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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Variações no momento exato

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Como o Brasil jogou melhor contra a Colômbia do que contra o Equador, criou-se a teoria (há teorias demais no futebol) de que é melhor jogar fora do que em casa. O adversário teria de arriscar e deixaria mais espaços na defesa. Na verdade, a Colômbia não atacou nem defendeu bem.
Comenta-se muito que a seleção brasileira tem grande dificuldade diante de retrancas, como nos dois últimos jogos, contra Equador e Jamaica. Foram duas vitórias por 1 a 0. Não só o Brasil, mas qualquer equipe do mundo, em todas as épocas, têm problemas ao enfrentar defesas fechadas. É óbvio.
Não sei qual será a postura do Peru. Apesar de deixar mais espaços na defesa, tenho muito mais receio da equipe que procura o gol, pressiona e dificulta o Brasil tocar a bola no meio-campo e impor a sua técnica. Times que recuam demais e só se preocupam em defender, resistem, mas perdem. Uma das qualidades das equipes dirigidas pelo Parreira é se posicionar bem na defesa para receber o contra-ataque.
Se o Brasil não estiver bem no meio-campo e/ou no ataque, as substituições previstas são as do Alex no lugar do Kaká ou do Rivaldo e a do Juninho Pernambucano ou Renato no do Emerson.
Parreira é criticado por ser previsível. É melhor ser previsível do que confuso.
Outra boa alternativa para algumas ocasiões é a entrada do Luis Fabiano ao lado do Ronaldo. O time ficaria com um meia de ligação e dois típicos atacantes. Outra opção ainda mais ofensiva é jogar com dois volantes (sairia Zé Roberto ou Emerson), dois meias de ligação e dois atacantes (Luis Fabiano e Ronaldo).
É necessário criar variações, mas sem exagerar e no momento exato.

Estilos diferentes
Quem deveria ser o substituto do Ronaldinho Gaúcho? Kaká foi o escolhido. O jogador do Milan é mais agressivo, veloz, alto, forte e pode ainda evoluir muito. Alex está pronto. É mais tranquilo, inventivo e surpreendente. Os dois têm ótima técnica.
Kaká tenta mais jogadas individuais. Acerta e erra mais. Quando perde a bola, propicia o contra-ataque. No Milan, ele tem tocado mais a bola. Os técnicos italianos gostam do jogador que acerta muito e do que erra pouco.
Na maior parte de um jogo, Alex é apenas um bom meia ofensivo. Toca a bola e pouco dribla. Espera o momento certo para brilhar. Alex é um jogador de detalhes, de poucos, precisos, belos e decisivos lances. Diferentemente do Kaká, Alex não joga mal porque erra muito, e sim porque aparece pouco.
Por causa de sua velocidade, mobilidade e dribles largos, Kaká é melhor para jogar no contra-ataque e diante de equipes mais ofensivas. Nos dois primeiros jogos das eliminatórias, ele entrou no segundo tempo, quando os adversários estavam cansados e havia mais espaço na defesa. Isso facilitou a sua atuação.
Alex seria teoricamente superior contra defesas fechadas. Aí é melhor o toque curto, rápido e surpreendente. Fortes defesas cometem mais faltas, e Alex é mestre na bola parada.
Mas o que mais influiu na escalação do Kaká não foram os detalhes técnicos e táticos nem suas boas atuações nos dois primeiros jogos das eliminatórias. Foi o fato de ele jogar bem numa das principais equipes da Europa.
Por causa da saída dos melhores jogadores e da queda de qualidade do futebol que se pratica hoje no Brasil, há um conceito ou preconceito de que para se tornar definitivamente um fora de série o jogador tem de brilhar num dos grandes times da Europa. Kaká não atua melhor no Milan do que fazia no São Paulo. Mas agora ele é um craque do mundo.
Kaká e Alex são craques diferentes. Não sei quem é o melhor. Os dois formariam uma ótima dupla.

Decisão para Rivaldo
Mesmo sem jogar pelo Milan, Rivaldo deveria ser titular da seleção?
A explicação do Parreira é lógica e objetiva: Rivaldo não atua no Milan porque o técnico não quer e não porque está decadente. Há pouco mais de um ano, ele foi sensacional na Copa do Mundo.
Mas, se o Brasil não for bem nessas duas partidas, Rivaldo jogar mal e não voltar a brilhar no Milan até março, quando haverá mais uma partida da seleção, Parreira não terá argumentos para mantê-lo com tantos craques na reserva.

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