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TELÊ SANTANA
Campeonato vazio
O Brasileiro-97 está mais
fraco do que os anteriores. É
que há um vazio de bons jogadores. Neste meio de ano, os
bons jogadores que ainda tínhamos saíram em massa.
Não existe nenhum time realmente bom, que dê prazer de
ver jogar, neste Brasileiro.
O líder Inter está invicto,
mas não tem o nível que alguns dizem que ele tem.
O mesmo acontece com o
Cruzeiro, que chegou a uma
conquista importante ao ganhar a Libertadores.
Tive o prazer especial de ver
alguns jogadores que trabalharam comigo, como o Elivélton, o Vítor, o Palhinha e o
Donizete, alcançarem uma
conquista tão importante.
Mas esse time, diga-se a verdade, não é do mesmo nível
daquele que ganhou a competição em 1976. Isso não diminui o mérito nem a importância da conquista, mas é fato.
O enfraquecimento dos clubes brasileiros é uma prova de
que é preciso implantar o clube-empresa. Só ele pode salvar
o futebol brasileiro.
Hoje, os jogadores brasileiros são muito melhores do que
os outros e por isso todos os
clubes grandes da Europa oferecem dinheiro por eles. O
Brasil, felizmente, tem estrutura para formar jogadores,
que logo viram profissionais
porque existem muitas vagas
nos principais times.
Mas tão logo se desenvolvem, vão embora. É isso que
precisa ser mudado.
Daqui a pouco os torcedores
não reconhecerão mais os
próprios times. Em um ano, o
Palmeiras perdeu sete jogadores do time de 1996. Se isso
não for alterado, o Brasil pode
ficar na mesma situação do
Uruguai, por exemplo, em que
todos os bons vão embora e
não há mais como montar a
seleção. Apesar disso, acho
que o Brasil vai ganhar essa
Copa, pois está num nível bem
superior ao resto do mundo.
Quero destacar a atuação do
Júnior Baiano, que foi muito
bem na Ásia. Ele superou os
problemas que tinha quando
veio para o São Paulo e abandonou a mania dos pontapés.
Como é técnico, se ele jogar
sério, será quase insuperável.
Acho que deveria treinar
mais as idas para o ataque.
Pode se tornar um jogador
que marque muitos gols.
E-mail: tele@construtel.com.br
Telê Santana, 65, escreve na Folha aos
domingos
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