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Lugano espera torcida a seu favor no Morumbi
Para zagueiro do Fenerbahce, são-paulinos vão apoiá-lo no jogo contra o Brasil
Ídolo tricolor diz entender as dificuldades de Vágner Love no ataque e fala que é uma pena Rogério Ceni não estar na equipe do técnico Dunga
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O zagueiro Diego Lugano, 27,
líder da seleção uruguaia, tem
compromisso marcado no Morumbi, na quarta-feira. Encara
o Brasil pelas eliminatórias no
estádio em que mais brilhou e
que certamente terá muitos
torcedores que o idolatram.
O jogador do Fenerbahce disse à Folha que os são-paulinos
torcerão por ele e que alguns
até irão apoiar o Uruguai. Integrantes do fã-clube de Lugano
no Brasil já dizem em site que
irão ao Morumbi na geral amarela, local da torcida visitante.
FOLHA - Como será voltar ao Morumbi, agora como visitante?
LUGANO - Para mim, lógico, será muito especial voltar ao Brasil e ao Morumbi. Já estou pensando muito no jogo pelo que
significa. No Morumbi, eu tive
os melhores momentos da minha carreira. É muita emoção
guardada por mim para o momento que eu voltar ao campo.
FOLHA - Como acha que os torcedores são-paulinos vão tratá-lo?
LUGANO - Tenho uma identificação especial com a torcida
são-paulina. Vai muito além do
que é normal. Tenho contato
com o pessoal do São Paulo, e
sempre falam que torcem por
mim. Todo mundo ficou triste
na Copa América quando eu
perdi o pênalti contra o Brasil
[na semifinal]. Acho que todo
são-paulino que vai ao Morumbi torcerá para que eu faça um
grande jogo, e os mais ousados
irão torcer para nós [Uruguai].
Muitos têm falado isso. Custo a
acreditar, mas é algo que me
enche muito de orgulho. Minha
relação com a torcida são-paulina supera todos os limites.
FOLHA - O que acha de Rogério Ceni não estar na seleção brasileira?
LUGANO - O Rogério, todo
mundo sabe, é disparado o
maior goleiro do Brasil. E do
mundo. Faz muito tempo, não é
de agora. Não sei quais são os
motivos para ele não estar na
seleção, se são motivos técnicos. Mas o treinador do Brasil
deve ter suas razões. Ninguém
duvida no ambiente do futebol
de que o Rogério é o goleiro
mais completo do Brasil e, talvez, um dos maiores da história
do futebol do país. É pena para
ele e para o Brasil não ter essa
figura no gol da seleção.
FOLHA - Você sempre elogiou Ronaldo. É mais fácil para um zagueiro
marcar o ataque do Brasil sem ele?
LUGANO - O Ronaldo é um dos
jogadores mais importantes da
história do futebol mundial.
Então não é fácil para o jogador
que entra na vaga dele, não é fácil suprir esse cara. Acho que o
Vágner Love está sofrendo um
pouco com o fato de substituir
um fenômeno. Não é fácil para
o Vágner Love ganhar rapidamente a simpatia do torcedor.
Já o enfrentei na Copa América, na Champions League. É
um cara que tem muito mérito,
joga um grande futebol e é um
atacante que dá trabalho, completo. Aos poucos, ganhará seu
lugar e o respeito de todos.
FOLHA - O Uruguai tem esquema
ofensivo, com três atacantes. A defesa não fica muito exposta?
LUGANO - Essa é uma característica que Tabárez [Oscar, o
técnico] quer para seu time.
Quer que o Uruguai volte a ter
um time muito ofensivo. Na
Copa América, no primeiro jogo, sofremos muito com isso,
porque não conseguimos criar
chances de gol, e o Peru praticamente nos liquidou nos contragolpes [0 a 3]. Depois, o time foi
se encontrando, levantou muito seu nível. Nas eliminatórias,
contra a Bolívia, fizemos um
grande jogo [5 a 0] e, contra o
Paraguai, em um campo sempre difícil, foi um jogo equilibrado. Perder do Paraguai [0 a
1] fora não é nenhum demérito.
FOLHA - Seu filho maior ainda é
palmeirense e torce pelo Brasil? Na
Turquia, ele torce por seu time?
LUGANO - O Nicolás está mais
entrosado com o pai. Ele me cobra direto, mas ao menos torce
pelo meu time. Tenho falado o
que pode e o que não pode. Está
maior [sete anos] e entendendo. No Brasil x Uruguai, fica um
pouco mais difícil. Ele tem família uruguaia, mas praticamente se criou no Brasil, tem
muitos amigos aí e há uma menina que trabalha conosco que
é brasileira. Temos contato
com os brasileiros do Fenerbahce, e o coração fica dividido.
Mas ele já virou são-paulino. Os
resultados foram mais fortes.
FOLHA - Falam que você poderia
deixar o Fenerbahce e ir para a Juventus, para o Atlético de Madri...
LUGANO - Estão falando isso,
mas o jogador fica sabendo só
dos comentários pela imprensa. Fico feliz de ver meu nome
citado em grandes times. Acho
que estou mantendo bom nível
aqui [Turquia]. Não sei o que
tem de verdade [nos rumores],
mas são objetivos para algum
tempo. Quero seguir avançando no futebol, dar um outro
passo. Itália, Espanha e Inglaterra são os países mais bonitos
para se jogar. Mas tenho consciência de que estou em um
clube espetacular. Na América,
as pessoas não têm a real dimensão do que significa o Fenerbahce como instituição. Estou muito feliz por atuar aqui.
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