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De olho na verba dos clubes de elite do Nacional, terceira divisão começa hoje com 93 equipes
Série A mais extensa da história financia Série C
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Série C do Brasileiro começa
hoje, com 93 equipes e 37 jogos,
empurrada pela longa duração do
primeiro torneio de pontos corridos da divisão de elite do país.
Ao final das 46 rodadas do torneio da Série A do Nacional, cerca
de R$ 3 milhões terão sido repassados para cobrir despesas da terceira divisão. O valor refere-se a
5% da renda bruta dos jogos da
divisão principal e está inserido
no capítulo 5 do regulamento.
O percentual está previsto no
artigo geral das competições organizadas pela CBF e atualmente
é recolhido pela entidade como
um "Fundo de Apoio" à Série C.
Neste ano, a expectativa é que o
"bolo" para a terceira divisão dobre em relação a 2002. O motivo: a
edição de 2003 ao seu final terá
realizado 552 partidas, contra 352
confrontos do ano passado.
"Mesmo assim, somente o fundo não dá para cobrir as despesas.
E há também uma certa inadimplência", afirma o diretor técnico
da CBF, Virgílio Elísio.
Algumas equipes da primeira
divisão, porém, reclamam por
achar que o desconto não é justo.
"Os clubes da primeira divisão
já estão sobrecarregados. Acho
que um sistema de ajuda mútua
seria melhor nesse caso", disse o
vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini.
No último sábado, o clube do
Parque São Jorge teve prejuízo de
pouco mais de R$ 7.000 na partida
contra o Fortaleza -R$ 2.933 referentes aos 5% da Série C.
Até agora, a CBF já arrecadou
R$ 1.636.488,68 para o fundo da
terceira divisão. "Eu acho que
precisamos de todas as séries fortes. Mas não poderia ser assim. Se
tirassem só os 5% eu concordaria,
mas não é só isso", reclama o presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa, para quem a entidade máxima do futebol brasileiro poderia "ajudar mais".
A confederação estuda uma alteração para o próximo ano.
"Hoje abrimos mão desse direito e criamos um fundo, mas isso
pode mudar", afirma Elísio.
Além do repasse de 5%, a CBF
arcará com as despesas de transporte e hospedagem de um terço
dos clubes da terceira divisão.
Viagens para partidas com distância de até 700 quilômetros de
suas sedes serão feitas de ônibus.
Acima disso, de avião.
A entidade também disponibilizará R$ 3.000 para despesas com
hotéis e bancará os exames antidoping e quarteto de arbitragem
para os jogos -só com juízes, o
gasto será de R$ 247.500,00.
A ajuda da CBF com transporte
e hotéis, no entanto, é restrita apenas a 33 times, classificados para a
disputa da competição por índice
técnico (os melhores colocados
nos Estaduais e os seis rebaixados
da Série B em 2002).
"Esse dinheiro vai nos ajudar
bastante. Vamos poder cobrir várias despesas", afirmou Renato
Bonfiglio, presidente do XV de Piracicaba, clube que passa por séria crise financeira e que disputou
a segunda divisão em 2002.
As outras 60 equipes, convidadas pela entidade, terão de se virar
por conta própria. O Ituano, por
exemplo, prevê gastos de até R$ 1
milhão se for até a final.
"A fórmula desse campeonato é
absurda. A partir da terceira fase
poderemos jogar longe de São
Paulo, e uma viagem de avião para uma delegação de 30 pessoas
não sai por menos de R$ 50 mil",
afirma Oliveira Júnior, que comanda o futebol do clube.
Segundo ele, o déficit do Ituano
chegará a R$ 300 mil. Por que disputar essa competição, então?
"Temos de subir para a Série B
para termos mais visibilidade."
Não é o que pensam o piauiense
Parnahyba e o mineiro Guaxupé,
que desistiram de disputar a Série
C por falta de dinheiro.
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