São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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Por Copa, SP cria polícia do futebol

Grupo quer evitar contaminação de organizadas por facções do exterior

EDUARDO OHATA
DE SÃO PAULO

Com os olhos voltados à Copa de 2014, o Estado de São Paulo criou o Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância Esportiva (Grade), que terá policiais especializados em futebol.
Uma de suas missões é evitar que durante o Mundial as torcidas organizadas recebam influência de membros de grupos radicais, de forte atuação na Europa.
A polícia já detectou indícios de ligação de organizadas com facções que defendem a supremacia branca.
Outro objetivo do Grade, subordinado à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de SP (DHPP), é sofisticar a abordagem no futebol.
Em vez de automaticamente adotar as organizadas como "bode expiatório", seus responsáveis dizem que buscarão investigar cartolas que, por seu comportamento, induzam as torcidas às brigas, e, mais que prender cambistas, investigarão os fornecedores dos ingressos.
"Nem sempre as organizadas são as culpadas. Como massa, a torcida reage ao que recebe", argumenta a delegada Margarette Barreto, que estará à frente do Grade.
As autoridades reconhecem que as alterações no Estatuto do Torcedor facilitaram o trabalho das polícias por criminalizar delitos. Porém Margarete lembra que o trabalho já é feito há anos.
Ela comemora o trabalho da polícia, que nos últimos anos viu diminuir os confrontos no interior dos estádios. Porém assistiu ao aumento das ocorrências em locais distantes e em horários diferentes aos dos jogos. Daí a necessidade de aumentar a equipe e de especializá-la.
Na sede da DHPP, na Luz (região central), três salas já foram reservadas para o Grade, mas a Delegacia Geral de Polícia não informa quantos policiais integrarão o grupo.
A justificativa é a de que investigadores atuarão infiltrados e abrir o número exato de policiais do grupo pode facilitar a conclusão de quantos estarão envolvidos em algumas investigações.
Outro benefício apontado pelas autoridades com a criação do Grade é o aperfeiçoamento das reuniões na sala de monitoramento dos estádios, que servirão como um ensaio para a Copa-2014.
Na sala, ficam diretores do clube, policiais militares e civis e administradores. De lá, monitoram os torcedores, observam com visão privilegiada o escoamento de público, o comportamento de massa e acompanham sistema de gravação das imagens.
O requisito básico para os policiais a serem recrutados para o grupo? "Que gostem de futebol", diz Margarette.
Quem integrar o Grade voltará à sala de aula. Um curso que deve integrar os currículos dos policiais é o de psicologia de massa. E eles terão de saber diferenciar os torcedores comuns dos radicais.


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