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TOSTÃO
Japão: o país dos contrastes
Quando lerem essa coluna, a seleção estará
classificada para enfrentar a Inglaterra, ou arrumando as malas para voltar
ao Brasil. A primeira hipótese
é muito mais provável. Se o time vencer, ganhará confiança
e mais reconhecimento de sua
qualidade. Se perder, será
lembrado como uma das piores seleções da história do futebol brasileiro. As vitórias na
primeira fase, contra fracas
equipes, serão desvalorizadas.
Assim é o futebol.
Kobe é uma cidade belíssima, limpa, moderna, tranquila e sem violência. A região do
porto, com áreas de lazer, lojas
e restaurantes, é fantástica. As
coisas públicas no Japão são
muito bem cuidadas. Os cidadãos são respeitados e orgulham-se de seu país. O Japão é
a segunda potência econômica do mundo. Tem a menor
taxa de mortalidade infantil
(3,3/1.000) e ocupa a nona posição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Em 1995, morreram 5.000
pessoas num grande terremoto em Kobe. No quarto do hotel, há lanterna e muitas explicações de como proceder em
caso de terremoto. Estou de
olho na saída de emergência.
O Japão encanta porque une
contrastes. É a fusão do Ocidente com o Oriente; do superdesenvolvimento tecnológico
com a meditação; do conservadorismo com a inquietação
dos jovens, com seus cabelos
coloridos; da preocupação coletiva com o desejo das pessoas
de construírem seus próprios
destinos e da luta pela conquista de bens materiais com
a busca do sentido da vida.
Freud passou a vida estudando, trabalhando e decifrando essas contradições da
alma humana. Mais velho,
disse que tudo o que descobrira os poetas já sabiam.
Ausência
Após mais de três semanas
de viagem, estou com saudades das pessoas queridas, da
minha casa, do jardim, do
quarto, do travesseiro, da
Lambreca (minha cadela), de
Belo Horizonte e de muitas
outras coisas. Estou com saudades, mas não estou triste. As
pessoas estão longe e perto.
Ausentes e presentes.
Num de seus mais belos poemas, Carlos Drummond de
Andrade fala sobre a ausência.
Não é a primeira nem a última
vez que transcrevo parte desse
poema. Sou obsessivo e apaixonado pelas coisas que gosto
e admiro. Se estiver escrito errado, corrija-me. Não confio
em minha memória.
""Por muito tempo, achei que
a ausência fosse falta e lastimava, ignorante, a falta. Hoje,
não a lastimo. Não há falta na
ausência
A ausência é um estar em
mim. E sinto-a tão aconchegada em meus braços, que rio,
danço e invento exclamações
alegres. Porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a tira mais de mim."
tostão.folha@uol.com.br
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