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FUTEBOL
Firma de Kleber Leite explora publicidade estática dos estádios em projeto que visa arrecadar fundos para clubes
Vice do Flamengo pode lucrar R$ 4 mi
no Estadual do Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Ex-presidente e atual vice-presidente de futebol do Flamengo,
Kleber Leite voltou a estampar o
nome de sua empresa nas placas
de publicidade estática dos estádios no Estadual do Rio. Deverá
embolsar em torno de R$ 4 milhões até o fim do campeonato.
A empresa do dirigente, a Klefer, em parceria com a Sport Plus,
que trabalha com marketing esportivo, e o governo estadual,
participa do projeto "Rio Show de
Bola", que visa arrecadar fundos
para os clubes cariocas.
Segundo estimativas do governo estadual, o projeto poderá arrecadar até R$ 80 milhões, sendo
que 10% deste valor servirá como
pagamento das empresas parceiras, no caso a Klefer e a Sport Plus.
Para somar o valor estipulado, a
parceria precisará arranjar empresas dispostas a comprar as oito
cotas disponíveis, no valor de R$
10 milhões cada uma.
Presidente do Flamengo entre
1995 e 1998, Leite voltou ao clube
no final do ano passado para ajudar a equipe carioca a fugir do rebaixamento no Brasileiro. Na
época em que assumiu o clube rubro-negro, a Klefer explorava placas de publicidade no Maracanã.
Setores da oposição do Flamengo questionaram a participação
do dirigente no projeto.
Candidato derrotado pelo atual
presidente Márcio Braga nas últimas eleições, Delair Dumbrosck
disse que o fato é discutível. Segundo ele, o estatuto da agremiação proíbe que um dirigente tenha um contrato com o clube se
for para obter lucro.
Nesse caso, a Klefer tem acordo
com a federação do Rio, mas o
Flamengo assina também o contrato como parte interessada.
"Não é ético. Podemos levar o
caso para o Conselho Deliberativo, mas não acredito que tenha
muito eco", disse Dumbrosck.
Procurado pela Folha, Márcio
Braga não foi localizado até a conclusão desta edição.
O presidente da Suderj (Superintendência de Esportes do Estado do Rio de Janeiro), Francisco
de Carvalho, que administra o estádio do Maracanã, é um dos
principais críticos à forma como o
projeto está sendo implantado.
Chiquinho da Mangueira, como
Carvalho é conhecido, afirmara
que as empresas poderão pagar o
que quiserem pelas oito cotas e,
mesmo assim, terão o mesmo
percentual de isenção no ICMS
-80%. Isso, segundo ele, poderia
reduzir o ganho dos quatro grandes clubes do Rio, previsto em R$
15 milhões para cada um.
Leite atacou o presidente da Suderj e chegou a dizer que, se fosse
o governador, demitiria Carvalho
por suas declarações.
Um especialista em Justiça Desportiva ouvido pela Folha, que
preferiu não se identificar, declarou que a exploração de placas de
publicidade estática dos estádios
pela empresa do dirigente flamenguista não é ilegal do ponto
de vista jurídico. Para ele, a irregularidade só ocorreria se a empresa negociasse a manipulação
de resultados ou estampasse publicidade nas camisas dos clubes.
Ele disse que, se Leite tiver contrato com o estádio ou órgão público, não há ilegalidade.
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