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Hamilton acerta em GP de erros
Em uma F-1 sem ajuda eletrônica, inglês vence com facilidade prova cheia de acidentes na Austrália
Enquanto concorrentes
dizem que ficou mais difícil
guiar, piloto da McLaren
desdenha e diz que agora é
"automobilismo de verdade"
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MELBOURNE
Melbourne assistiu ontem a
dois GPs. Um deles foi disputado, difícil, repleto de erros, três
entradas do safety car e várias
trocas de posições. Conseqüência direta do forte calor, da pista suja e, principalmente, do
fim da ajuda eletrônica.
O outro foi tão tranqüilo que
chegou a ser entediante. Não
houve calor, sujeira ou carro
sem controle de tração que impedisse a fácil vitória de Lewis
Hamilton no GP da Austrália,
abertura do Mundial de F-1.
"Me sinto fantástico. Nunca
pensei que fisicamente a corrida seria uma brisa como foi",
afirmou o piloto da McLaren
logo após vencer pela quinta
vez em 18 provas na categoria.
Brisa só para ele. Largando
da pole, Hamilton mantém a
ponta e deixa para trás Robert
Kubica e Heikki Kovalainen,
segundo e terceiro no grid, respectivamente. Após uma série
de acidentes, o safety car vai à
pista, mas permanece por apenas uma volta. Na relargada, o
piloto da McLaren não tem
problemas e dispara na frente.
Atrás dele, Kovalainen, seu
companheiro de equipe, ganha
a posição de Kubica nos boxes.
Felipe Massa, que havia largado em quarto e caído para último após bater na barreira de
proteção, se envolve em acidente com David Coulthard.
O Red Bull fica destruído
com o choque, o que força, de
novo, a entrada do safety car.
Após cinco voltas é dada a relargada. E após a primeira rodada de pit stops, Nick Heidfeld
assume a terceira colocação.
Hamilton continua intocável
na liderança, seguido por Kovalainen e Heidfeld. Na 42ª volta
o inglês faz sua segunda parada
e, na volta seguinte, um acidente com Timo Glock traz o carro
madrinha novamente à pista. A
esta altura, apenas dez carros
continuam na corrida.
Com a relargada e a segunda
rodada de pits, Heidfeld pula
para segundo, seguido por Rubens Barrichello, que faz excelente prova, e Nico Rosberg.
O piloto brasileiro, porém, é
punido por ter feito sua parada
com o safety car na pista. Rosberg pula então para terceiro.
Após 58 voltas, Hamilton recebe a bandeirada, seguido por
Heidfeld e Rosberg.
Somente outros três carros
conseguiram terminar a prova,
o menor número desde o GP
dos EUA de 2005, quando apenas os seis carros que corriam
com pneus Bridgestone correram e chegaram ao fim.
Antes disso, o recorde também de seis carros, fora no GP
da Espanha de 1996.
"Se eu precisasse apertar
mais o ritmo até poderia", falou
Hamilton. "Mas eu estava em
contato com a equipe, e eles me
diziam que eu tinha meio segundo de folga sobre todo mundo. Estava muito fácil guiar",
completou o inglês.
Fácil só para ele.
"O fim da eletrônica deixou
as coisas mais difíceis", afirmou
Rosberg, que conquistou seu
primeiro pódio na F-1.
"Agora as rodas traseiras travam bem mais nas freadas, e temos que tomar mais cuidado.
Eu só pensava: "Por favor, me
deixe chegar ao fim'", declarou
o piloto da Williams.
"Definitivamente é mais difícil de guiar agora que no ano
passado", fez coro Heidfeld.
Mas eles não foram os únicos. "Acho que com essas novas
regras, toda vez que tiver uma
pista suja como esta, vamos ver
poucos carros chegarem ao
fim", afirmou Felipe Massa,
que não completou o GP com
um problema no motor.
"A falta do controle de tração
faz os pilotos terem mais possibilidades de errar", completou.
O sistema, que ajudava principalmente durante largadas e
retomadas de velocidade, como
nas saídas de curvas, foi banido
da F-1 nesta temporada.
Fernando Alonso, quarto ontem, disse que é difícil saber se
os erros foram causados pelo
fim da eletrônica ou a condição
da pista do Albert Park.
"Mas com certeza aconteceram coisas na corrida que antes
não aconteceriam", comentou
o espanhol. "Agora quando você erra a freada o carro perde a
estabilidade e é difícil recuperar depois. Eu não quero ver como será com chuva..."
Mas pelo menos ontem, nada
disso abalou a tranqüilidade de
Hamilton. Que ainda fez questão de alfinetar o resto do grid.
"A mudança nas regras exige
muito mais dos pilotos. Mas
agora é automobilismo de verdade. E é assim que deve ser."
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