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Decência exige cumprimento de regras na Série B
MILTON URCIOLI
JOÃO HEITOR DE MOURA
especial para a Folha
²
Manda a boa conduta, a decência e a lisura que tudo o que
for acordado seja aceito ao final
da competição. Antes de iniciar
um campeonato, o regulamento
é aprovado em Conselho Arbitral. Nem sempre os seus itens,
parágrafos ou artigos são discutidos, mas aprovação geralmente é por unanimidade.
E foi o que houve neste ano
com a Série B do Brasileiro. Representantes de todos os clubes
compareceram para discutir o
regulamento. Ninguém fez
qualquer objeção, mas todos
começaram a sonhar com o retorno ao grupo de elite.
Comissões técnicas foram formadas, alguns jogadores foram
adquiridos a peso de ouro. Mas
não houve resultados práticos.
Faltou estrutura, planejamento
e até profissionalismo.
O Fluminense, uma das maiores forças do futebol brasileiro,
tentou incentivar os seus torcedores. Na primeira partida, inclusive, seus dirigentes afirmaram que ali seria dado o primeiro passo do "Projeto Tóquio". Mas os insucessos se sucederam, seus dirigentes levaram algumas partidas, sem expressão, para o Maracanã, aumentando ainda mais o déficit
do clube. E o resultado aí está.
Rebaixado em campo, sim.
As articulações realizadas nos
corredores da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) estão
mudando o destino de alguns
clubes. Qualquer burla ao regulamento que privilegie clubes,
seja ele qual for, merece repúdio. As regras, que estabelecem
queda dos quatro últimos (um
de cada chave) e mais os dois
piores tecnicamente entre os 20
restantes, devem ser aplicadas.
Qualquer mexida, agora, que
favoreça apadrinhados, deve
ser condenada, afinal estamos
falando de um campeonato oficial e não de um torneio para se
saber quem tem um padrinho
político mais forte. Arrastar influentes políticos para a CBF
com o objetivo de articular uma
"virada de mesa" é lamentável.
Ao mesmo tempo que precisamos profissionalizar o futebol,
temos que moralizá-lo. A credibilidade está acima de tudo.
Nós, do Clube Atlético Juventus, perdemos em campo. Montamos uma equipe dentro da
nossa realidade e que é também
a do futebol brasileiro. O clube
não tem um aporte financeiro
de empresas que possibilite altos investimentos. Mesmo assim
não vamos parar. O clube nasceu em razão do futebol e não
seriamos nós que o faríamos
morrer. Longe disso.
Não oferecemos salários astronômicos, valores que inflacionam e inviabilizam qualquer clube. Não fazemos loucuras. Nos orgulhamos de estar
com a tesouraria saneada. Não
devemos para jogadores, membros da comissão técnica, funcionários, fornecedores e INSS.
A mesma realidade que enfrentamos é notada em clubes
de várias cidades paulistas e no
interior de praticamente todos
os Estados brasileiros.
E para que haja uma recuperação do futebol é preciso que a
CBF, as federações e os dirigentes de todos os clubes se unam,
apresentem idéias. Mas que
não haja privilégios, "viradas
de mesa", tapetões, manobras
políticas, acertos com árbitros.
A Lei Pelé tem algumas imperfeições, precisa de ajustes.
Mas com ela esperamos que venham verdadeiros profissionais
para tornar o futebol forte, fora
de campo, como ele já se apresenta dentro das quatro linhas.
²
Milton Urcioli, 60, é presidente licenciado do
Clube Atlético Juventus e João Heitor de Moura, 63, é presidente interino
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