São Paulo, Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000


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BOXE
Brasileiro, que pela primeira vez na carreira sofreu uma queda, ficou sem comer na véspera do combate
Popó admite falha em sua preparação

FÁBIO ZANINI
enviado especial a Doncaster

Depois de dois dias de sufoco, em que quase deixou escapar seu título de campeão dos superpenas da OMB (Organização Mundial de Boxe), o pugilista brasileiro Acelino Freitas, 24, o Popó, promete "criar mais juízo".
A OMB é a quarta entidade em ordem de importância a controlar o boxe, embora conte com alguns campeões ""de nome", como o pena britânico Naseem Hamed.
Os problemas de Popó começaram na sexta-feira, quando ele literalmente precisou suar para perder 80 gramas às pressas e conseguir ser aprovado na pesagem oficial que antecedeu sua luta contra o desafiante britânico Barry Jones, 25, anteontem, em Doncaster, na Inglaterra.
Caso não se enquadrasse no limite da categoria, ele poderia perder automaticamente o título.
No dia seguinte, uma perda momentânea de concentração no início do combate o levou ao chão pela primeira vez em sua carreira, que, depois da vitória sobre Jones, soma agora 24 lutas, todas ganhas por nocaute.
Apesar de ser o primeiro do ranking da OMB, Jones era considerado o azarão, pois subiu ao ringue tendo aplicado somente um nocaute em 19 lutas disputadas e havia participado de apenas uma apresentação nos últimos três anos (uma vitória por pontos em seis assaltos no ano passado).
"Preciso ser mais responsável. Minhas lutas agora começarão a ficar cada vez mais difíceis e, se quiser continuar vencendo, preciso mudar algumas coisas. Botei isso na cabeça", garantiu Popó após o combate contra Jones.
A preocupação mais imediata do pugilista e de sua equipe é com relação ao peso. Ele mesmo admite ser um tanto indisciplinado quanto à alimentação, o que o leva a ultra passar com frequência o peso máximo permitido pela sua categoria, 58,9 kg.
Faltando 13 dias para o combate contra Jones, Popó estava cinco quilos acima do limite.
O resultado é que, nos dias que antecedem as lutas, Popó precisa perder peso rapidamente.
"São dias de desgaste físico muito grande, pois fico sem comer praticamente nada. Pior que isso é a preocupação, a dúvida de ser aprovado no exame de peso ou não", lamenta-se o lutador.
O pugilista também promete se concentrar melhor antes de viagens internacionais. "Estas viagens são muito estressantes. Preciso começar a me concentrar mais antes de cada uma delas."
A equipe que cuida carreira e da preparação de Popó tem o objetivo de levá-lo para treinar em Los Angeles (EUA), onde o mexicano Ricardo Maldonado, promotor do brasileiro, tem uma academia.
Isso poderia dar ao pugilista mais condições de se adaptar ao ambiente de lutas internacionais.
A queda de Popó no primeiro assalto da luta anteontem, ao levar um golpe de Jones, foi, segundo ele, "uma lição".
"Sempre me diziam que cair no começo da luta faz parte da carreira do boxeador, mas você só entende isso quando acontece. Eu levei um susto na hora em que caí, não estava preparado para um começo de luta tão forte", diz Popó.
Foi naquele momento, em que ouviu o juiz abrir a contagem, que o brasileiro conseguiu retomar a concentração. "Felizmente, consegui me recuperar do susto e acabei derrubando o Jones seis vezes durante a luta. Mas foi um momento difícil", conta.
Os promotores das lutas do brasileiro pretendem agora organizar três ou quatro combates preparatórios neste ano, que culminariam em uma luta de unificação do título mundial dos superpenas no início de 2001.
Em breve devem ser iniciadas negociações para que Popó lute contra o campeão pelo Conselho Mundial de Boxe, o norte-americano Floyd Mayweather, empresariado por Bob Arum.
O norte-americano também gerencia a carreira do ""chicano" Diego ""Chico" Corrales, dono do cinturão da FIB (Federação Internacional de Boxe).
Ambos vão colocar os cinturões em jogo, na mesma programação, a ser realizada em março, em Las Vegas, nos EUA.


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