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OLIMPÍADA
Atletas não vêem verba que Comitê Brasileiro pediu, e Comitê Internacional enviou, em nome deles
Sem saber, olímpicos ganham bolsa;
sem saber, não ganham o dinheiro
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
Num país marcado pela dificuldade para obter verbas para o esporte, a burocracia do Comitê
Olímpico Brasileiro e de três confederações nacionais está atrasando por quase três meses a chegada
de um dinheiro já garantido aos
atletas brasileiros.
Cadastrados desde junho como
bolsistas do Solidariedade Olímpica, órgão vinculado ao Comitê
Olímpico Internacional, 27 atletas
do país ainda não puderam usufruir do apoio -o dinheiro está
parado no COB.
Os esportes que deveriam se beneficiar são a canoagem, o boxe e
a ginástica (rítmica e artística).
As bolsas são parte de dois programas desenvolvidos pelo Solidariedade. Um tem como objetivo ajudar o desenvolvimento técnico de atletas com chances de
competir na próxima Olimpíada.
O outro visa a ajudar esportistas
que possam se destacar no futuro.
O Brasil tem nove bolsas do Solidariedade, no valor de US$ 1.200
mensais cada uma, que são repartidas entre os 27 atletas (dando,
assim, US$ 400 por atleta).
Entre esses 27 esportistas, estão
17 medalhistas brasileiros no último Pan-Americano.
As bolsas, como mostra documento do Solidariedade reproduzido ao lado, valem desde junho.
Segundo Pamela Vipond, gerente dos dois projetos, a verba,
que é dada trimestralmente, está
disponível aos países beneficiados desde então.
Mas nenhum dos atletas ou das
confederações brasileiras envolvidas teve acesso ao dinheiro.
O Comitê Olímpico Brasileiro,
que tem o papel de receber a verba do Solidariedade e repassá-la
às confederações, diz que só teve
condições de receber o dinheiro
durante os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, encerrados no
domingo retrasado.
O motivo para o atraso, diz o
COB, é a burocracia.
"Não chegou em junho pela burocracia que tem de fazer, tem de
pegar assinatura do atleta. As próprias confederações às vezes atrasam isso", afirma José Roberto
Perillier, superintendente de projetos especiais do COB, acrescentando que a entidade vai iniciar já
o repasse da verba.
Tal atraso, no entanto, pode
comprometer a preparação do esporte brasileiro para a Olimpíada
de Sydney, no ano que vem.
No momento, por exemplo, o
Solidariedade Olímpica aguarda
relatório do COB sobre os resultados do primeiro trimestre para
definir a continuidade do projeto.
Ou seja: as confederações terão
de relatar a aplicação de um dinheiro que ainda não receberam.
E, se o relatório não for aprovado pelo Solidariedade, as bolsas
podem até ser canceladas.
O COB diz que não haverá problema para continuar o projeto, já
que as confederações estariam tocando com seu dinheiro o programa previsto. "Elas sabem que vão
receber lá na frente, então antecipam esse dinheiro", diz Perillier.
Tal prática, no entanto, não encontra respaldo entre os demais
dirigentes. "Eles sabem que a gente precisa do dinheiro", diz Luiz
Claudio Boselli, presidente da
Confederação Brasileira de Boxe.
Sobre o fato de a bolsa estar em
vigor desde junho e o atletas não
terem visto o dinheiro, diz ele:
"Fica estranho. Parece que ou o
COB não me passou e eu não passei para os atletas, ou então que o
COB não passou mesmo".
Colaborou Marcelo Damato, da Reportagem Local
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