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Política aproveita embalo da final dos emergentes
Presidentes dos finalistas do Estadual têm cargos importantes nas prefeituras de Jundiaí e São Caetano do Sul, e até a oposição das duas cidades pega carona no sucesso dos times
DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucas vezes uma decisão de
Campeonato Paulista teve tanto
apelo político como a deste ano.
As cúpulas de Paulista e São Caetano estão umbilicalmente ligadas
às prefeituras de suas cidades e
chegaram inclusive a ter potenciais candidatos para as eleições
municipais do segundo semestre.
A relação do Paulista, sensação
do torneio, com a política em Jundiaí começa pelo seu presidente.
Eduardo Palhares atua há sete
anos como superintendente da
Fumas (Fundação Municipal de
Ação Social), autarquia que cuida
da área habitacional da cidade e
da administração de cemitérios.
Palhares é filiado ao PSB, partido da base de sustentação do governo Miguel Haddad (PSDB).
Foi candidato a vice-prefeito em
1992 e a vereador em 1996.
"Desde que assumi a presidência do Paulista, há cinco anos, resolvi, juntamente com a minha família, que não concorreria mais
em nenhuma eleição", disse Palhares. Em 2004, ele não poderá se
candidatar porque o prazo para se
desligar da Fumas já expirou.
O mesmo acontece com Nairo
Ferreira de Souza, presidente do
São Caetano. O dirigente comanda a Secretaria de Planejamento
de São Caetano do Sul. Forte aliado do prefeito Luiz Tortorello
(PTB), teve seu nome cotado para
a disputa da prefeitura neste ano.
Nairo já está "enturmado" com
os principais dirigentes paulistas
há vários anos. Palhares, por sua
vez, aproveita a aparição surpreendente de sua equipe para ganhar espaço nos bastidores.
Os laços do dirigente com a administração levou o prefeito de
Jundiaí a participar de julgamento do clube no Tribunal de Justiça
Desportiva da Federação Paulista
de Futebol. A presença dele não
adiantou, pois o clube teve o estádio interditado.
Na semana passada, o chefe do
Legislativo jundiaiense convocou
reunião em seu gabinete, com secretários, vereadores, cerca de 50
empresários e o técnico Zetti para
pedir apoio ao Paulista na final.
A intenção era convencer os
empresários a comprar ingressos
e conseguir ônibus para que a torcida pudesse ir ao Pacaembu.
"Dos 30 ônibus que pedi, por intermédio da prefeitura, conseguimos os 30. É ano eleitoral. Quem
aparecer mais vai deixar sua marca com a torcida. Isso pesa nas
eleições", diz o presidente da Gamor, maior organizada do Paulista, Ricardo Batista dos Reis, 28.
Um dos que resolveram agora
ajudar o clube foi o deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Jundiaí Ary Fossen (PSDB).
"Eu intermediei com a CPTM
[Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos] a liberação dos
trens para levar os torcedores de
Jundiaí para São Paulo por R$
1,90", afirmou o deputado, que
não vê cunho político na motivação para ajudar o time. "Sou torcedor. O Paulista foi injustiçado."
Em São Caetano do Sul, até a
oposição ao prefeito Tortorello
está atrelada ao time da cidade.
Anacleto Campanella Jr., vereador do PFL que almeja a prefeitura, é filho do ex-prefeito que batiza o estádio em que o clube atua.
Ele garante a manutenção do
apoio da prefeitura ao famoso time da cidade se ganhar a eleição.
"Se for eleito, não muda nada."
O presidente do Paulista também descarta motivação política
nas suas ações, mas admite que o
fato de ocupar um cargo na administração é bom para o clube.
"Com um bom relacionamento, o
Paulista acaba ajudado como outras instituições da cidade."
De acordo com ele, a prefeitura
apóia somente os times das categorias de base do Paulista, clube
que está tendo o nome atrelado à
oposição.
No jogo das quartas-de-final
contra a Ponte Preta, o Sindicato
da Alimentação da cidade colocou propaganda institucional no
sistema de som do estádio Jaime
Cintra. O vice-presidente do sindicato, Gérson Sartori, é presidente da diretoria municipal do
PT e pré-candidato a vereador.
No final da propaganda, os alto-falantes anunciavam: "Administração Gérson Sartori".
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