São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Muito barulho por pouco

A mil dias da abertura da Copa do Mundo de 2014, obras nas 12 arenas do evento consumiram somente 11,5% do orçamento previsto, e especialista vê defasagem no andamento das reformas

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

A mil dias do início da Copa-2014, as obras dos estádios das cidades-sedes custaram apenas 11,5% do orçamento total das construções.
Levantamento da Folha mostra que foram gastos até agora R$ 769,2 milhões nas obras -não foi computado o valor da Arena das Dunas, que iniciou a execução do projeto há só um mês. O total dos orçamentos das 12 arenas soma R$ 6,66 bilhões.
O prazo da Fifa para o início das reformas e construções foi março de 2010. Teoricamente, as reformas estão em andamento há pelo menos um ano e meio. Mas boa parte das obras das arenas não começou naquela data.
A obra do Itaquerão foi iniciada em maio deste ano. A da Arena das Dunas, no mês passado. E a reforma da Arena da Baixada não começou.
O estádio da Fonte Nova, em Salvador, foi o que gastou o maior percentual do orçamento, com 25% do total. É também o maior valor absoluto, com R$ 146,6 milhões. Isso se explica pela implosão da arena antiga, que teve custo de cerca de R$ 30 milhões.
Mas o Maracanã, por exemplo, só usou 3% (R$ 26 milhões) da verba total prevista. O estádio enfrenta sua segunda greve de operários, e as obras estão paralisadas.
Mesmo assim, o governo do Rio diz que 25% da reforma da arena foi realizada.
Para Jorge Hori, especialista em orçamentos de obras, é comum ter baixa execução orçamentária no início das operações porque a terraplenagem e as fundações são fases em geral menos custosas.
"Mas o ritmo da obra costuma ser como um sino. No meio, chega a seu pico. O custo da obra costuma ficar na metade quando o andamento também está na metade."
No caso dos estádios, segundo Hori, essa realidade pode ser um pouco alterada, e os gastos, postergados.
Erguer a cobertura, uma operação de alto custo, é algo realizado só no final da reforma.
"Ainda assim, vejo uma defasagem. Não é tão grande, mas existe. Claro, tem que se analisar caso a caso", disse.
O caso mais problemático é o da Arena das Dunas, em Natal. As obras começaram no mês passado e estão previstas até dezembro de 2013.
É prazo igual ao do Itaquerão. Mas as obras do estádio do Corinthians, iniciadas em maio, estão aceleradas.
Um local onde não se vê movimentação é a Arena da Baixada, que sofre com uma discussão sobre a engenharia financeira da reforma, prevista para o próximo mês.
Em Porto Alegre, a obra do Beira-Rio é lenta por não terem sido acertados detalhes do contrato entre o Internacional e a Andrade Gutierrez.
Diante desse quadro, Hori prevê que o grosso dos gastos dos estádios do Mundial será feito no primeiro semestre de 2012, quando as obras devem atingir o seu pico.
"Há depois uma complicação, que são as coberturas, porque a engenharia brasileira não está acostumada a fazê-las com essas lonas tensionadas. Somos capazes, mas não temos o know-how."
A maioria dos estádios usará coberturas desse tipo, similares às vistas nas arenas da África do Sul na Copa-10.


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