Técnico escala atacante que está parado faz sete meses hoje, contra o Paulista, e afirma que ele tem obrigação de render

Comandante corintiano não esconde relação fria com o atleta e diz que não tem amizade e não convida jogador para jantar em casa

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de assegurar a escalação de Nilmar, o técnico Emerson Leão já o colocou contra a parede. E houve respingo também em Jean, que estréia hoje na partida contra o Paulista, às 16h, em Jundiaí. "Eles foram contratados para render. Foram os mais altos investimentos e têm obrigação de render", declarou o treinador. A cobrança sobre a maior estrela corintiana parece um tanto exagerada neste momento, levando-se em conta que Nilmar está sem atuar desde 16 de julho de 2006, quando rompeu ligamento do joelho em um clássico contra o Palmeiras.
Desde então, Nilmar se recuperou de cirurgia, retomou os treinos e, ontem, enfim, Leão disse que ele está pronto para jogar, depois de 216 dias. A verdade é que o encanto de Leão pelo atacante diminuiu. Primeiro porque Nilmar, durante o imbróglio envolvendo seu estafe e a diretoria do clube, deixou a concentração do time em Jarinu (interior de SP).
Na ocasião, Leão pedira para Nilmar seguir com sua recuperação, mas não foi ouvido pelo atacante, que só se reapresentou cinco dias depois, quando fez acerto financeiro para receber R$ 800 mil atrasados. O fato de poder contar com Nilmar só até o final de junho também irrita Leão, que trocou farpas publicamente com o procurador do atleta, Orlando Da Hora, que chegou a comparar o treinador a Adolf Hitler. Anteontem, Nilmar admitiu os problemas, mas disse esperar que fiquem "fora de campo". Sobre a relação com o chefe, respondeu: "É profissional, procuro fazer o que ele manda".
Ontem, após ser questionado sobre o assunto, Leão foi direto: "Sempre foi assim com todos os atletas e prefiro que seja assim [profissional]. Não temos amizade e não chamo nenhum para jantar na minha casa". Nilmar, aliás, não é o único que tem despertado repentes de irritação no treinador.
Durante a semana, Leão não poupou berros para alguns de seus comandados. Sobrou para o goleiro Marcelo, que errou reposição de bola, e para o lateral-esquerdo Wellington, por falha de posicionamento e erros de passes. Os atacantes reservas Jaílson e Arce foram outros que levaram broncas. Leão também não poupou seus zagueiros, que jogarão pela primeira vez juntos nesta temporada.
Em relação ao time derrotado pelo São Paulo, serão sete modificações para a nona rodada do Estadual. Na lateral direita, Tamandaré; na esquerda, Wellington. A dupla de zaga terá Gustavo e Marcus Vinícius; o meio-campo, Daniel e Marcelo Mattos como volantes. No ataque, jogam Jean (cujo empréstimo até o final do ano custou R$ 600 mil) e Nilmar.
"Os quatro homens de trás foram trocados, e esse rodízio no time causa preocupação", diz Leão, que pede à diretoria a contratação de um zagueiro. A nova formação tentará parar uma série incômoda para Leão em Jundiaí. Lá, ele obteve um ponto nos últimos três jogos, com Santos (2004, derrota de 4 a 0), São Paulo (2005, empate por 2 a 2) e Palmeiras (2006, revés por 3 a 0). Colaborou LUÍS FERRARI, da Reportagem Local