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Por Copa, SP cria polícia do futebol
Grupo quer evitar contaminação de organizadas por facções do exterior
EDUARDO OHATA
DE SÃO PAULO
Com os olhos voltados à
Copa de 2014, o Estado de
São Paulo criou o Grupo de
Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância Esportiva
(Grade), que terá policiais especializados em futebol.
Uma de suas missões é evitar que durante o Mundial as
torcidas organizadas recebam influência de membros
de grupos radicais, de forte
atuação na Europa.
A polícia já detectou indícios de ligação de organizadas com facções que defendem a supremacia branca.
Outro objetivo do Grade,
subordinado à Delegacia de
Crimes Raciais e Delitos de
Intolerância da Divisão de
Homicídios e Proteção à Pessoa de SP (DHPP), é sofisticar
a abordagem no futebol.
Em vez de automaticamente adotar as organizadas
como "bode expiatório",
seus responsáveis dizem que
buscarão investigar cartolas
que, por seu comportamento, induzam as torcidas às
brigas, e, mais que prender
cambistas, investigarão os
fornecedores dos ingressos.
"Nem sempre as organizadas são as culpadas. Como
massa, a torcida reage ao que
recebe", argumenta a delegada Margarette Barreto, que
estará à frente do Grade.
As autoridades reconhecem que as alterações no Estatuto do Torcedor facilitaram o trabalho das polícias
por criminalizar delitos. Porém Margarete lembra que o
trabalho já é feito há anos.
Ela comemora o trabalho
da polícia, que nos últimos
anos viu diminuir os confrontos no interior dos estádios. Porém assistiu ao aumento das ocorrências em locais distantes e em horários
diferentes aos dos jogos. Daí
a necessidade de aumentar a
equipe e de especializá-la.
Na sede da DHPP, na Luz
(região central), três salas já
foram reservadas para o Grade, mas a Delegacia Geral de
Polícia não informa quantos
policiais integrarão o grupo.
A justificativa é a de que
investigadores atuarão infiltrados e abrir o número exato
de policiais do grupo pode facilitar a conclusão de quantos estarão envolvidos em
algumas investigações.
Outro benefício apontado
pelas autoridades com a criação do Grade é o aperfeiçoamento das reuniões na sala
de monitoramento dos estádios, que servirão como um
ensaio para a Copa-2014.
Na sala, ficam diretores do
clube, policiais militares e civis e administradores. De lá,
monitoram os torcedores,
observam com visão privilegiada o escoamento de público, o comportamento de
massa e acompanham sistema de gravação das imagens.
O requisito básico para os
policiais a serem recrutados
para o grupo? "Que gostem
de futebol", diz Margarette.
Quem integrar o Grade voltará à sala de aula. Um curso
que deve integrar os currículos dos policiais é o de psicologia de massa. E eles terão
de saber diferenciar os torcedores comuns dos radicais.
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