São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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TOSTÃO

O tempo passa


O tempo passa, e eu, um jovem de 61 anos, cada vez mais percebo e aprendo que sei pouco ou quase nada


NOS MEUS primeiros anos de colunista, que coincidiram com meu trabalho de comentarista na TV em jogos ao vivo e em programas esportivos, achava que sabia tudo e podia explicar tudo o que acontecia em uma partida.
Com o tempo, por mais que via, escutava e estudava futebol, percebi que sabia pouco, cada vez menos, e que muitas das análises táticas e técnicas às quais dava tanta importância tinham pouca ou nenhuma importância. Talvez tenha aprendido a separar o que é fundamental do supérfluo e o que é certo do que gosto.
Percebi ainda que, quando há pequena diferença técnica entre duas equipes, o resultado de um jogo depende menos desses detalhes técnicos e táticos e mais do erro de um árbitro, de uma bola que bateu em alguém e mudou a trajetória e de tantas outras coisas inesperadas. Após o resultado de uma partida, criamos, com ótimos ou maus argumentos, uma história ficcional, que parece muito ou pouco com a realidade.
Tive a mesma experiência na medicina. Quando me formei, pensava que sabia tudo sobre as doenças e os doentes. Com o tempo, depois de passar noites e dias estudando e trabalhando e de me tornar professor da Faculdade de Ciências Médicas, percebi que sabia pouco ou quase nada.
Como sou um jovem de 61 anos, espero um dia encontrar o tal do equilíbrio entre achar que sei tudo e que não sei nada. Ou esse equilíbrio seria deixar de questionar, de aprender e de se apaixonar?
Perderia a graça.

Ação entre amigos
Por meio de mudança na regra do jogo, Ricardo Teixeira foi reeleito pelos amigos das federações estaduais para mais sete anos de mandato. Ele completará em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, 25 anos no comando da CBF. Assim funcionam as coisas no Brasil. "É dando que se recebe."
Foram os craques e as eficientes comissões técnicas os principais responsáveis pelos títulos conquistados nos gramados durante o comando de Ricardo Teixeira.
Era inevitável também a evolução que houve nos últimos anos na organização do futebol brasileiro. A situação era calamitosa, parte por culpa da CBF. O presidente saía ou começava a fazer as mudanças que a imprensa independente pedia durante anos.
Mesmo se Ricardo Teixeira fosse um excepcional presidente da CBF, seria absurdo ele, ou qualquer outro, ficar longo tempo no poder.

Crescimento muscular
Todos os especialistas afirmam que uma das causas da ruptura dos dois tendões do joelho de Ronaldo poderia ser o excessivo aumento da massa muscular após a sua ida para a Holanda. Como o tendão, que une o músculo ao osso, não cresce, não suporta tanta carga. O médico Bernardino Santi, demitido pela CBF, não acusou o jogador de usar substâncias proibidas. Apenas admitiu, em tese, a possibilidade do excessivo aumento muscular ter sido por uso de anabolizantes, mesmo sabendo que alguns jogadores desenvolvem a massa muscular por meio de exercícios.
A suspeita do uso de medicamentos é comentada há muito tempo nas ruas pelos leigos e nos cafezinhos dos encontros médicos.


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