São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Hamilton acerta em GP de erros

Em uma F-1 sem ajuda eletrônica, inglês vence com facilidade prova cheia de acidentes na Austrália

Enquanto concorrentes dizem que ficou mais difícil guiar, piloto da McLaren desdenha e diz que agora é "automobilismo de verdade"

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MELBOURNE

Melbourne assistiu ontem a dois GPs. Um deles foi disputado, difícil, repleto de erros, três entradas do safety car e várias trocas de posições. Conseqüência direta do forte calor, da pista suja e, principalmente, do fim da ajuda eletrônica.
O outro foi tão tranqüilo que chegou a ser entediante. Não houve calor, sujeira ou carro sem controle de tração que impedisse a fácil vitória de Lewis Hamilton no GP da Austrália, abertura do Mundial de F-1.
"Me sinto fantástico. Nunca pensei que fisicamente a corrida seria uma brisa como foi", afirmou o piloto da McLaren logo após vencer pela quinta vez em 18 provas na categoria.
Brisa só para ele. Largando da pole, Hamilton mantém a ponta e deixa para trás Robert Kubica e Heikki Kovalainen, segundo e terceiro no grid, respectivamente. Após uma série de acidentes, o safety car vai à pista, mas permanece por apenas uma volta. Na relargada, o piloto da McLaren não tem problemas e dispara na frente.
Atrás dele, Kovalainen, seu companheiro de equipe, ganha a posição de Kubica nos boxes.
Felipe Massa, que havia largado em quarto e caído para último após bater na barreira de proteção, se envolve em acidente com David Coulthard.
O Red Bull fica destruído com o choque, o que força, de novo, a entrada do safety car.
Após cinco voltas é dada a relargada. E após a primeira rodada de pit stops, Nick Heidfeld assume a terceira colocação.
Hamilton continua intocável na liderança, seguido por Kovalainen e Heidfeld. Na 42ª volta o inglês faz sua segunda parada e, na volta seguinte, um acidente com Timo Glock traz o carro madrinha novamente à pista. A esta altura, apenas dez carros continuam na corrida.
Com a relargada e a segunda rodada de pits, Heidfeld pula para segundo, seguido por Rubens Barrichello, que faz excelente prova, e Nico Rosberg.
O piloto brasileiro, porém, é punido por ter feito sua parada com o safety car na pista. Rosberg pula então para terceiro.
Após 58 voltas, Hamilton recebe a bandeirada, seguido por Heidfeld e Rosberg.
Somente outros três carros conseguiram terminar a prova, o menor número desde o GP dos EUA de 2005, quando apenas os seis carros que corriam com pneus Bridgestone correram e chegaram ao fim.
Antes disso, o recorde também de seis carros, fora no GP da Espanha de 1996.
"Se eu precisasse apertar mais o ritmo até poderia", falou Hamilton. "Mas eu estava em contato com a equipe, e eles me diziam que eu tinha meio segundo de folga sobre todo mundo. Estava muito fácil guiar", completou o inglês.
Fácil só para ele.
"O fim da eletrônica deixou as coisas mais difíceis", afirmou Rosberg, que conquistou seu primeiro pódio na F-1.
"Agora as rodas traseiras travam bem mais nas freadas, e temos que tomar mais cuidado. Eu só pensava: "Por favor, me deixe chegar ao fim'", declarou o piloto da Williams.
"Definitivamente é mais difícil de guiar agora que no ano passado", fez coro Heidfeld.
Mas eles não foram os únicos. "Acho que com essas novas regras, toda vez que tiver uma pista suja como esta, vamos ver poucos carros chegarem ao fim", afirmou Felipe Massa, que não completou o GP com um problema no motor.
"A falta do controle de tração faz os pilotos terem mais possibilidades de errar", completou.
O sistema, que ajudava principalmente durante largadas e retomadas de velocidade, como nas saídas de curvas, foi banido da F-1 nesta temporada.
Fernando Alonso, quarto ontem, disse que é difícil saber se os erros foram causados pelo fim da eletrônica ou a condição da pista do Albert Park.
"Mas com certeza aconteceram coisas na corrida que antes não aconteceriam", comentou o espanhol. "Agora quando você erra a freada o carro perde a estabilidade e é difícil recuperar depois. Eu não quero ver como será com chuva..."
Mas pelo menos ontem, nada disso abalou a tranqüilidade de Hamilton. Que ainda fez questão de alfinetar o resto do grid.
"A mudança nas regras exige muito mais dos pilotos. Mas agora é automobilismo de verdade. E é assim que deve ser."


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