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Molde, Cielo pode "escapar" da nova regra para maiôs
Nadador brasileiro serve como modelo e testa trajes de seu patrocinador, que não poderá mais fazer peças sob medida
Federação internacional diz que irá criar grupo próprio para fiscalizar as roupas, porém ainda não divulgou como será feito o processo
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
De nada adianta ter em mãos
um exemplar do mais moderno
dos maiôs se ele não lhe servir.
Apertado demais, o traje pode
limitar movimentos e até rasgar. Largo, permite a entrada
da água e dificulta o deslizamento dentro da piscina.
César Cielo já viveu as duas
experiências e imaginava estar
livre desses problemas. Campeão olímpico, patrocinado por
uma grande empresa, ganhou o
direito de ajudar a desenvolver
um novo maiô sob medida. Privilégio de nomes como Alain
Bernard, ouro nos 100 m livre
em Pequim, e Michael Phelps,
maior medalhista da história.
Com a avalanche de recordes
mundiais na última temporada
e os novos maiôs na berlinda,
acusados de "doping tecnológico", porém, o brasileiro pode
ver o projeto fazer água.
As novas regras da federação
internacional (Fina) para controle dos trajes de natação preveem o fim de modelos exclusivos. As peças terão de ser iguais
para todos os nadadores.
A expectativa de Cielo é que a
fiscalização o encare como um
"piloto de testes" dos novos
maiôs na Arena, que terão a padronização numérica desenvolvida a partir do seu "molde".
Para a criação do modelo que
pretende usar nesta temporada, o brasileiro e Bernard testaram diferentes protótipos e sugeriram alterações. A partir daí,
a empresa produzirá as peças
de tamanhos variados.
"Para mim, não muda nada
[com as novas regras]. Meu modelo não é exclusivo. Eu passei
parâmetros para eles", afirmou
o brasileiro, dos EUA, via assessoria de imprensa.
Cielo está trabalhando em
outros dois protótipos, mas não
deve usá-los no Mundial de Roma, em julho. Um deles é tão
complicado para vestir que deve ser descartado pelo atleta.
O comunicado da Fina sobre
o novo regulamento afirma que
"o maiô de um modelo aprovado deve ser fabricado sem variação ou modificação para nadadores específicos" e que "alterações antes do uso são proibidas". A entidade, no entanto,
ressalta que adaptações de tamanho podem ser feitas.
Na Olimpíada de Pequim,
muitos nadadores sofreram
com as medidas dos trajes.
A brasileira Joanna Maranhão, por exemplo, penou com
a peça apertada. Só fechava o zíper na hora de cair na piscina e,
cada vez que saía da água, corria para tirar as alças dos ombros, machucados. O modelo
ideal para ela seria mais largo
na parte de cima do corpo.
A brasileira conseguiu vestir
a peça graças à distribuição gratuita de modelos LZR Racers, já
que boa parte dos atletas em
Pequim não teve acesso a ele. O
modelo vestiu a maioria dos
atletas na centena de quebras
de recordes mundiais em 2008.
A próxima janela para a aprovação de trajes termina no dia
31. O regulamento será seguido
no Mundial de julho.
Apesar das restrições (limites de flutuabilidade, espessura, materiais e cobertura do
corpo), as normas da Fina são
conservadoras em relação às
pedidas por técnicos dos EUA.
No país, os trajes são proibidos
para menores de 12 anos.
A federação norte-americana
também queria que os competidores fossem proibidos de
usar peças que ultrapassassem
os ombros ou os joelhos. Seria o
fim dos maiôs competitivos como conhecemos hoje.
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