|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Após vitória na Justiça comum, time do DF tenta cassar pontos dados ao rival carioca no caso Hiroshi
No TJD, Gama age contra Botafogo
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local
O Gama entra hoje na Justiça esportiva com uma ação que, se tiver sucesso, vai colocar o Botafogo-RJ na Série B e o São Paulo fora
da segunda fase do Campeonato
Brasileiro.
Os advogados do Gama vão
apelar ao Tribunal de Justiça Desportiva para que sejam refeitos os
julgamentos em que Botafogo-RJ
e Internacional ganharam os pontos do São Paulo no caso Sandro
Hiroshi, atacante considerado
inabilitado para jogar por causa
de supostas irregularidades em
seu registro.
O principal argumento da ação
é que o TJD e sua Comissão Disciplinar usaram uma regra ilegal
para dar os pontos aos dois clubes
que disputaram com o Gama a fuga do rebaixamento.
Pelo artigo 301 do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol, que é
uma portaria ministerial, caso um
clube coloque um jogador irregular numa partida, ele perde cinco
pontos, mas o resultado ocorrido
em campo é mantido.
Acontece que, no julgamento, o
TJD usou uma resolução da diretoria da CBF, que determina que,
em casos assim, o time infrator
apenas perca os pontos que ganhou no jogo e o seu rival fique
com eles. Mas, segundo os advogados do Gama, como a CBF é
uma entidade privada, ela não
tem poder para alterar o CBDF.
Assim, se o TJD acatar a ação do
Gama, o Botafogo-RJ perderia
três pontos, e o Internacional,
dois. Nessa situação, o Botafogo-RJ seria rebaixado, e não o Gama.
Mas o Botafogo-RJ diz ter um
trunfo. O clube conseguiu uma liminar da Justiça comum validando a decisão do TJD.
Ela pode impedir que o TJD reavalie a questão. Os advogados do
clube carioca afirmam até que ela
anula a decisão da 6ª Vara de Fazenda da Justiça do DF mantendo
o Gama na seletiva e na Série A.
""Acho que eles não se informaram direito sobre nossa ação",
disse o advogado Paulo Goyaz, secretário-geral do PFL-DF e autor
da ação do Gama. ""A sentença
não tira ninguém, apenas nos inclui na seletiva e na Série A."
Segundo Goyaz, o que o PFL-DF obteve não foi uma liminar,
mas uma tutela antecipada, que
leva em conta o mérito da ação.
Assim, ele prevê que todo o processo será julgado na Justiça do
DF e não na do Rio de Janeiro.
O advogado entrou com uma
ação baseada no Código de Defesa do Consumidor.
A ação acusa CBF, TJD, São
Paulo, Botafogo-RJ, Internacional, Gama e o governo do Distrito
Federal de lesar os interesses dos
consumidores.
Segundo ela, existe uma relação
de consumo, por meio de um
contrato não-assinado, entre a
CBF, os clubes e os torcedores.
Por esse contrato, a CBF teria que
respeitar a legislação esportiva, o
que não teria feito.
O ponto central da ação é a alteração do artigo 301 do CBDF pela
CBF, que o juiz Jansen Vialho Almeida julgou ser ilegal.
Segundo Goyaz, a ação só beneficia o Gama, por enquanto.
Os torcedores do Atlético-PR,
por exemplo, poderiam entrar na
ação pedindo que o clube paranaense seja incluído na segunda
fase, no lugar do São Paulo.
Torcedores de outros clubes,
que se sentirem lesados pelo clima de incerteza que está sendo
criado, poderiam ir à Justiça também, na opinião do advogado.
Isso poderia produzir várias decisões que acabariam ou inchando o Brasileiro do próximo ano,
ou decidindo quem poderia continuar na Série A.
Mas o julgamento definitivo da
ação não deverá ter nenhuma influência no futebol brasileiro. Segundo Goyaz, um processo desse
tipo demora muitas vezes mais de
seis anos para ser concluído.
Por fim, Goyaz afirmou que está
preparando uma ação que pedirá
à Justiça que declare os tribunais
de Justiça esportiva entidades públicas.
Nesse caso, eles ficariam completamente fora do controle das
federações e confederações, o que
não acontece hoje.
Texto Anterior: Boxe: Lewis tem prazo para pagar a FIB Próximo Texto: Botafogo-SP também vai para tapetão Índice
|