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FUTEBOL
Clube italiano retoma idéia do ano passado e convence atacante a iniciar tratamento psicológico
Inter manda Ronaldo deitar no divã
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Melbourne
Após ter tentado, sem sucesso,
no ano passado, agora a Inter
conseguiu. O clube italiano convenceu Ronaldo a fazer terapia.
Desde a final da Copa-98, quando o atacante teve uma crise nervosa horas antes da decisão, o time de Milão estava convencido
de que o principal problema de
Ronaldo era de fundo emocional.
Por isso, pedira que ele consultasse um psicólogo depois do
Mundial da França. Orientado
por seus empresários, que se revoltaram com a sugestão, o atleta
não a seguiu. Agora, o clube retomou a iniciativa, que faz parte do
projeto de recuperação do jogador, e convenceu Ronaldo a iniciar o tratamento psicológico.
Antes mesmo de viajar para a
Austrália, onde foi impedido pela
Inter de disputar o amistoso de
amanhã e dispensado por Wanderley Luxemburgo do de domingo, ele já havia feito algumas entrevistas com o profissional.
Mas só agora, de volta à Itália,
teria concordado, de fato, em começar as sessões.
Suzy Fleury, psicóloga da seleção, afirmou ontem estar ciente
do processo. Ela, inclusive, disse
ter enviado material sobre o atacante para o clube italiano, colhido principalmente durante a Copa América, no Paraguai.
"Acho importante não só para
ele, mas para todo jogador. A psicologia no esporte está entrando
cada vez mais. Eu mesma até me
surpreendi ao ver que oito dos
convocados (para a seleção pré-olímpica) fazem algum tipo de
trabalho psicológico em seus clubes. Isso é ótimo para eles."
Para a Inter, um apoio psicológico a Ronaldo, que vive sob forte
pressão e não estaria, segundo o
clube, sendo bem orientado por
amigos, familiares e empresários,
será de grande valia a ele.
Além da terapia, feita por um
profissional ligado ao esporte, a
Inter quer proteger o atleta do que
considera más influências para
que ele retome o futebol -e os
gols- das temporadas de 1996 e
1997 (veja quadro ao lado).
Para isso, decidiu "grudar" no
jogador. Três assessores irão se
revezar para acompanhar o brasileiro, principalmente em viagens
para o Brasil ou pela própria seleção, tentando evitar que ele se envolva em confusões, como na Copa América, quando teria feito
compras no Paraguai e entrado
no país sem pagar impostos.
Na Austrália, Sandro Sabatini,
assessor de imprensa da Inter, foi
quem o acompanhou.
A presença de Sabatini, porém,
irritou a Confederação Brasileira
de Futebol, que trocou acusações
com a direção da Inter e não pretende permitir que o clube prejudique o trabalho de Luxemburgo.
Para a comissão técnica da seleção, pelo menos quando o atleta
está entre brasileiros, demonstra
muita alegria.
Mas a Inter discorda. Para os
milaneses, as convocações não
têm feito bem a Ronaldo.
Massimo Moratti, presidente do
clube, não gostou da posição do
técnico brasileiro, que anunciou
que escalaria o atacante nos dois
jogos na Austrália ou o mandaria
de volta à Itália.
Como a Inter, amparada pela
Fifa, impediu o atleta de atuar nos
dois amistosos -poderia participar apenas de um-, ele foi dispensado por Luxemburgo.
Para Moratti, o treinador quis
deixar Ronaldo numa posição
desconfortável com os italianos,
tentando forçá-los a aceitar que
ele continuasse na Austrália.
Segundo a assessoria de imprensa da Inter, o presidente
agradeceu, por telefone, a atitude
do atleta, que respeitou a posição
não apenas do clube, mas da própria Fifa, ao se negar a jogar os
dois amistosos pelo Brasil.
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