São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Corinthians quer cortar R$ 55 mi

Meta é levar equipe à realidade pré-MSI e reduzir os gastos de R$ 119 milhões para R$ 65 milhões

Clube, que tem prejuízo de R$ 189 por minuto e dívida que pode chegar a R$ 100 milhões, fará intercâmbio de gestão com o Barcelona


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians de 2008 quer voltar a ser como o Corinthians de 2003, ou seja, quer apagar a passagem nefasta da MSI pelo menos no que diz respeito a seus registros financeiros.
"A nossa meta é levar o Corinthians à realidade de 2003, pré-MSI", diz o vice financeiro do clube, Raul Corrêa da Silva, que anunciou anteontem um intercâmbio administrativo e financeiro com o Barcelona.
Ná prática, isso significa que o clube deve reduzir suas despesas em R$ 55 milhões para ficar em situação equilibrada.
Segundo análise do clube, o gasto anual deve girar em torno de R$ 65 milhões, como era no período antes do início da parceria com o fundo presidido por Kia Joorabchian, que começou no final de 2004.
Naquela época, porém, o clube acumulava dívidas de R$ 60 milhões, o que ajudou a empurrar os corintianos para o dinheiro farto da MSI.
Nos dois anos de funcionamento pleno do acordo, o clube registrou crescimento anormal de seus gastos. Apesar de aumentar, no período, as receitas em 39%, as despesas, feitas de forma descentralizada, subiram 88% entre 2005 e 2006.
Gastos com funcionários cresceram 32%, honorários profissionais, 85%, despesas com telefone, 188%, custos com viagens e estadia, 175%, aluguéis, 216%, e serviços relacionados ao futebol, 130%.
Só em disputas judiciais em que se envolveu a administração da época o clube teve de pagar R$ 18,5 milhões.
Análise de variação patrimonial feita por comissão do clube mostra que o déficit passou de R$ 5,2 milhões para R$ 71,4 milhões, entre 2004 e 2006.
Levando-se em conta os 730 dias de mandato, a perda patrimonial diária do Corinthians saltou de R$ 48,2 mil em 2003 para R$ 90,6 mil em 2006.
Quando o vice de finanças diz que o clube "sangra", não está exagerando. O relatório, no período da parceria, mostrou ainda que o prejuízo corintiano, por minuto, ao longo do ano passado, foi de R$ 188,85.
Em 2006, os gastos do clube atingiram seu maior nível na história, contabilizando a cifra de R$ 119 milhões.
A gastança gerou déficit que pode chegar a R$ 100 milhões. O clube aponta como razões para isso a falta de recolhimento de impostos retidos, que, em dezembro do ano passado, estava em R$ 14 milhões. E também a ausência de controle na compra de produtos e serviços de todos os departamentos, que negociavam de forma autônoma e sem cotação de preços.
Somado a isso, o clube listou despesas não necessárias, como pagamentos de indenizações a funcionários, horas extras, processos judiciais, multas administrativas, fornecedores, IPTU em atraso, que somaram quase R$ 20 milhões.
No processo de reestruturação, além de alterações estatutárias que irão impor maior controle nas despesas, o clube espera tomar lições de saneamento financeiro com os dirigentes do Barcelona.
O vice financeiro do clube catalão, Ferran Soriano, o diretor financeiro, Francisco López, e o diretor administrativo, Albert Perrín, farão palestras, na próxima quinta-feira, aos responsáveis pelos principais departamentos corintianos. A idéia é mostrar como o Barcelona superou uma das piores crises de sua história no início da década.
"Será uma ótima oportunidade de trocarmos informações sobre gestão profissional", afirmou o presidente do Corinthians, Andrés Sanches.
Segundo Corrêa da Silva, uma das propostas para reduzir despesas é pedir carência para o pagamento das dívidas, como fizeram os espanhóis.
"Utilizando os mesmos padrões internacionais de gestão do Barcelona, o Corinthians irá adaptar esse projeto para a realidade do futebol brasileiro, buscando reequilibrar as contas", explicou o vice financeiro.


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