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Corinthians quer cortar R$ 55 mi
Meta é levar equipe à realidade pré-MSI e reduzir os gastos de R$ 119 milhões para R$ 65 milhões
Clube, que tem prejuízo de
R$ 189 por minuto e dívida
que pode chegar a R$ 100 milhões, fará intercâmbio
de gestão com o Barcelona
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Corinthians de 2008 quer
voltar a ser como o Corinthians
de 2003, ou seja, quer apagar a
passagem nefasta da MSI pelo
menos no que diz respeito a
seus registros financeiros.
"A nossa meta é levar o Corinthians à realidade de 2003,
pré-MSI", diz o vice financeiro
do clube, Raul Corrêa da Silva,
que anunciou anteontem um
intercâmbio administrativo e
financeiro com o Barcelona.
Ná prática, isso significa que
o clube deve reduzir suas despesas em R$ 55 milhões para ficar em situação equilibrada.
Segundo análise do clube, o
gasto anual deve girar em torno
de R$ 65 milhões, como era no
período antes do início da parceria com o fundo presidido
por Kia Joorabchian, que começou no final de 2004.
Naquela época, porém, o clube acumulava dívidas de R$ 60
milhões, o que ajudou a empurrar os corintianos para o dinheiro farto da MSI.
Nos dois anos de funcionamento pleno do acordo, o clube
registrou crescimento anormal
de seus gastos. Apesar de aumentar, no período, as receitas
em 39%, as despesas, feitas de
forma descentralizada, subiram 88% entre 2005 e 2006.
Gastos com funcionários
cresceram 32%, honorários
profissionais, 85%, despesas
com telefone, 188%, custos com
viagens e estadia, 175%, aluguéis, 216%, e serviços relacionados ao futebol, 130%.
Só em disputas judiciais em
que se envolveu a administração da época o clube teve de pagar R$ 18,5 milhões.
Análise de variação patrimonial feita por comissão do clube
mostra que o déficit passou de
R$ 5,2 milhões para R$ 71,4 milhões, entre 2004 e 2006.
Levando-se em conta os 730
dias de mandato, a perda patrimonial diária do Corinthians
saltou de R$ 48,2 mil em 2003
para R$ 90,6 mil em 2006.
Quando o vice de finanças diz
que o clube "sangra", não está
exagerando. O relatório, no período da parceria, mostrou ainda que o prejuízo corintiano,
por minuto, ao longo do ano
passado, foi de R$ 188,85.
Em 2006, os gastos do clube
atingiram seu maior nível na
história, contabilizando a cifra
de R$ 119 milhões.
A gastança gerou déficit que
pode chegar a R$ 100 milhões.
O clube aponta como razões
para isso a falta de recolhimento de impostos retidos, que, em
dezembro do ano passado, estava em R$ 14 milhões. E também a ausência de controle na
compra de produtos e serviços
de todos os departamentos, que
negociavam de forma autônoma e sem cotação de preços.
Somado a isso, o clube listou
despesas não necessárias, como pagamentos de indenizações a funcionários, horas extras, processos judiciais, multas administrativas, fornecedores, IPTU em atraso, que somaram quase R$ 20 milhões.
No processo de reestruturação, além de alterações estatutárias que irão impor maior
controle nas despesas, o clube
espera tomar lições de saneamento financeiro com os dirigentes do Barcelona.
O vice financeiro do clube catalão, Ferran Soriano, o diretor
financeiro, Francisco López, e
o diretor administrativo, Albert
Perrín, farão palestras, na próxima quinta-feira, aos responsáveis pelos principais departamentos corintianos. A idéia é
mostrar como o Barcelona superou uma das piores crises de
sua história no início da década.
"Será uma ótima oportunidade de trocarmos informações sobre gestão profissional",
afirmou o presidente do Corinthians, Andrés Sanches.
Segundo Corrêa da Silva,
uma das propostas para reduzir
despesas é pedir carência para
o pagamento das dívidas, como
fizeram os espanhóis.
"Utilizando os mesmos padrões internacionais de gestão
do Barcelona, o Corinthians irá
adaptar esse projeto para a realidade do futebol brasileiro,
buscando reequilibrar as contas", explicou o vice financeiro.
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