EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha,

Às vésperas de disputar o quadrangular que pode levá-lo de volta à primeira divisão paulista, o América de São José do Rio Preto comemora a maior série invicta desde sua fundação, em 1946.
Sob o comando do técnico Cilinho (ex-São Paulo e Corinthians), a equipe mantém uma invencibilidade de 23 partidas oficiais -22 no Campeonato Paulista da segunda divisão e um no Brasileiro da Série C do ano passado.
A última derrota foi para o Anápolis (GO), por 2 a 0, em outubro de 98, quando foi eliminado da competição nacional.
No próximo final de semana, o América inicia a disputa de um dos quadrangulares finais da Série A-2. No Grupo 4 das semifinais, o mais equilibrado do torneio, o time de São José do Rio Preto enfrentará Botafogo (Ribeirão Preto), Santo André e São Caetano.
O campeão da chave garante vaga na Série A-1 do ano que vem e disputa a decisão da A-2 contra o campeão do Grupo 3 (leia texto nesta página).
No ano passado, o América ficou em segundo lugar na A-2, mas, de acordo com o regulamento à época, apenas o campeão (União Barbarense) subiu para a primeira.
A última vez que o América disputou a primeira divisão foi em 97, quando foi rebaixado junto com o Botafogo de Ribeirão Preto.

"Série caseira"
Em seu estádio, o Teixeirão, o América vem obtendo resultados ainda melhores. O time não perde em casa há mais de 14 meses. A última derrota foi para a Francana, por 3 a 2, no dia 5 de abril do ano passado.
"Esta é uma das melhores fases do clube", diz Benedicto Ambrósio, 63, ex-atleta e ex-técnico que acompanha a vida do América desde a década de 50.
A atual campanha, segundo Ambrósio, hoje treinador de goleiros, só é comparável à de 1957, quando o clube subiu pela primeira vez para a primeira divisão. Naquele ano, foram 19 partidas invictas. Ambrósio jogava como lateral.
Em 1972, o América conquistou a Taça dos Invictos, ao permanecer 12 partidas sem derrota.
O técnico Cilinho atribui a boa fase à manutenção da comissão técnica. O mesmo grupo dirige o América há dois anos.
Em 38 anos como técnico, Cilinho diz que só na Ponte Preta, em 1979, conseguiu uma série invicta mais longa, 26 jogos.
Já os atletas responsabilizam o técnico e sua forma diferenciada de trabalhar pela campanha obtida pela equipe.
Desde que chegou a São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo), em julho de 1977, Cilinho incluiu na concentração dos jogadores sessões de cinema, teatro, circo, palestras, música, leitura e seminários.
O vestiário tem uma biblioteca com mais de 300 títulos e quadros de artistas plásticos nas paredes.
Em campo, o treinador mistura experiência e juventude. A estrela da casa é o atacante Marcinho, que subiu das categorias de base do clube. Entre os veteranos estão o goleiro Sérgio (ex-Santos), o zagueiro Gian (ex-Cruzeiro) e o atacante Guilherme (ex-São Paulo).
Na fase classificatória da Série A-2, que terminou no último domingo, o América foi líder isolado, com 48 pontos. O clube tem o artilheiro do Estadual, Roberto Carlos, com 14 gols. Ostenta o melhor ataque (47 gols), a defesa menos vazada (19 gols) e o maior número de vitórias (13 em 22 jogos).
O único problema do clube para as semifinais são os salários dos jogadores, que estão atrasados (leia texto nesta página).