São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Lugano espera torcida a seu favor no Morumbi

Para zagueiro do Fenerbahce, são-paulinos vão apoiá-lo no jogo contra o Brasil

Ídolo tricolor diz entender as dificuldades de Vágner Love no ataque e fala que é uma pena Rogério Ceni não estar na equipe do técnico Dunga

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O zagueiro Diego Lugano, 27, líder da seleção uruguaia, tem compromisso marcado no Morumbi, na quarta-feira. Encara o Brasil pelas eliminatórias no estádio em que mais brilhou e que certamente terá muitos torcedores que o idolatram. O jogador do Fenerbahce disse à Folha que os são-paulinos torcerão por ele e que alguns até irão apoiar o Uruguai. Integrantes do fã-clube de Lugano no Brasil já dizem em site que irão ao Morumbi na geral amarela, local da torcida visitante.

 

FOLHA - Como será voltar ao Morumbi, agora como visitante?
LUGANO -
Para mim, lógico, será muito especial voltar ao Brasil e ao Morumbi. Já estou pensando muito no jogo pelo que significa. No Morumbi, eu tive os melhores momentos da minha carreira. É muita emoção guardada por mim para o momento que eu voltar ao campo.

FOLHA - Como acha que os torcedores são-paulinos vão tratá-lo?
LUGANO -
Tenho uma identificação especial com a torcida são-paulina. Vai muito além do que é normal. Tenho contato com o pessoal do São Paulo, e sempre falam que torcem por mim. Todo mundo ficou triste na Copa América quando eu perdi o pênalti contra o Brasil [na semifinal]. Acho que todo são-paulino que vai ao Morumbi torcerá para que eu faça um grande jogo, e os mais ousados irão torcer para nós [Uruguai]. Muitos têm falado isso. Custo a acreditar, mas é algo que me enche muito de orgulho. Minha relação com a torcida são-paulina supera todos os limites.

FOLHA - O que acha de Rogério Ceni não estar na seleção brasileira?
LUGANO -
O Rogério, todo mundo sabe, é disparado o maior goleiro do Brasil. E do mundo. Faz muito tempo, não é de agora. Não sei quais são os motivos para ele não estar na seleção, se são motivos técnicos. Mas o treinador do Brasil deve ter suas razões. Ninguém duvida no ambiente do futebol de que o Rogério é o goleiro mais completo do Brasil e, talvez, um dos maiores da história do futebol do país. É pena para ele e para o Brasil não ter essa figura no gol da seleção.

FOLHA - Você sempre elogiou Ronaldo. É mais fácil para um zagueiro marcar o ataque do Brasil sem ele?
LUGANO -
O Ronaldo é um dos jogadores mais importantes da história do futebol mundial. Então não é fácil para o jogador que entra na vaga dele, não é fácil suprir esse cara. Acho que o Vágner Love está sofrendo um pouco com o fato de substituir um fenômeno. Não é fácil para o Vágner Love ganhar rapidamente a simpatia do torcedor. Já o enfrentei na Copa América, na Champions League. É um cara que tem muito mérito, joga um grande futebol e é um atacante que dá trabalho, completo. Aos poucos, ganhará seu lugar e o respeito de todos.

FOLHA - O Uruguai tem esquema ofensivo, com três atacantes. A defesa não fica muito exposta?
LUGANO -
Essa é uma característica que Tabárez [Oscar, o técnico] quer para seu time. Quer que o Uruguai volte a ter um time muito ofensivo. Na Copa América, no primeiro jogo, sofremos muito com isso, porque não conseguimos criar chances de gol, e o Peru praticamente nos liquidou nos contragolpes [0 a 3]. Depois, o time foi se encontrando, levantou muito seu nível. Nas eliminatórias, contra a Bolívia, fizemos um grande jogo [5 a 0] e, contra o Paraguai, em um campo sempre difícil, foi um jogo equilibrado. Perder do Paraguai [0 a 1] fora não é nenhum demérito.

FOLHA - Seu filho maior ainda é palmeirense e torce pelo Brasil? Na Turquia, ele torce por seu time?
LUGANO -
O Nicolás está mais entrosado com o pai. Ele me cobra direto, mas ao menos torce pelo meu time. Tenho falado o que pode e o que não pode. Está maior [sete anos] e entendendo. No Brasil x Uruguai, fica um pouco mais difícil. Ele tem família uruguaia, mas praticamente se criou no Brasil, tem muitos amigos aí e há uma menina que trabalha conosco que é brasileira. Temos contato com os brasileiros do Fenerbahce, e o coração fica dividido. Mas ele já virou são-paulino. Os resultados foram mais fortes.

FOLHA - Falam que você poderia deixar o Fenerbahce e ir para a Juventus, para o Atlético de Madri...
LUGANO -
Estão falando isso, mas o jogador fica sabendo só dos comentários pela imprensa. Fico feliz de ver meu nome citado em grandes times. Acho que estou mantendo bom nível aqui [Turquia]. Não sei o que tem de verdade [nos rumores], mas são objetivos para algum tempo. Quero seguir avançando no futebol, dar um outro passo. Itália, Espanha e Inglaterra são os países mais bonitos para se jogar. Mas tenho consciência de que estou em um clube espetacular. Na América, as pessoas não têm a real dimensão do que significa o Fenerbahce como instituição. Estou muito feliz por atuar aqui.


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