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FUTEBOL
Técnico admite que adversário substituiu melhor e pode cair amanhã
Ameaçado, Ricardo Gomes assume a responsabilidade
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A VIÑA DEL MAR
Após mais de um ano de tranquilidade à frente da seleção sub-23, o técnico Ricardo Gomes experimenta agora o "olho do furacão". Após o empate de 1 a 1 anteontem contra o Chile, que mandou o time nacional para a repescagem do Pré-Olímpico, o treinador é contestado como nunca fora, e seu cargo está ameaçado.
Se a seleção for eliminada amanhã na repescagem (o rival seria
definido após o fechamento desta
edição), o sonho do inédito ouro
ruirá antes mesmo de Atenas
-desde 92, o Brasil não deixa de
disputar o torneio olímpico de futebol. Como o time sub-23 existe
em razão dos Jogos, Ricardo Gomes, criticado pelo presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, sobraria.
"Analisando nossa campanha,
diria que ficamos devendo em um
tempo contra a Venezuela. O jogo
contra o Uruguai [1 a 1] não serve
como referência", disse o treinador, que atribuiu o amargo empate com a limitada seleção uruguaia ao cansaço dos jogadores.
Ricardo Gomes procurou não
mostrar abatimento pelo segundo
lugar do Grupo A, mas admitiu
que o grupo sentiu o golpe. "Os
jogadores estão muito tristes, mas
confiantes. Não é a repescagem
que vai nos abater. Tenho certeza
de que vamos nos classificar. Pena
termos perdido dois jogadores
importantes [Diego e Fábio Rochemback, suspensos]."
A equipe nacional não está rendendo bem ofensivamente. Os laterais raramente conseguem
apoiar com sucesso, especialmente Maxwell pela esquerda. A opção por Dagoberto como principal atacante está sendo um fiasco,
tanto que o baixo jogador marcou
só um gol no torneio -o jogador
saiu contundido de campo e é dúvida para o jogo de amanhã.
"O Dagoberto não esteve bem
nos outros jogos, mas acho que
fez boa partida contra o Chile",
disse o treinador, que não levou
reservas de ofício para as laterais e
optou por jogadores de ataque de
baixa estatura e pouco poder de
finalização, como Robinho.
Coisa rara entre os treinadores
de futebol, Ricardo Gomes admitiu que as substituições do técnico
rival foram melhores que as suas e
que isso resultou na classificação
chilena direto à fase final.
"Começamos o jogo contra o
Chile de forma magnífica, mas o
técnico deles [Juvenal Olmos] fez
trocas que equilibraram o jogo."
Olmos ousou ao fazer três substituições ainda na primeira etapa.
"O gol deles foi de bola parada.
O nosso também, mas criamos
mais chances", disse Ricardo Gomes, sem falar que o rival atuou
com um jogador a menos durante
quase a metade do segundo tempo -perdeu um atleta por expulsão- e que, nos minutos finais,
tinha quase só nove homens em
boas condições -Riffo, lesionado, só fazia número em campo
pois não podia ser substituído.
Após o frustrante jogo contra o
Uruguai, Ricardo Gomes já assumia a responsabilidade pelo baixo
rendimento da equipe. "Um técnico tem várias opções e é responsável quando não escala bem o time. Quando mexe e as substituições não surtem efeito, também."
O time chegaria ontem à noite a
Viña del Mar, onde espera disputar os últimos jogos do quadrangular final do torneio (a repescagem e a primeira partida do quadrangular serão em Valparaíso).
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