UOL


São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Diferentemente de temporadas anteriores, atacante destacou-se mais em seu clube do que na seleção em 2003

Ronaldo quer ser hoje o Ronaldo do Real

DO ENVIADO A LIMA

Muitos gols, precisão nas finalizações e resistência. O atacante Ronaldo, 27, teve tudo isso em 2003, mas não na seleção.
Ao contrário de outras temporadas, quando brilhava no time nacional com mais força do que nos clubes (especialmente nos cinco anos que passou na Inter de Milão), o mais famoso jogador do país só mostrou o seu melhor no ano que está quase no fim com a camisa do Real Madrid.
Um imenso abismo separa o desempenho de Ronaldo na seleção brasileira e na equipe espanhola.
A começar por sua especialidade: os gols. Com a camisa amarela, o jogador, em 2003, marcou apenas uma vez em seis partidas, o que significa a pífia média de 0,17 gol por jogo. Já no Real Madrid, Ronaldo tem a ótima marca de 0,79 tento por duelo.
"Quero muito fazer o gol contra o Peru. Já estou há duas partidas [pela seleção] sem marcar. Não é muito tempo, mas para um atacante é sempre bom estar fazendo gols", diz Ronaldo, que no entanto não está em débito na seleção brasileira apenas na hora de balançar as redes.
Estatísticas do Datafolha e do Campeonato Espanhol deixam claro o descompasso de Ronaldo em 2003. Com a seleção, onde obteve o seu único gol na temporada na estréia das eliminatórias, contra a Colômbia, ele tem na temporada uma média de finalizações e precisão 30% menor do que no torneio espanhol.
Presente em mais de 90% dos jogos do Real Madrid em 2003, o atacante também apanha mais em campo longe da seleção (média de 1,7 falta por jogo, quase o dobro da registrada no time de Carlos Alberto Parreira).
Apesar da baixa produtividade do astro na sua equipe, o treinador da seleção é só elogios para Ronaldo. "Ele é um fora de série que pode fazer coisas incríveis", disse Parreira, que, no primeiro semestre, afirmou que Ronaldo ainda estava em débito com a camisa amarela na sua gestão.
No Real, Ronaldo não repetiu atitudes de outros anos, que irritavam companheiros e dirigentes dos times europeus. No Carnaval, por exemplo, ele ficou em Madri e não tomou um avião para o Rio, onde adora passar a mais tradicional festa popular brasileira.
Não é só dentro de campo que Ronaldo parece mais à vontade hoje na Espanha do que no Brasil. Sua separação conjugal e o consequente interesse da mídia brasileira pelo caso durante toda a semana o irritaram.
"Na Europa, você é mais respeitado. Somos tratados como artistas do futebol. Vamos ao nosso palco e damos nosso espetáculo. O tratamento no Brasil é diferente. Às vezes, não te respeitam. Falam um monte de besteira", queixou-se Ronaldo, que no Brasil ainda se depara com a situação legal de seus empresários, condenados à prisão pela Justiça.
Além de reclamar da curiosidade alheia por seus problemas particulares, Ronaldo passou a semana em Teresópolis falando sobre seus números na seleção.
A mais próxima de acontecer é a marca de 50 gols -falta apenas um tento para ele atingir o feito.
"A minha motivação aumentou depois que fiquei sabendo que vou chegar à marca dos 50 gols", disse o atleta, que também não gostou do tratamento dado às declarações em que ele questionava alguns dos gols marcados por Pelé na seleção. (PAULO COBOS)


Texto Anterior: Peru x Brasil: Seleção busca 100%, recorde e "gordura"
Próximo Texto: Na artilharia, seleção perde para lanternas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.