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FUTEBOL
Com medo da falta de fãs estrangeiros nos jogos, organizadores da Copa criam núcleos de suporte para as seleções
Coréia "clona" torcida para os adversários
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Já que os torcedores estrangeiros não devem comparecer em
peso à Copa, o jeito é "naturalizar" os próprios sul-coreanos.
Foi isso que pensaram o governo local e o comitê organizador
do país para o Mundial.
Com medo da falta de apoio nas
arquibancadas a algumas das 15
seleções estrangeiras que começarão a disputar o torneio em seu
território, a Coréia do Sul resolveu
criar 45 núcleos locais de suporte
às equipes -três para cada país,
um em cada cidade onde o time
atuar na primeira fase.
Os sul-coreanos, que se alistam
voluntariamente, deverão receber
as seleções nos aeroportos, acompanhá-las em cerimônias antes
das partidas, usar camisetas com
símbolos dos países e estampar as
bandeiras de suas equipes em casa e nos carros.
No dia dos jogos, atuarão como
animadores para os (eventuais)
torcedores "originais" dos países
que tiverem adotado.
A idéia original era ter grupos
com tamanhos médios entre 500 e
1.000 pessoas. Segundo o Kowoc,
responsável pela organização do
Mundial no lado coreano, há até
agora 50 mil voluntários para o
projeto. O órgão já vislumbra chegar a 100 mil inscritos.
A brincadeira deve custar US$
1,1 milhão ao governo, dinheiro
gasto sobretudo em subsídios na
compra dos ingressos para os sul-coreanos. Em Seul, por exemplo,
os voluntários receberão da prefeitura um "diploma" e um kit-torcedor relacionado a seu país.
O prefeito da capital, aliás, já fez
sua escolha. No próximo dia 31,
abertura da Copa, figurará ao lado
de seu secretário de administração como integrante da torcida
senegalesa. Do outro lado estará a
França, campeã mundial.
Além dos dois países da abertura, também terão torcidas oficiais
em Seul a China e a Turquia, duas
seleções da chave do Brasil. que se
jogam na cidade em 13 de junho.
Na ilha de Jeju foi formado um
grupo chamado "Cidadãos de Jeju torcedores da seleção da Eslovênia". O governo local lançou
uma campanha de arregimentação focada principalmente em estudantes do segundo grau e associações profissionais.
Ulsan, base da seleção de Luiz
Felipe Scolari, também já abriu
oficialmente sua "naturalização"
de torcedores. Mas o Brasil não
goza entre a população da mesma
simpatia que encontrou, por
exemplo, em 1986, no México,
país em que conquistara o tricampeonato mundial 16 anos antes.
Na Coréia do Sul, uma pesquisa
feita com 1.168 pessoas mostrou
que, depois de sua seleção, a população local pretende torcer para
a França (26% das respostas) e para a China (23%).
O país, que espera receber até
400 mil torcedores estrangeiros,
quer aproveitar o Mundial para
vender uma imagem de nação
cosmopolita, aberta ao mundo e
aos negócios. Daí a necessidade
de ter nos estádios uma atmosfera
que lembre a do último Mundial,
na França, onde o acesso para a
maior parte dos participantes era
bem mais rápido e barato, o que
ajudou a compor um cenário
multicolorido nas arquibancadas.
Em busca de voluntários para
materializar seus planos, os coreanos já criaram uma espécie de
"disque-torcedor" e puseram o
projeto na internet. Ele pode ser
encontrado no endereço
www.2002supporters.or.kr.
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