São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Em pedaços, França tenta vencer a 1ª

Seleção encara o México em meio à série de problemas internos no time

DE SÃO PAULO

Dunga é um técnico em xeque, mas ao menos tem o grupo nas mãos. Raymond Domenech é tão criticado quanto o brasileiro, só que já perdeu faz tempo o controle sobre a seleção francesa.
O que se verá hoje, às 15h30, quando os Bleus entrarem em campo para enfrentar o México, é um elenco que busca na África interesses individuais. Não existe a "família Domenech".
Em pouco mais de uma semana desde que chegou ao país do Mundial, a mídia francesa levantou pelo menos três problemas de relacionamento envolvendo o treinador e alguns jogadores.
O mais palpitante surgiu na estreia -empate sem gols com o Uruguai. O atacante Malouda, do Chelsea, foi sacado do time após ter sido titular nos amistosos preparatórios para a competição.
Veio à tona que, na véspera, houve uma discussão em alto e bom som entre o atleta e Domenech durante o treino. Desde então, Malouda tenta minimizar a questão.
"Eu cometi duas faltas durante o treino, e ele elevou um pouco a voz. Foi só isso", disse o atleta, para em seguida admitir: "Sim, eu fiquei surpreso, esperava jogar. Mas não é a primeira vez".
No lugar de Malouda, jogou Diaby, reforçando o rumor de que há uma divisão no grupo. Parte da equipe, liderada pelo lateral esquerdo Evra e pelo zagueiro Gallas, é a favor de Diaby e do centroavante Anelka como titulares.
Já a torcida quer Thierry Henry, que não fez boa temporada pelo Barcelona e entrou no duelo inicial da Copa apenas na etapa final.
Outra especulação é que o meia Gourcuff vem sendo ignorado por alguns jogadores, como Anelka e Ribéry, que se teriam recusado a passar a bola em diversas oportunidades ante os uruguaios.
Em entrevista ao jornal francês "L'Équipe", Evra confirmou o isolamento do "companheiro". "Nunca ouço sua voz. Para conversar com Gourcuff, você precisa falar com Toulalan [meia do Lyon]. Só o vejo dar risadas com ele", afirmou o lateral.
O verdadeiro divã público no qual se transformou a seleção campeã mundial de 1998 irritou justamente o maior ídolo daquela geração. O ex-meia Zidane, figura onipresente na África, disparou contra treinador e jogadores.
"Ele não é um técnico. Montou uma seleção, escolheu os atletas, mas um treinador precisa dar ordens", falou, sobre Domenech. "Devem deixar o ego de lado e jogar em equipe", completou, agora a respeito do time.
Até o técnico de 1998, Aimé Jacquet, deu seu pitaco ao colocar Brasil e Espanha como favoritos ao título mundial -e ignorar solenemente a seleção de seu país.
Dizem que nem toda equipe campeã precisa, necessariamente, ser unida. A França parece querer comprovar essa máxima na Copa do Mundo. (RENAN CACIOLI)


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