|
Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Revogação da Lei do Atleta Profissional limita direito dos jogadores a receber 15% do valor da transferência
Lei Pelé suprime direitos de atletas
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local
O projeto de lei assinado pelo
maior jogador de todos os tempos
retira alguns direitos trabalhistas
concedidos à categoria. Esses direitos estão numa lei de 1976 (Lei
do Atleta Profissional), que o projeto manda revogar porque nela
está também a criação do passe.
Hélio Vianna, principal assessor
do ministro dos Esportes, Edson
Arantes do Nascimento, defende o
fim desses direitos sob o argumento de que é preciso acabar com o
"protecionismo, e o esporte ser
regulado pelas leis de mercado"
(leia texto nesta página).
São várias as perdas dos jogadores. A que terá mais repercussão é
que os jogadores não terão mais
direito aos 15% do passe na hora
da transferência.
No caso do meia Denílson, do
São Paulo, isso significou para o
seu bolso US$ 4 milhões.
Algumas cláusulas previstas na
lei de 1976 que dificultavam que os
clubes fizessem contratos de gaveta com os jogadores também foram suprimidas.
Contrato de gaveta é o termo
usado no futebol para os contratos
em branco que muitos jogadores
são induzidos a assinar quando
chegam ao clube para treinar, ainda adolescentes.
Quando se tornam adultos e
mostram potencial esportivo e
econômico, o clube preenche o
contrato, fixa o valor do salário e o
registra na federação.
Para dificultar essa prática, a lei
exige que o jogador preencha a data do acordo e que os contratos sejam numerados e que a numeração respeite a ordem cronológica.
Também é exigido que jogadores
com até 21 anos sejam assistidos
pelos pais na assinatura do contrato. A idade máxima será reduzida
para 18 anos.
O projeto de lei Pelé também
mantém o texto da Lei Zico, que
flexibiliza o direito dos jogadores a
uma porcentagem (20%) sobre o
que os clubes recebem pela venda
dos direitos de TV.
Passe
Mas certamente o ponto mais
polêmico é sobre quais serão as regras que vão reger o passe (vínculo
do jogador com o clube que não
acaba com o fim do contrato) nos
dois anos seguintes à lei entrar
-se entrar- em vigor.
O projeto diz que após esse período o passe está extinto, mas não
é claro sobre o que vigora. Ao mesmo tempo, revoga a lei 6.354/76,
que regulamentou o passe no país
e está em vigor até hoje.
No ano passado, Pelé, baixou
uma resolução com base na Lei Zico tentando alterar a lei do Passe.
Mas todos os especialistas dizem
que ela não tem poder para isso e
por isso nunca foi aplicada.
Segundo o advogado Ives Gandra Martins, apesar de ter sido extinta, é a lei de 1976 que vai "ter
eficácia" nesse período.
"Se nova lei só vai ter eficácia
depois de dois anos, prevalece o
direito anterior."
Já para o seu colega Marco Antonio Barbosa Rodrigues, a questão
é mais complicada. "É possível até
que vigore a Resolução de 1996,
que não teve eficácia até agora porque havia a lei de 1976, que não poderia ter sido mudada por ela",
afirmou ele.
Mas Rodrigues diz que o governo deveria regulamentar essa
questão num decreto, se a lei for
aprovada da forma como está.
Próximo Texto | Índice
|