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JOSÉ ROBERTO TORERO
O Libertador da América!
O melhor time da América do Sul é síntese de hormônio e neurônio, de ginga e suor, de drible sutil e bicuda explícita
QUE JOGO! E que campeão! Eis
aí um time que mereceu levar a taça Libertadores de
América para sua sala de troféus.
Raras vezes viu-se uma equipe
misturar raça e habilidade como ontem. O melhor time da América do
Sul é uma bela síntese de hormônio
e neurônio, de ginga e suor, de dribles sutis e bicudas explícitas. E,
pensando bem, os grandes times do
Brasil têm mesmo esta mistura.
É só lembrar que o superlativo São
Paulo de Müller e Raí era também o
São Paulo de Ronaldão, aquele zagueiro imponente e sério, um gigante que impunha respeito (e medo) a
quem se aproximasse da grande
área tricolor. E que o inesquecível
Internacional de Falcão e Figueroa
era também o Internacional de
Caçapava, um cão de guarda fantástico, daqueles que passam o jogo
inteiro fungando no cangote dos
atacantes, um volante mais incômodo e insistente que uma mosca em
noite de verão.
Em todas as partes do campo, o
campeão está bem servido. O goleiro
é experiente como poucos. Não é de
fazer firulas nem pontes monumentais, mas ultimamente vem até defendendo pênaltis. O miolo da defesa é muito competente: firme, sem
frescuras, dando chutões quando é
necessário. Os alas cumprem bem o
seu papel e formam um dos pontos
altos da equipe, pois são praticamente meio-campistas. Já o meio-de-campo propriamente dito destaca-se por seus eficientes volantes. E
aquele negro incansável (você sabe
de quem eu estou falando) trata-se,
para mim, do destaque do time, pois
é raro um jogador que defenda tão
bem quanto ele e ainda vá para a
frente participar de lances decisivos
com tanta eficiência. Quanto ao ataque, está entre os melhores do Brasil, com uma boa mescla de habilidade e força. Sobre o técnico, só o que
posso dizer é que ele está sempre
disputando títulos, o que é uma prova incontestável de sua capacidade.
É claro que muito da grandiosidade desta conquista deve-se ao inimigo. Como disse o sábio Sócrates (não
lembro se o filósofo ou o jogador):
"Só é grande a conquista se é grande
o vencido". E o novo vice-campeão
sul-americano realmente é um
grande time: organizado, com muitos talentos e atuando junto há um
bom tempo, o que é raro hoje em dia.
Agora ele tem que se recuperar da
derrota e partir para a conquista do
Campeonato Brasileiro, onde é um
dos favoritos explícitos. Além disso,
sem contar com o dinheiro que entraria em caixa com o campeonato, a
diretoria terá que se esforçar para
não perder seus jogadores.
Manter seu plantel (ou, quem sabe, até melhorá-lo) é também a missão do maioral do continente até o
final do ano. Se não perder peças importantes e, principalmente, se jogar como ontem, não há porque temer o milionário Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. Mesmo porque
dinheiro não entra em campo, como
bem vimos nesta Copa.
Rumo a Tóquio! Banzai!
EM CIMA DO MURO
Se o leitor é um tanto observador,
já percebeu que escrevi esta coluna
antes de saber o resultado da final
da Taça Libertadores da América.
A idéia era fazer um texto dúbio,
desonestamente enrolador. E a
possibilidade de fazer um texto
assim mostra como o time do São
Paulo, de Mineiro, e o do Internacional, de Tinga, são realmente parecidos, equivalentes.
SUOR
Agora, segundos depois do apito
final no Beira-Rio, quando tenho
somente tempo de escrever esta
nota antes de mandar o texto para a
Folha (ah, o maldito horário de fechamento!), posso dizer que foi
uma partida sensacional, elétrica,
com dois times extremamente
competitivos. E parabéns ao Internacional, que chegou à maior conquista de sua história.
torero@uol.com.br
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