São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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JUCA KFOURI

Os coveiros do Corinthians



O Verdão não enterrou o rival. Quem o enterra é seu presidente, seus aliados e seu indesejado sócio, a tal da MSI
DIGA-SE desde logo que o Palmeiras não tem nada a ver com isso.
Apesar de não ter jogado nada nem parecido com o futebol que apresentou ao golear o Vasco, o alviverde limitou-se a fazer a parte dele, ao aproveitar a única chance de gol que criou no primeiro tempo, contra três desperdiçadas pelos rivais.
Méritos, portanto, para Edmundo, que enfiou belíssima bola, e para Paulo Baier, que fez o gol.
Os coveiros do Corinthians são, em primeiro lugar, seu presidente, Alberto Dualib, responsável pela parceria que trouxe um título manchado de campeão brasileiro (não por iniciativa do clube, é fato) e pelo mais absoluto desgoverno, além de inúmeros problemas legais que ainda nem começaram a surtir todos os seus efeitos.
E o eterno cartola alvinegro recebeu todas as informações possíveis e imagináveis para não fazer o negócio que fez com a tal da MSI.
Atribuir culpa a Kia Joorabchian é chover no molhado.
Mas o desaparecido playboyzinho que causou tanto ciúme no superado Dualib não faz a menor idéia do que seja um time de futebol, razão pela qual era óbvio que dele nada se podia esperar, a não ser uma gastança descoordenada e suspeita como cometeu, na cara de todos.
Dualib, para piorar tudo, em vez de se desculpar com a torcida (que, não nos esqueçamos, deixou-se enganar pela nebulosa parceria, despreocupada com os meios) e ir para casa, tratou de se juntar com o que há de pior no Parque São Jorge para minar o sócio em desgraça.
Dualib está para o Corinthians assim como Mustafá Contursi esteve para o Palmeiras que, a duras penas, tenta se reorganizar e modernizar, e como Eurico Miranda está para o Vasco da Gama.
Orgulha-se de ser o presidente mais vitorioso da história corintiana, como se todos os títulos obtidos em sua gestão não tivessem muito mais a marca de parcerias que não prosperaram, com o já desaparecido Banco Excel e com a maltratada Hicks, Muse, à custa de milhões de dólares que não deixaram nem rastro no Parque São Jorge.
E seus companheiros atuais não querem nada mais do que se aproveitar de eventuais migalhas que sobrem do fracasso da MSI ou de uma nova aventura em torno da construção do famoso estádio que só faz ridicularizar ainda mais sua gestão indecorosa e nepotista.
Tudo isso se reflete no comportamento de um time e de uma comissão técnica desorientados, desfibrados, indigentes e displicentes, representados exemplarmente nas figuras de um Gustavo Nery e de um Paulo Angioni, que revelou-se pau para todas as obras, principalmente das más.
Se não bastasse, o futuro se apresenta mais negro que o presente para o Corinthians e não somente pelo penúltimo lugar que o time ocupa na tabela do Campeonato Brasileiro -nove derrotas em 12 partidas, apenas três vitórias, quando o torneio está a uma rodada de passar pelo seu primeiro terço.
Crise mesmo acontecerá quando começarem a aparecer as multas do Banco Central por causas das transações irregulares feitas pela MSI, sempre em nome do clube do Parque São Jorge.
Então, Joorabchian estará livre, leve e solto em Londres, e Dualib, se sobreviver, com aquele ar de desentendido que gosta de fazer.
Mas o Corinthians, bem o Corinthians estará falido, como está hoje o Flamengo, devido às gestões tão danosas quanto.
Menos mal que o governo do PT, partido que apoiou a parceria com a omissão de seus membros que fazem parte do conselho corintiano, já tem a solução: a Timemania, o mensalão do futebol que, por sinal, ficou para o ano que vem.
Pobre e enlameado Corinthians.
blogdojuca@uol.com.br


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