São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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FUTEBOL
Time carioca não viaja a São Paulo e partida é suspensa; sem o jogo, Palmeiras alega prejuízo de R$ 50 mil
Vasco ganha queda-de-braço da CBF


FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

O Vasco conseguiu exatamente o que queria. Não viajou a São Paulo para pegar o Palmeiras, não será punido por isso e poderá enfrentar os paulistas em outra data.
Ao Palmeiras, que compareceu ao estádio Parque Antarctica, cumprindo determinação da CBF, coube a tarefa de fazer "papel de palhaço", como disseram jogadores e dirigentes do clube.
O time dirigido por Luiz Felipe Scolari foi a campo acreditando que levaria os três pontos do jogo e manteria com isso a liderança do Campeonato Brasileiro.
A ausência do Vasco, que ficou no Rio de Janeiro por ordem de seu vice-presidente, Eurico Miranda, caracterizaria WO (do inglês "walk over", que em uma tradução livre significaria "sair andando").
Mas, às 15h04min, a menos de uma hora do começo da partida, o Palmeiras foi notificado da decisão de um juiz do Trabalho, que suspendeu o jogo.
O delegado da Federação Paulista de Futebol Antonio Cláudio Ventura leu o documento. "Por ordem do presente em exerc"cio da CBF (Alfredo Nunes), atendendo determinação do Ilmo. sr. José Saba Filho, juiz do Trabalho substituto, através de medida cautelar, fica suspensa a realização da partida do Campeonato Brasileiro entre Palmeiras e Vasco da Gama, no dia 15/10/98, às 16h, no estádio Palestra Itália." O documento era assinado pelo gerente administrativo da FPF, Eduardo Alvarez Neto.
Segundo Ventura, o Palmeiras ganharia os pontos da partida se o documento não tivesse chegado ao estádio até a hora do jogo. Agora, a CBF deve marcar outra data para a realização da partida. O Palmeiras, por meio de seu Departamento Jurídico, entrará com ação para ganhar os três pontos.
A polêmica em torno do jogo começou ontem no começo da tarde, quando Eurico Miranda ameaçou não colocar o Vasco em campo caso a CBF não mudasse a data do confronto de sábado entre os cariocas e o Internacional. A CBF acatou o pedido de Miranda e transferiu o jogo para domingo. Mesmo assim, o dirigente tirou seus atletas da concentração no Rio de Janeiro, impedindo que eles viajassem a São Paulo. A alegação de Miranda era a de que a CBF demorou muito para atender ao pedido do Vasco.
No fim da tarde de anteontem, o Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio obteve uma medida cautelar, impedindo a realização do jogo. O argumento era o de que os vascaínos não teriam as 66 horas de intervalo necessárias entre o jogo de anteontem à noite pela Mercosul, contra o Universidad Católica, e o de ontem, com o Palmeiras.
Com base na medida cautelar, a partida do Campeonato Brasileiro teve que ser suspensa.
Com a suspensão, o Palmeiras teve um prejuízo de cerca de R$ 50 mil, segundo o diretor de futebol do clube, Sebastião Lapola. Além de arcar com as despesas de hospedagem, bilheteiros e policiais militares, o clube também teve que pagar a cota do árbitro Luciano Augusto de Almeida, que esteve no Parque Antarctica.
"O que nos transtorna não é o problema financeiro, e sim os danos morais que sofremos", afirmou Sebastião Lapola.



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