul, no Grêmio. E Felipão, no Palmeiras. Abdicar da divindade e se expor como técnico da Argentina como fez Dom Diego revela ou um total desprendimento, uma vocação para servir não importa a que risco, ou, quem sabe, uma vaidade tão grande que ser deus por apenas uma razão é pouco. Em quaisquer das circunstâncias, exige-se muita coragem. Maradona se expôs e se deu mal, mais criticado do que elogiado. Quase foi o personagem da Copa-2010, tamanha a sua exposição natural aliada à sua insuperável capacidade de se fazer notar. Difícil dizer o que aconteceu com seu índice de adoração. Provavelmente, no entanto, caiu. Se não de quatro, como na acachapante eliminação imposta pelos alemães, ao menos pela metade. É cedo ainda para avaliar o que acontecerá com Zico no Flamengo. Unanimidade maior entre os rubro-negros do que Maradona entre os argentinos, o Galinho está dando a cara a tapa numa missão menos exposta do que a de técnico, mas, no caso da Gávea, mais difícil, porque interfere em privilégios que há anos são desfrutados por quem está no poder ou próximo dele no Fla. E como Zico só é visto como deus, mas não é deus, ele também erra. Motivo para ser sabotado e ver seus equívocos superdimensionados. Talvez devesse dizer ao seu povo que o clube passará um bom período de estiagem, a pão e água, sem cair, mas, também, sem maiores glórias, até se reorganizar e poder viver pelas próprias pernas, de maneira autossustentável. Porque milagre ninguém faz e, se Zico não der certo ninguém, dará na zorra eterna em que vive a Gávea. Já Renato Gaúcho se expôs de corpo inteiro. Assumiu o cargo que um dia disse que jamais assumiria. E, diga-se, está se dando bem, ao tirar o Grêmio rapidamente da zona da degola. Mas há de saber que pode demorar mais, pode demorar menos, o dia chegará em que ouvirá o coro de burro. Como fazer para evitar o inevitável é a resposta que nem mesmo as divindades sabem. Que o diga o Felipão, embora não só de couro mais grosso como, ainda, capaz de cobrar o quanto pesa o tamanho do desafio. Ele, aliás, a cada insucesso do Palmeiras, demonstra o quanto foi acertada a sua volta. Porque só Felipão para suportar tantas provações. Mas até quando? Deuses o futebol faz como desfaz, aos montões. blogdojuca@uol.com.br Texto Anterior: Atacante decide deixar apelido e usar seu nome Próximo Texto: Polícia Civil prende 12 de organizadas Índice | Comunicar Erros |
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