São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Técnico admite que adversário substituiu melhor e pode cair amanhã

Ameaçado, Ricardo Gomes assume a responsabilidade

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A VIÑA DEL MAR

Após mais de um ano de tranquilidade à frente da seleção sub-23, o técnico Ricardo Gomes experimenta agora o "olho do furacão". Após o empate de 1 a 1 anteontem contra o Chile, que mandou o time nacional para a repescagem do Pré-Olímpico, o treinador é contestado como nunca fora, e seu cargo está ameaçado.
Se a seleção for eliminada amanhã na repescagem (o rival seria definido após o fechamento desta edição), o sonho do inédito ouro ruirá antes mesmo de Atenas -desde 92, o Brasil não deixa de disputar o torneio olímpico de futebol. Como o time sub-23 existe em razão dos Jogos, Ricardo Gomes, criticado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sobraria.
"Analisando nossa campanha, diria que ficamos devendo em um tempo contra a Venezuela. O jogo contra o Uruguai [1 a 1] não serve como referência", disse o treinador, que atribuiu o amargo empate com a limitada seleção uruguaia ao cansaço dos jogadores.
Ricardo Gomes procurou não mostrar abatimento pelo segundo lugar do Grupo A, mas admitiu que o grupo sentiu o golpe. "Os jogadores estão muito tristes, mas confiantes. Não é a repescagem que vai nos abater. Tenho certeza de que vamos nos classificar. Pena termos perdido dois jogadores importantes [Diego e Fábio Rochemback, suspensos]."
A equipe nacional não está rendendo bem ofensivamente. Os laterais raramente conseguem apoiar com sucesso, especialmente Maxwell pela esquerda. A opção por Dagoberto como principal atacante está sendo um fiasco, tanto que o baixo jogador marcou só um gol no torneio -o jogador saiu contundido de campo e é dúvida para o jogo de amanhã.
"O Dagoberto não esteve bem nos outros jogos, mas acho que fez boa partida contra o Chile", disse o treinador, que não levou reservas de ofício para as laterais e optou por jogadores de ataque de baixa estatura e pouco poder de finalização, como Robinho.
Coisa rara entre os treinadores de futebol, Ricardo Gomes admitiu que as substituições do técnico rival foram melhores que as suas e que isso resultou na classificação chilena direto à fase final.
"Começamos o jogo contra o Chile de forma magnífica, mas o técnico deles [Juvenal Olmos] fez trocas que equilibraram o jogo." Olmos ousou ao fazer três substituições ainda na primeira etapa.
"O gol deles foi de bola parada. O nosso também, mas criamos mais chances", disse Ricardo Gomes, sem falar que o rival atuou com um jogador a menos durante quase a metade do segundo tempo -perdeu um atleta por expulsão- e que, nos minutos finais, tinha quase só nove homens em boas condições -Riffo, lesionado, só fazia número em campo pois não podia ser substituído.
Após o frustrante jogo contra o Uruguai, Ricardo Gomes já assumia a responsabilidade pelo baixo rendimento da equipe. "Um técnico tem várias opções e é responsável quando não escala bem o time. Quando mexe e as substituições não surtem efeito, também."
O time chegaria ontem à noite a Viña del Mar, onde espera disputar os últimos jogos do quadrangular final do torneio (a repescagem e a primeira partida do quadrangular serão em Valparaíso).


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