São Paulo, Quarta-feira, 17 de Março de 1999
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FUTEBOL
Carta de intenções feita com a Media Partners indica que torneio será administrado por empresa "overseas"
Liga de Pelé prevê matriz no exterior

ROBERTO DIAS
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local

A empresa que a Pelé Sports & Marketing planeja criar para administrar a liga brasileira de futebol deverá funcionar no exterior.
É isso que prevê a carta de intenções assinada entre a Pelé Sports & Marketing e a Media Partners International, revelada no último domingo pela Folha.
O documento não foi referendado pela diretoria da Media Partners, provavelmente temerosa em relação às turbulências na economia brasileira, e perdeu valor legal, mas não prático. As negociações continuam ocorrendo da forma descrita na carta.
A idéia da empresa de Pelé e da Media Partners International é criar uma companhia que administre uma futura liga brasileira.
Essa liga poderia até ser independente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e não ter um sistema de rebaixamento.
Tudo isso dependeria de uma pesquisa a ser realizada pela Fundação Getúlio Vargas, também signatária do contrato.
O estudo aguarda agora a liberação de verba da Media Partners, que está receosa de fazê-lo agora devido à crise econômica do Brasil.
Segundo a carta de intenções, a empresa que administrará a liga, quando for criada, será "overseas".
Essa palavra, literalmente, significa fora do país, além do limite das águas territoriais, mas, no jargão do mercado financeiro, é comumente utilizada em referência aos chamados paraísos fiscais.
Paraísos fiscais são países que têm menor taxação sobre movimentação de dinheiro. O imposto de renda, por exemplo, pode ser de 1% sobre o lucro das empresas (no Brasil, é de 25%).
Dentre os paraísos fiscais mais conhecidos, estão Suíça, Mônaco, Andorra e Liechtenstein, na Europa, Uruguai, na América do Sul, e alguns países do Caribe.
Não é ilegal ter dinheiro em paraísos fiscais, embora isso tenha fama de encobrir irregularidades.
"O problema é saber se as operações no Brasil estão pagando imposto. É isso que interessa para nós", afirma Luiz Monteiro, auditor da Receita Federal.
Segundo a carta de intenções, o local da companhia será definido posteriormente, "de comum acordo entre as partes".
A futura empresa, chamada de "NCO" na carta de intenções, não deverá ser "constituída legalmente pelas leis brasileiras".

Mercosul
A criação de empresas em paraísos fiscais não é uma novidade no marketing esportivo nacional.
No ano passado, por exemplo, o vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, declarou que a Traffic, concorrente da empresa de Pelé, criara, em sociedade com um grupo argentino, uma companhia nas Ilhas Cayman, um dos paraísos fiscais mais conhecidos do Caribe.
Essa empresa é que faria, segundo o dirigente, o pagamento dos direitos de TV aos clubes que disputam a Copa Mercosul.


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