|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Zveiter colhe o que plantou
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Deu no que deu.
Uma decisão que deveria
ter sido colegiada, se possível referendada por uma assembléia geral extraordinária com todos os
clubes da primeira divisão, foi tomada por um homem só.
E como se o deus dos estádios
quisesse mostrar o tamanho do
erro, até aqui todos os quatro jogos repetidos não repetiram seus
resultados originais.
E os árbitros erraram como
nunca. Como sempre.
Erraram em São Januário, em
prejuízo do Vasco, que empatou o
jogo que tinha vencido.
Erraram em Caxias do Sul, contra o Fluminense, que ganhou a
partida perdida.
Erraram no Mineirão, a dano
do Cruzeiro, que empatou o que
tinha ganho.
E erraram na Vila Belmiro, a
favor do Santos, que perdeu o que
houvera vencido e, de quebra, a
compostura.
A menos pior solução possível
foi adotada com tamanho autoritarismo que levou o torcedor à
loucura, num extravasamento
que ultrapassa as dores de uma
derrota e é resultado de pura indignação, como os acontecimentos da última quinta-feira, na Vila Belmiro, demonstraram à
exaustão.
Até o pacífico Giovanni perdeu
a cabeça ao fazer aquilo que o
torcedor gostaria de ter feito, mas
que um profissional jamais poderia ter cometido, ao acender o estopim da revolta com seu balão
para fora de campo após a nova
saída.
Não há remédio. A menos que a
Justiça comum, provocada pelo
Ministério Público, resolva entrar
em campo para valer.
Questões esportivas devem ser
resolvidas no âmbito do esporte,
sob o risco de nenhum campeonato acabar. Mas para tudo há um
limite, principalmente quando o
que envolveu a anulação dos jogos não teve nenhuma motivação
esportiva e foi decidida solitária a
ditatorialmente.
O país do futebol tem os melhores atletas do planeta e os piores
dirigentes, incapazes de assimilar
um mínimo de espírito democrático e de assumir suas responsabilidades.
Tanto que a CBF respondeu ao
Procon paulista que não tem nada a ver com a escala de arbitragem, que é feita por sorteio.
Mas quanto cinismo!
O sorteio, exigência do Estatuto
do Torcedor, vilipendiado pela
cartolagem como se fosse o demo
e por ela sabotado de todas as
maneiras, agora virou desculpa,
como se não fosse o departamento de árbitros, da CBF, que escolhe os sorteados.
Arbitragens e tribunais esportivos são os dois dos meios mais explícitos de exercício de poder no
futebol. Em São Paulo, no Brasil e
pelo mundo afora.
Tanto que a Fifa nem quer ouvir falar em autonomia dos departamentos de árbitros e a Justiça Desportiva brasileira é paga
pela CBF.
E como no Brasil somos capazes
de avacalhar até com o que dá
certo no mundo inteiro, conseguimos comprometer irremediavelmente até o campeonato por pontos corridos, façanha digna deste
gigante chamado Ricardo Teixeira.
Esperança verde
Dois times alviverdes, Palmeiras e Goiás, têm hoje a dura missão de
manter acesa a disputa neste combalido Campeonato Brasileiro.
Duas vitórias diante dos alvinegros Corinthians e Santos, respectivamente, e pronto, principalmente porque o Internacional deve derrotar o Vasco no Beira-Rio.
Kirrata
Um imperdoável erro de digitação aumentou em 20 anos o jejum de
títulos corintiano, que durou entre 1954 e 1977, não 1997, como aqui
publicado na última segunda-feira. Mas continua a valer a informação central: quase a metade do período de 22 anos teve Nesi Curi como homem forte do futebol alvinegro, o mesmo que hoje dá as cartas
ao lado do presidente Alberto Dualib.
@ - blogdojuca@uol.com.br
Texto Anterior: Time italiano já "frita" novo projetista Próximo Texto: Pan-americano: Boliche larga tarde e chega cedo ao Rio-07 Índice
|