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LEGISLAÇÃO
Estatuto de Defesa do Torcedor deve ser votado na quarta-feira, sob ameaça de trancar a pauta da instituição
Esporte vira a "bola da vez" no Congresso
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, quando terminar a mensagem do presidente
Lula ao Legislativo e estiverem
oficialmente abertos os trabalhos
do Congresso Nacional, o esporte
deve ser uma das primeiras pautas em discussão.
Enviado em regime de urgência
por Fernando Henrique Cardoso
no fim de outubro do ano passado, o Estatuto de Defesa do Torcedor deverá ser votado já na quarta-feira, na primeira sessão deliberativa do ano. Caso contrário,
irá trancar a pauta no plenário,
impedindo a votação de projetos
de interesse do novo governo.
O projeto de lei terá o empenho
do governo para a aprovação. O
ministro do Esporte, Agnelo
Queiroz, já se manifestou a favor,
principalmente por a MP equiparar os direitos do torcedor aos de
um consumidor comum.
"Primeiro, queremos aprovar o
estatuto. Depois, preservar a sua
essência, especialmente os direitos do torcedor, na discussão com
a oposição", disse o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP),
líder do governo na Câmara.
Embora não seja considerado
polêmico pelos congressistas, o
projeto original, que tem 47 artigos, estabelece medidas distantes
da atual realidade e ameaça dirigentes de multas e destituição.
Por exemplo, prevê que todos
os ingressos emitidos devem ser
numerados e que o torcedor tem
que ocupar o local correspondente ao número do bilhete. Diz ainda que erros da Justiça desportiva
também podem provocar ações
indenizatórias dos torcedores.
MP79
Mais polêmica, a medida provisória 79 também deverá ser apreciada nas próximas sessões. Editada em 28 de novembro de 2002,
é a terceira MP na pauta de votação. Com prazo para ser votada
até 11 de março, impõe uma série
de sanções e pode levar ao afastamento de seus cargos alguns dos
principais dirigentes de clubes e
entidades esportivas do país.
Entre outras exigências, a MP79
obrigou as entidades esportivas a
publicar o balanço de 2001 até 28
de dezembro do ano passado (ou
seja, estabeleceu um mês de prazo), e o de 2002, até sexta passada.
Mas, dos cerca de 500 clubes filiados à CBF, apenas 61 teriam seguido a determinação. Os demais
decidiram ignorá-la. Com isso,
desde 28 de dezembro todos estariam na ilegalidade, já que os dirigentes responsáveis por dirigi-los
podem, em tese, ser afastados dos
cargos e ter os seus atos praticados desde então considerados nulos -punição prevista pela MP.
Da mesma forma, os presidentes das federações estaduais e o da
própria CBF estão sujeitos à destituição compulsória de seus cargos. É que um dos artigos da MP
obriga as entidades a encaminharem ao CNE (Conselho Nacional
do Esporte) os laudos técnicos
dos estádios até 20 dias antes do
início de cada competição.
Apesar de os Estaduais, a Copa
do Brasil e a Libertadores já estarem em andamento, poucas federações teriam encaminhado os
laudos dos estádios -e, mesmo
assim, algumas fora do prazo.
A CBF, por meio de seu diretor
técnico, Virgílio Elíseo, reconhece
que não enviou os laudos sobre a
Copa do Brasil. Mas afirma que
fez o pedido (aos responsáveis pelos atestados) em dezembro.
Diante de tal quadro, o CNE já
convocou reunião para o dia 26,
para análise da questão.
Para Eurico Miranda, presidente do Vasco, que afirmou que o
clube se nega a publicar balanço
porque ""ele só interessa aos sócios", a MP79 ""vai caducar". O dirigente diz ter certeza de que ela
não passa numa votação no Congresso e que tampouco será reeditada pelo novo governo.
""Quem fez isso não entende nada de esporte e do funcionamento
dos clubes. O destino será o mesmo do da MP39", disse Eurico.
A MP39, de "moralização do futebol", foi rejeitada em acordo de
líderes na Câmara, em novembro
passado, e obrigava os clubes a se
tornarem empresas, a publicação
de balanços e responsabilizava os
dirigentes por atos ilícitos e pela
situação financeira dos clubes.
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