São Paulo, terça-feira, 17 de março de 2009

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Molde, Cielo pode "escapar" da nova regra para maiôs

Nadador brasileiro serve como modelo e testa trajes de seu patrocinador, que não poderá mais fazer peças sob medida

Federação internacional diz que irá criar grupo próprio para fiscalizar as roupas, porém ainda não divulgou como será feito o processo

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

De nada adianta ter em mãos um exemplar do mais moderno dos maiôs se ele não lhe servir. Apertado demais, o traje pode limitar movimentos e até rasgar. Largo, permite a entrada da água e dificulta o deslizamento dentro da piscina.
César Cielo já viveu as duas experiências e imaginava estar livre desses problemas. Campeão olímpico, patrocinado por uma grande empresa, ganhou o direito de ajudar a desenvolver um novo maiô sob medida. Privilégio de nomes como Alain Bernard, ouro nos 100 m livre em Pequim, e Michael Phelps, maior medalhista da história.
Com a avalanche de recordes mundiais na última temporada e os novos maiôs na berlinda, acusados de "doping tecnológico", porém, o brasileiro pode ver o projeto fazer água.
As novas regras da federação internacional (Fina) para controle dos trajes de natação preveem o fim de modelos exclusivos. As peças terão de ser iguais para todos os nadadores.
A expectativa de Cielo é que a fiscalização o encare como um "piloto de testes" dos novos maiôs na Arena, que terão a padronização numérica desenvolvida a partir do seu "molde".
Para a criação do modelo que pretende usar nesta temporada, o brasileiro e Bernard testaram diferentes protótipos e sugeriram alterações. A partir daí, a empresa produzirá as peças de tamanhos variados.
"Para mim, não muda nada [com as novas regras]. Meu modelo não é exclusivo. Eu passei parâmetros para eles", afirmou o brasileiro, dos EUA, via assessoria de imprensa.
Cielo está trabalhando em outros dois protótipos, mas não deve usá-los no Mundial de Roma, em julho. Um deles é tão complicado para vestir que deve ser descartado pelo atleta.
O comunicado da Fina sobre o novo regulamento afirma que "o maiô de um modelo aprovado deve ser fabricado sem variação ou modificação para nadadores específicos" e que "alterações antes do uso são proibidas". A entidade, no entanto, ressalta que adaptações de tamanho podem ser feitas.
Na Olimpíada de Pequim, muitos nadadores sofreram com as medidas dos trajes.
A brasileira Joanna Maranhão, por exemplo, penou com a peça apertada. Só fechava o zíper na hora de cair na piscina e, cada vez que saía da água, corria para tirar as alças dos ombros, machucados. O modelo ideal para ela seria mais largo na parte de cima do corpo.
A brasileira conseguiu vestir a peça graças à distribuição gratuita de modelos LZR Racers, já que boa parte dos atletas em Pequim não teve acesso a ele. O modelo vestiu a maioria dos atletas na centena de quebras de recordes mundiais em 2008.
A próxima janela para a aprovação de trajes termina no dia 31. O regulamento será seguido no Mundial de julho.
Apesar das restrições (limites de flutuabilidade, espessura, materiais e cobertura do corpo), as normas da Fina são conservadoras em relação às pedidas por técnicos dos EUA. No país, os trajes são proibidos para menores de 12 anos.
A federação norte-americana também queria que os competidores fossem proibidos de usar peças que ultrapassassem os ombros ou os joelhos. Seria o fim dos maiôs competitivos como conhecemos hoje.


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