São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997.



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TELÊ SANTANA
Campeonato vazio

O Brasileiro-97 está mais fraco do que os anteriores. É que há um vazio de bons jogadores. Neste meio de ano, os bons jogadores que ainda tínhamos saíram em massa. Não existe nenhum time realmente bom, que dê prazer de ver jogar, neste Brasileiro.
O líder Inter está invicto, mas não tem o nível que alguns dizem que ele tem.
O mesmo acontece com o Cruzeiro, que chegou a uma conquista importante ao ganhar a Libertadores.
Tive o prazer especial de ver alguns jogadores que trabalharam comigo, como o Elivélton, o Vítor, o Palhinha e o Donizete, alcançarem uma conquista tão importante.
Mas esse time, diga-se a verdade, não é do mesmo nível daquele que ganhou a competição em 1976. Isso não diminui o mérito nem a importância da conquista, mas é fato.
O enfraquecimento dos clubes brasileiros é uma prova de que é preciso implantar o clube-empresa. Só ele pode salvar o futebol brasileiro.
Hoje, os jogadores brasileiros são muito melhores do que os outros e por isso todos os clubes grandes da Europa oferecem dinheiro por eles. O Brasil, felizmente, tem estrutura para formar jogadores, que logo viram profissionais porque existem muitas vagas nos principais times.
Mas tão logo se desenvolvem, vão embora. É isso que precisa ser mudado.
Daqui a pouco os torcedores não reconhecerão mais os próprios times. Em um ano, o Palmeiras perdeu sete jogadores do time de 1996. Se isso não for alterado, o Brasil pode ficar na mesma situação do Uruguai, por exemplo, em que todos os bons vão embora e não há mais como montar a seleção. Apesar disso, acho que o Brasil vai ganhar essa Copa, pois está num nível bem superior ao resto do mundo.

Quero destacar a atuação do Júnior Baiano, que foi muito bem na Ásia. Ele superou os problemas que tinha quando veio para o São Paulo e abandonou a mania dos pontapés.
Como é técnico, se ele jogar sério, será quase insuperável.
Acho que deveria treinar mais as idas para o ataque. Pode se tornar um jogador que marque muitos gols.

E-mail: tele@construtel.com.br


Telê Santana, 65, escreve na Folha aos domingos



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