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FUTEBOL
Carta de intenções feita com a Media Partners indica que torneio será administrado por empresa "overseas"
Liga de Pelé prevê matriz no exterior
ROBERTO DIAS
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local
A empresa que a Pelé Sports &
Marketing planeja criar para administrar a liga brasileira de futebol deverá funcionar no exterior.
É isso que prevê a carta de intenções assinada entre a Pelé Sports &
Marketing e a Media Partners International, revelada no último domingo pela Folha.
O documento não foi referendado pela diretoria da Media Partners, provavelmente temerosa em
relação às turbulências na economia brasileira, e perdeu valor legal,
mas não prático. As negociações
continuam ocorrendo da forma
descrita na carta.
A idéia da empresa de Pelé e da
Media Partners International é
criar uma companhia que administre uma futura liga brasileira.
Essa liga poderia até ser independente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e não ter um sistema de rebaixamento.
Tudo isso dependeria de uma
pesquisa a ser realizada pela Fundação Getúlio Vargas, também signatária do contrato.
O estudo aguarda agora a liberação de verba da Media Partners,
que está receosa de fazê-lo agora
devido à crise econômica do Brasil.
Segundo a carta de intenções, a
empresa que administrará a liga,
quando for criada, será "overseas".
Essa palavra, literalmente, significa fora do país, além do limite das
águas territoriais, mas, no jargão
do mercado financeiro, é comumente utilizada em referência aos
chamados paraísos fiscais.
Paraísos fiscais são países que
têm menor taxação sobre movimentação de dinheiro. O imposto
de renda, por exemplo, pode ser de
1% sobre o lucro das empresas (no
Brasil, é de 25%).
Dentre os paraísos fiscais mais
conhecidos, estão Suíça, Mônaco,
Andorra e Liechtenstein, na Europa, Uruguai, na América do Sul, e
alguns países do Caribe.
Não é ilegal ter dinheiro em paraísos fiscais, embora isso tenha
fama de encobrir irregularidades.
"O problema é saber se as operações no Brasil estão pagando imposto. É isso que interessa para
nós", afirma Luiz Monteiro, auditor da Receita Federal.
Segundo a carta de intenções, o
local da companhia será definido
posteriormente, "de comum acordo entre as partes".
A futura empresa, chamada de
"NCO" na carta de intenções, não
deverá ser "constituída legalmente
pelas leis brasileiras".
Mercosul
A criação de empresas em paraísos fiscais não é uma novidade no
marketing esportivo nacional.
No ano passado, por exemplo, o
vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, declarou que a
Traffic, concorrente da empresa de
Pelé, criara, em sociedade com um
grupo argentino, uma companhia
nas Ilhas Cayman, um dos paraísos
fiscais mais conhecidos do Caribe.
Essa empresa é que faria, segundo o dirigente, o pagamento dos
direitos de TV aos clubes que disputam a Copa Mercosul.
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