São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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auto-ajuda

Brasil recorre a estímulo interno para buscar o bi

Sem ajuda de psicólogo, time estréia amanhã no Mundial do Japão, visto pelos jogadores como seu mais difícil teste

Cuba será o primeiro adversário da equipe, que soma 14 títulos e dois vices desde que Bernardinho assumiu o cargo em 2001


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até agora, tudo era novidade. A equipe surpreendeu a todos e conquistou o título inédito. Depois, devolveu o país ao topo do pódio após jejum de 12 anos.
O Mundial de 2002 e a Olimpíada de Atenas, em 2004, fizeram do Brasil o melhor time de vôlei do mundo, o principal alvo de todas as seleções.
A partir de amanhã, no Japão, a posição de caça será ainda mais evidente e incômoda.
Para os jogadores brasileiros, ratificar o título será missão bem mais complicada do que a enfrentada quando atingiram o feito inédito há quatro anos.
E, para Bernardinho, isso é suficiente para empurrar o grupo. Adepto de técnicas de motivação, o técnico não repetirá no Japão a experiência de 2002.
Naquele Mundial, ele contou com ajuda de um psicólogo, e os atletas fizeram rituais como preencher partes de uma mandala a cada jogo para unir e motivar ainda mais o time.
"A motivação é um processo do dia-a-dia, e os jogadores é que precisam encontrar suas razões, seja pela paixão de estar fazendo o que gostam, seja pela necessidade de continuar realizando", diz o técnico. "Sabemos que neste momento somos o time a ser batido."
Os próprios atletas dão sinais de que preferem não ter interferências externas ao grupo.
"A gente não gosta muito dessa coisa [uso de psicólogos]. Nunca pedimos. Em 2002, o Bernardo teve ajuda de uma pessoa, mas foi coisa passageira. Nossa motivação é ganhar o Mundial", afirma Ricardinho.
A vontade de conquistar o segundo título do país, no entanto, é cada vez mais acompanhada de cobrança. O favoritismo faz os jogadores da seleção classificarem este Mundial como seu mais difícil teste. A estréia será na madrugada de amanhã, às 3h, contra Cuba (com TV).
"Confirmar o título é bem mais complicado. Hoje sofremos uma pressão que não existia em 2002", diz Gustavo.
"Temos uma responsabilidade maior", completa o meio-de-rede, que esteve na campanha vitoriosa na Argentina e no fracasso de 1998, quando a equipe ficou em quarto lugar.
Na última edição do Mundial, o Brasil carregava na bagagem só o título da Liga Mundial de 2001. Desde então, só não chegou à final dos Jogos Pan-Americanos-2003 -foi bronze. Soma 14 títulos e duas pratas.
No fim de 2005, Bernardinho se reuniu com os jogadores e propôs um pacto: queria dedicação total à seleção até a Olimpíada de Pequim-2008.
"Não é simples chegar a um campeão olímpico e falar que ele tem que se dedicar mais ainda", disse o treinador à época.
A proposta, porém, parece ter sido aceita. Após a conversa, o time venceu a Copa do Campeões, título inédito para essa geração. No meio deste ano, levou o hexa da Liga Mundial.
"Eu sempre falo para os jogadores irem para os quartos e pensarem se estão fazendo o máximo. É o que eu faço. Só se fizermos mais do que todo mundo vamos ter a chance de ganhar", diz Ricardinho.
Para o assistente técnico Ricardo Tabach, no entanto, não foram só as conquistas e ambições que fizeram o time aceitar a proposta de Bernardinho.
A passagem dos anos e as mudanças nas vidas particulares transformaram o grupo.
"O fato de eles serem pais de família, de terem essa responsabilidade aflorada, reflete-se no treinamento. Eles têm mais consciência da importância de ir para esse campeonato."
NA TV - Brasil x Cuba Globo e Sportv, às 3h de amanhã


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