São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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ATLETISMO
Norte-americano Maurice Greene corre prova em 9s79 e supera marca de 9s84 do canadense Donovan Bailey
Cai o recorde mundial dos 100 m

France Presse
Maurice Greene (esq.) dos EUA, cruza a linha a linha de chegada na prova em que bateu o recorde mundial


das agências internacionais

O norte-americano Maurice Greene, 24, quebrou ontem o recorde mundial dos 100 m -a prova mais nobre do atletismo- ao correr a distância em 9s79.
A marca é cinco centésimos de segundo melhor do que o recorde anterior, estabelecido pelo canadense Donovan Bailey nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta.
O novo recorde é igual à marca obtida pelo canadense Ben Johnson na Olimpíada de Seul, em 1988.
O índice de Johnson, no entanto, acabou anulado após a descoberta de que ele havia se dopado, num dos maiores escândalos da história das Olimpíadas.
Greene quebrou o recorde durante a disputa do Meeting internacional de Tsikliteria, no estádio Olímpico de Atenas, na Grécia -o mesmo que será palco dos Jogos Olímpicos de 2004.
"Eu esperava isso, mas é apenas o começo. Provei com essa corrida quem eu sou. E espero melhorar o recorde da próxima vez", disse Greene, após obter a marca.
O norte-americano, também detentor do recorde mundial indoor dos 60 m, registrou, em princípio, tempo ainda melhor. Assim que cruzou a linha final, a cronometragem apontava a marca de 9s78, depois corrigida para 9s79 com a verificação da foto de chegada.
Além dele, outros dois velocistas terminaram os 100 m ontem com tempos abaixo dos dez segundos: Ato Boldon, de Trinidad e Tobago, com 9s86, e Bruny Surin, do Canadá, com 9s97.
Havia sido também em Atenas que Greene se tornara campeão mundial dos 100 m, há dois anos, com a marca de 9s86.
Por duas vezes, o norte-americano já havia conseguido igualar o recorde de Bailey (9s84), mas ambos os feitos não tiveram os tempos considerados porque o vento a favor estava acima do permitido (dois metros por segundo).
Depois da prova, disse que espera baixar ainda mais o recorde dos 100 m e marcar 9s76.
Já Ato Boldon, segundo colocado na prova de ontem, fez previsão diferente: "Da próxima vez, serei eu quem baterá o recorde".
Dito isso, Boldon deu o troco em seguida. Venceu os 200 m com o tempo de 19s86. O novo recordista dos 100 m ficou em segundo lugar, marcando 20s03.

Showman
Maurice Greene começou a correr com oito anos, em sua cidade natal, Kansas.
Na juventude, chegou a trabalhar como vendedor de hambúrgueres.
Em Kansas, ficou treinando com seu técnico de colégio, Al Hobson, até 1996, quando foi levado por seu pai para Los Angeles.
A partir daí, passou a ter como treinador John Smith. Foi dessa época em diante que sua carreira começou a deslanchar.
"Senti que era hora de uma mudança. Sabia que o técnico deveria ser John Smith. Ninguém tem as credenciais que ele tem, ninguém produziu os atletas que ele produziu", declarou Greene.
Smith fez o novo recordista engordar cinco quilos (ele tem agora 1,76 m e 75 kg) antes do Mundial de Atenas, o que contribuiu para melhorar seu desempenho.
"Nós observamos o que eu estava fazendo errado, e ele (Smith) me deu algumas dicas que me tornaram mais rápido", disse Greene.
O técnico chegou a prever que o norte-americano conseguiria, algum dia, correr os 100 m em 9s7.
"Não há limite para ele", afirmou o treinador. "Ainda vai levar quatro ou cinco anos até atingir meu potencial máximo", acrescentou o novo recordista.
Apelidado de "bala de canhão", Greene é considerado um "showman" do atletismo. Costuma dizer que gosta de correr em estádios com grandes multidões. "Nós levaremos esse esporte até onde ninguém conseguiu antes", afirmou Greene no mês passado.


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