São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Agente da Fifa reprova segurança

Chris Eaton, conselheiro para a área, define como "um horror" a rede de proteção do Mundial

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

O simpático homem de bigode, gravata estampada e sorriso à mostra só fecha a cara quando questionado sobre o sistema de segurança montado para esta Copa do Mundo na África do Sul.
"É horrível", sentencia Chris Eaton, conselheiro de segurança da Fifa, que está em Johannesburgo.
O australiano diz que há um grave erro na operação montada para fazer a proteção aos estádios do Mundial.
"O que acontece aqui é absurdo, porque há um evidente conflito entre seguranças particulares e a polícia [local]", afirmou Eaton, também agente da Interpol.
"Isso porque aqui eles dão armas para os seguranças. Não se pode fazer isso. É um erro. Isso dá a eles o direito de se sentirem autoridades como os policiais", analisou o conselheiro da Fifa.
Foi a própria entidade internacional que obrigou o Comitê Organizador Local da África do Sul a contratar empresas privadas de segurança para a Copa-2010.
Essa é uma prática comum nos últimos Mundiais. Guardas de empresas particulares fazem a segurança nas concentrações das seleções e também no acesso e no interior dos estádios, mas jamais portando armas, como ocorre no país da Copa.
"Um outro problema é que essa série de greves por conta de salários torna a situação ainda mais tensa e desorganizada", afirmou Eaton, que defende a ampliação do controle da polícia no país.
Um acordo está sendo negociado para que a polícia da África do Sul passe a controlar a segurança de quase todos os estádios do Mundial- -2010. Ontem, a Fifa e o comitê local repassaram a responsabilidade pela proteção da Copa para a polícia local.
"Mas tenho de ressaltar que, apesar dos problemas, o trabalho da polícia na África tem sido muito bom", declarou o agente da Interpol.

PROTESTOS
Anteontem, no jogo em que o Brasil derrotou a Coreia do Norte por 2 a 1 pelo Grupo G, seguranças privados voltaram a protagonizar protestos em estádios da Copa.
Na ocasião, cerca de 500 funcionários da empresa Stallion estiveram do lado de fora da arena para reclamar dos baixos salários.
Eles alegavam que estariam recebendo somente R$ 50, enquanto o valor prometido teria sido de R$ 125.
Eles se recusaram a fazer a segurança interna no estádio Ellis Park. O mesmo ocorreu nas arenas de Durban, da Cidade do Cabo e de Port Elizabeth -os dois primeiros controlados pela Stallion.
Em Durban, pelo menos duas pessoas acabaram feridas após confronto entre policiais e seguranças no último domingo.
Sobre a Copa-14, Eaton, que será um dos responsáveis pelo esquema que será montado no Brasil, diz estar otimista. "Acho que será mais fácil do que aqui. O Brasil tem tudo para fazer um Mundial com sucesso nessa área", afirmou. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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