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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Unido Reino Unido

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine a Olimpíada de 2012 em Londres. Os Jogos voltam ao país que inventou o futebol como ele é visto hoje. Beleza, mas quem representaria o país-sede?
A questão é mais que complicada. Sempre quando se aproxima uma Olimpíada, a história da participação britânica no torneio de futebol volta à tona. Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales aceitariam representar o Reino Unido como acontece nas outras modalidades?
Por trás desse problema, aparentemente localizado, há vários interesses. A Fifa manda no futebol mundial, mas quem regulamenta o esporte ainda são as quatro federações britânicas, que não abrem mão de seu secular poder. Atuar nos Jogos como Grã-Bretanha poderia até ser bonito, mas contraproducente para os criadores da brincadeira.
Nas últimas semanas, Joseph Blatter, presidente da Fifa, acendeu de novo a questão ao especular maneiras para uma união, no campo, das federações britânicas. O pano de fundo foi a candidatura da capital inglesa a sede dos Jogos (essa aposta na imagem de Beckham, o que gerou críticas).
Desde o qualificatório para Munique-1972, a Grã-Bretanha não aparece no futebol. Na ocasião, alguns amadores representaram o Reino Unido, que aliás computa, oficialmente, os dois primeiros ouros da modalidade nos Jogos.
Blatter trabalha com a hipótese de um torneio entre as quatro federações para definir uma que atuasse pelo Reino Unido. Seria necessário que esse vencedor, porém, jogasse com o nome Grã-Bretanha. Barbara Cassani, responsável pela candidatura londrina, teria procurado o presidente da Fifa para discutir essa e outras possibilidades, mas talvez ela desconheça os reais anseios dos presidentes das associações britânicas (ela é americana).
Ingleses, escoceses, norte-irlandeses e galeses entendem de uma forma geral que a Fifa, que assumiu de vez o torneio olímpico no final do século passado, lucraria politicamente com a unificação britânica. A International Board, entidade que regulamenta o futebol, reúne anualmente quatro pessoas ligadas à Fifa com representantes de cada uma das quatro federações britânicas. Algo só é mudado no futebol se seis dessas oito pessoas votam a favor (leia-se os britânicos dão as cartas). Especula-se que a idéia na Fifa seria, a longo prazo, mudar essa situação. Uma federação do Reino Unido seria a solução para isso.
Se a fusão das quatro tradicionais seleções sub-23 parece pouco provável, imaginar Beckham e Giggs, por exemplo, jogando sob a mesma bandeira é ainda utopia.
No entanto outras questões recentes, essas financeiras, colocaram mais lenha na discussão. Celtic e Glasgow Rangers, os grandes da Escócia, demonstram interesse em jogar na Premier League (a liga inglesa vale dez vezes mais para a TV do que a liga escocesa).
Os ingleses, a princípio, aceitariam a ""Old Firm" (o derby escocês), mas não admitiriam a entrada direta dos vizinhos na divisão de elite. Seria um passo pequeno rumo ao Campeonato da Grã-Bretanha, mas um passo.
O reino ficará de fato unido?

Escócia-País de Gales
As duas seleções não são favoritas na repescagem para a Eurocopa, mas já fizeram mais bonito que a Irlanda (não me refiro aqui à do Norte) e podem se juntar à Inglaterra no torneio em Portugal.

Austrália-Nova Zelândia
Os neozelandeses querem regulamentar a participação de times do país no Campeonato Australiano. O Auckland Kingz já fez nome ao disputar a liga australiana, mas a autorização da Fifa para esse clube atuar no torneio do vizinho expira no final da temporada.

EUA-México
Depois de o Chivas namorar San Diego, agora o mexicano América quer atuar na liga americana. O time ficaria em San Jose ou Houston.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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