São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Diego vai para tudo ou nada na Copa

Na busca pelo bi no solo, ginasta tenta, mesmo com medo, executar movimento que quebrou seu pé quatro meses atrás

Favorito e receoso, atleta precisa só acertar série para eternizar nome no código de pontuação e entrar de vez para a história da ginástica

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Diego Hypólito treina no Ibirapuera para a disputa do solo


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano e oito meses após se contundir no Ibirapuera, Diego Hypólito volta ao mesmo ginásio para buscar o bi na finalíssima da Copa do Mundo, inaugurar uma torcida particular e entrar definitivamente para a história da ginástica artística.
Favorito na prova de solo, na qual defende o título obtido em Birmingham-04, Diego estreará hoje o Hypólito, movimento inédito que leva seu nome e que consiste num duplo twist carpado (que consagrou Daiane dos Santos) com uma pirueta.
"Tentar explicar o movimento é difícil. É só ver mesmo. E, mesmo assim, é difícil, porque é muito rápido", diz o ginasta, 20, que treina o novo elemento há cerca de dois anos e o executa em menos de cinco segundos.
"Nos treinos, ele faz perfeito. Mas precisa ver no tablado, que é diferente. Aqui o solo fica a 80 cm do chão, dificulta cravar o movimento. No treino, não", diz Renato Araújo, que treina Diego desde os oito anos e usa até numerologia para desvendar os destinos do pupilo. "Mas é segredo. Fica entre a gente."
Caso acerte o Hypólito, o maior ginasta brasileiro, dono de ouro e prata em Mundiais, terá o sobrenome inscrito no código de pontuação, assim como Daiane e o seu Dos Santos.
"Quero fazer história. Mas estou com medo. Primeiro, porque sempre acerto no treino, então não sei qual é a margem de erro, o que é preciso melhorar. Segundo, porque é uma disputa sem classificatória, ou seja, se errar, eu perco."
Na única vez em que usou o Hypólito em torneios oficiais, no Brasileiro de Goiânia, em agosto deste ano, Diego acabou fraturando o pé esquerdo.
Apesar de não guardar receio de se contundir, mesmo sendo forçado a usar bota de esparadrapo por segurança -resquício da lesão no Brasileiro-, Diego revela que sentirá um "inevitável" frio na barriga. Ainda mais sabendo que na arquibancada estará sua namorada, Luciana Hemaiz, que, pela primeira vez em sete meses de namoro, irá ver o amado.
Mesmo sem encarar o rival romeno Marian Dragulescu, que desfalca a prova por causa de uma lesão na panturrilha, Diego afirma que o favoritismo só aumenta a pressão.
"Queria que ele estivesse na decisão, pois valorizaria mais a conquista. Eu vou para o tudo ou nada. Abrirei com o Hypólito [na primeira das cinco passadas da série], diante da torcida brasileira. Para piorar, eu serei o primeiro a atuar. O desafio é enorme."
Segundo ele, grandes decisões aguçam suas superstições.
"Há a coisa do sono, que não consigo dormir bem antes de uma final. Sem contar que eu não piso em linhas em dia de decisão, nem olho para o chão. Essas coisas acontecem direto, mas eu não gosto muito."
Manias à parte, o ginasta irá encarar adversários que prometem dificultar as coisas, em especial os canadenses Brandon O'Neill, vice-campeão mundial, e Kyle Shewfelt, campeão olímpico.
"Se o Diego acertar, ganha fácil. Se bobear, os caras vêm para cima", comenta Araújo.
E os desafios de Diego não acabam hoje, já que amanhã ele compete na decisão do salto.

NA TV - Finalíssima da Copa
Band, ao vivo, às 17h



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