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IATISMO
Irmão de Lars Grael está competindo na Eslovênia e acompanha sua recuperação no hospital pela Internet
Para Torben, lancha estava desgovernada
ROBERTO FONSECA
da Reportagem Local
Detentor de três medalhas olímpicas no iatismo, Torben Grael,
38, classifica de "negligente" e
"irresponsável" a conduta do
empresário Carlos Guilherme de
Abreu e Lima no acidente que decepou a perna direita de seu irmão
mais novo, Lars Grael.
Torben, que vive na Itália, está
na Eslovênia, participando do
Mundial de Iatismo na classe Star.
Ainda não teve tempo de vir ao
Brasil e desde o acidente, só conversou com Lars uma vez, por telefone, anteontem.
Aconselhado pela família, havia
evitado telefonar para o hospital.
"Os dois são emotivos e poderia
haver um choque emocional muito grande", afirmou Axel, o mais
velho dos irmãos Grael.
No último dia 6, durante torneio
de iatismo na praia de Camburi,
em Vitória (ES), a lancha Laguna
1, de propriedade de Abreu e Lima, atingiu o veleiro onde estavam Lars e Andres Schmidt.
Os iatistas se atiraram ao mar.
Lars foi atingido pela hélice da lancha. Perdeu a perna direita e sofreu ferimentos nos braços.
Desde então, Torben vinha
acompanhando a evolução clínica
de Lars pela Internet, junto com
seus colegas no Mundial.
Ontem, durante solenidade sobre o próximo Mundial, a ser disputado na Itália, Torben falou
com exclusividade à Folha.
"A lancha ficou desgovernada
em meio aos veleiros que participavam da regata", afirmou Torben, medalha de ouro nos Jogos de
de Atlanta (96), bronze em Seul
(88) e prata em Los Angeles (84).
A conversa telefônica entre Lars
e Torben, segundo familiares, foi
sobre o Mundial e veleiros, passando poucas vezes pelo acidente.
"Ele só se acalmou um pouco
quando telefonou para o irmão",
conta Guilherme de Almeida, integrante da equipe brasileira que
está na Eslovênia.
Folha - Ontem (anteontem) você
falou pela primeira vez com seu irmão após o acidente. Como foi?
Torben Grael - Fiquei mais
tranquilo depois que conversei
com o Lars. Ele me pareceu muito
bem ao telefone. Quando ocorreu
o acidente, conversei com minha
família e decidimos que era melhor a gente não se falar de início,
porque o choque seria grande.
Folha - Você acredita que o que
ocorreu com seu irmão é reflexo
de uma falta de respeito de barcos
e jet skis com os veleiros no mar?
Grael - Em geral, existe um certo respeito com os iatistas. Mas é
frequente um jet ski ou barco passar perto dos veleiros, fazendo barulho e provocando ondas. Isso tira, e muito, a concentração dos iatistas em competições.
Mas isso faz parte de um problema geral de falta de respeito que
ocorre no Brasil, não só no mar. Já
tive pequenos acidentes desse tipo.
Mas uma coisa é se incomodar
com barulho ou ondas, outra é um
barco passar por cima de você.
Folha - A que você credita esse
acidente?
Grael - Acredito que tenha sido
um fato isolado, porque em mais
de 30 anos como iatista nunca tinha visto algo assim. O que ocorreu foi uma total irresponsabilidade do piloto da lancha, que deixou
seu barco desgovernado no meio
de um monte de veleiros.
Folha - Você acredita na possibilidade de o piloto da lancha não
ter tido culpa no acidente ?
Grael - É muito difícil acreditar
nessa possibilidade. Ele não pode
nem alegar que não viu o veleiro,
porque o mastro do barco do Lars
era alto, impossível de passar despercebido. Se a lancha estivesse
sob controle, daria para desviar.
Não foi o que aconteceu. Além disso, como o veleiro é um barco menor, teria preferência na água.
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