São Paulo, Segunda-feira, 17 de Maio de 1999
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TÊNIS
Brasileiro faz 3 sets a 0 em Patrick Rafter; para o jogador australiano, seu oponente "sempre esteve no comando" "
Kuerten perde só um set em torneio

da Reportagem Local

Com a vitória de ontem, por 3 sets a 0 (6/4, 7/5, 7/6), sobre o australiano Patrick Rafter, Gustavo Kuerten encerrou com brilho sua participação no torneio de Roma.
Em seis jogos, disputou 14 sets e perdeu apenas 1 -para Karol Kucera, nas quartas-de-final.
Ontem se encontraram dois jogadores de estilos distintos: o brasileiro, forjado no jogo de fundo de quadra, e o australiano, adepto do estilo saque e voleio.
A partida começou já com uma quebra no saque de Rafter. Em seguida, Kuerten confirmou seu serviço. Voltaria a derrubar o serviço do australiano no quinto game e, após poucos minutos, já vencia por 5 games a 1.
Rafter, então, reagiu e se aproximou no placar (5 a 4), confirmando dois saques e quebrando um de Kuerten (no oitavo game). Não teve, porém, como impedir a vitória do brasileiro, que confirmou seu serviço no décimo game: 6 a 4.
No segundo set, o jogo seguiu equilibrado até 5 a 5, com cada um dos tenistas quebrando uma vez o saque do oponente. Prevaleciam as boas devoluções de saque de Kuerten. Rafter respondia avançado à rede em todas as oportunidades que sacava. O brasileiro bateria o saque do adversário no 11º game. Com 6 a 5 a seu favor, manteve seu serviço. Final: 7 a 5.
Rafter disse que sua oportunidade de reverter a partida acontecera nesse set e ele não soube aproveitá-la: "Tive ótima ocasião de mudar o jogo ali, mas não consegui. Kuerten estava sacando muito bem e a devolução era difícil".
O saque foi fundamental para a vitória do brasileiro, como ele próprio afirmou: "Sei que saco bem, o que faz com que o oponente não tenha muitas oportunidades de quebrar meu serviço, algo importantíssimo contra alguém como Rafter. Isso fez com que ele ficasse pressionado quando sacava".
O terceiro e último set foi o mais disputado, tendo ambos os tenistas confirmado todos os seus saques. Foi, também, o set em que Kuerten esteve mais seguro em seus serviços, perdendo apenas três pontos quando sacava.
O tie-break também foi equilibrado, até o 13º ponto, quando uma resposta agressiva do brasileiro ao saque de Rafter forçou-o a rebater uma bola na rede.
Com isso, Kuerten teve a chance de fechar a partida no próprio saque, vencendo por 8 a 6 a disputa de desempate do terceiro set.
Durante o jogo, o brasileiro conseguiu oito aces (saques indefensáveis) contra quatro do adversário. Além disso, não cometeu nenhuma dupla falta (erro seguido nos dois saques a que cada jogador tem direito em cada ponto), enquanto Rafter fez uma em cada set.
O único critério técnico em que o australiano teve vantagem foi no de acerto do primeiro serviço: Rafter sacou corretamente já na primeira oportunidade em 68% das vezes, contra 58% de Kuerten.
Mas só teve 4 oportunidades de quebrar o serviço do brasileiro: aproveitou 2. Para o catarinense foram 16 as chances de bater o de Rafter: teve sucesso em 4.

Quase número um
Se houvesse ganhado o jogo, Rafter teria se tornado número um no ranking dos tenistas profissionais.
Seria o segundo australiano a alcançar o feito desde que o ranking foi instituído em 73 -John Newcombe o fizera ainda nos anos 70.
Apesar disso, para ele, tal fato não atrapalhou sua performance: "Não estava nervoso por ter a chance de ser o número um. Simplesmente não fiz um bom jogo".
De acordo com Rafter, o brasileiro teve o controle do confronto durante todo o tempo: "Parecia sempre que era eu que precisava lutar. Tentei me posicionar atrás, mas não adiantou. Ele sempre estava no comando das ações".
Ainda assim, Rafter, bicampeão do Aberto dos EUA, mas que neste ano tinha como melhor campanha a terceira rodada do Aberto da Austrália, acredita que teve uma excelente atuação em Roma.
"Vim do nada para atingir a final de um torneio do Super 9 no saibro. Estou muito, muito feliz."
Foi a segunda vez em sua carreira que o australiano, especialista em quadras rápidas, atingiu a final de um torneio no saibro.


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