São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Zveiter colhe o que plantou

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Deu no que deu.
Uma decisão que deveria ter sido colegiada, se possível referendada por uma assembléia geral extraordinária com todos os clubes da primeira divisão, foi tomada por um homem só.
E como se o deus dos estádios quisesse mostrar o tamanho do erro, até aqui todos os quatro jogos repetidos não repetiram seus resultados originais.
E os árbitros erraram como nunca. Como sempre.
Erraram em São Januário, em prejuízo do Vasco, que empatou o jogo que tinha vencido.
Erraram em Caxias do Sul, contra o Fluminense, que ganhou a partida perdida.
Erraram no Mineirão, a dano do Cruzeiro, que empatou o que tinha ganho.
E erraram na Vila Belmiro, a favor do Santos, que perdeu o que houvera vencido e, de quebra, a compostura.
A menos pior solução possível foi adotada com tamanho autoritarismo que levou o torcedor à loucura, num extravasamento que ultrapassa as dores de uma derrota e é resultado de pura indignação, como os acontecimentos da última quinta-feira, na Vila Belmiro, demonstraram à exaustão.
Até o pacífico Giovanni perdeu a cabeça ao fazer aquilo que o torcedor gostaria de ter feito, mas que um profissional jamais poderia ter cometido, ao acender o estopim da revolta com seu balão para fora de campo após a nova saída.
Não há remédio. A menos que a Justiça comum, provocada pelo Ministério Público, resolva entrar em campo para valer.
Questões esportivas devem ser resolvidas no âmbito do esporte, sob o risco de nenhum campeonato acabar. Mas para tudo há um limite, principalmente quando o que envolveu a anulação dos jogos não teve nenhuma motivação esportiva e foi decidida solitária a ditatorialmente.
O país do futebol tem os melhores atletas do planeta e os piores dirigentes, incapazes de assimilar um mínimo de espírito democrático e de assumir suas responsabilidades.
Tanto que a CBF respondeu ao Procon paulista que não tem nada a ver com a escala de arbitragem, que é feita por sorteio.
Mas quanto cinismo!
O sorteio, exigência do Estatuto do Torcedor, vilipendiado pela cartolagem como se fosse o demo e por ela sabotado de todas as maneiras, agora virou desculpa, como se não fosse o departamento de árbitros, da CBF, que escolhe os sorteados.
Arbitragens e tribunais esportivos são os dois dos meios mais explícitos de exercício de poder no futebol. Em São Paulo, no Brasil e pelo mundo afora.
Tanto que a Fifa nem quer ouvir falar em autonomia dos departamentos de árbitros e a Justiça Desportiva brasileira é paga pela CBF.
E como no Brasil somos capazes de avacalhar até com o que dá certo no mundo inteiro, conseguimos comprometer irremediavelmente até o campeonato por pontos corridos, façanha digna deste gigante chamado Ricardo Teixeira.

Esperança verde
Dois times alviverdes, Palmeiras e Goiás, têm hoje a dura missão de manter acesa a disputa neste combalido Campeonato Brasileiro. Duas vitórias diante dos alvinegros Corinthians e Santos, respectivamente, e pronto, principalmente porque o Internacional deve derrotar o Vasco no Beira-Rio.

Kirrata
Um imperdoável erro de digitação aumentou em 20 anos o jejum de títulos corintiano, que durou entre 1954 e 1977, não 1997, como aqui publicado na última segunda-feira. Mas continua a valer a informação central: quase a metade do período de 22 anos teve Nesi Curi como homem forte do futebol alvinegro, o mesmo que hoje dá as cartas ao lado do presidente Alberto Dualib.


@ - blogdojuca@uol.com.br

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