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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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De olho na verba dos clubes de elite do Nacional, terceira divisão começa hoje com 93 equipes

Série A mais extensa da história financia Série C

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Série C do Brasileiro começa hoje, com 93 equipes e 37 jogos, empurrada pela longa duração do primeiro torneio de pontos corridos da divisão de elite do país.
Ao final das 46 rodadas do torneio da Série A do Nacional, cerca de R$ 3 milhões terão sido repassados para cobrir despesas da terceira divisão. O valor refere-se a 5% da renda bruta dos jogos da divisão principal e está inserido no capítulo 5 do regulamento.
O percentual está previsto no artigo geral das competições organizadas pela CBF e atualmente é recolhido pela entidade como um "Fundo de Apoio" à Série C.
Neste ano, a expectativa é que o "bolo" para a terceira divisão dobre em relação a 2002. O motivo: a edição de 2003 ao seu final terá realizado 552 partidas, contra 352 confrontos do ano passado.
"Mesmo assim, somente o fundo não dá para cobrir as despesas. E há também uma certa inadimplência", afirma o diretor técnico da CBF, Virgílio Elísio.
Algumas equipes da primeira divisão, porém, reclamam por achar que o desconto não é justo.
"Os clubes da primeira divisão já estão sobrecarregados. Acho que um sistema de ajuda mútua seria melhor nesse caso", disse o vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini.
No último sábado, o clube do Parque São Jorge teve prejuízo de pouco mais de R$ 7.000 na partida contra o Fortaleza -R$ 2.933 referentes aos 5% da Série C.
Até agora, a CBF já arrecadou R$ 1.636.488,68 para o fundo da terceira divisão. "Eu acho que precisamos de todas as séries fortes. Mas não poderia ser assim. Se tirassem só os 5% eu concordaria, mas não é só isso", reclama o presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa, para quem a entidade máxima do futebol brasileiro poderia "ajudar mais".
A confederação estuda uma alteração para o próximo ano.
"Hoje abrimos mão desse direito e criamos um fundo, mas isso pode mudar", afirma Elísio.
Além do repasse de 5%, a CBF arcará com as despesas de transporte e hospedagem de um terço dos clubes da terceira divisão.
Viagens para partidas com distância de até 700 quilômetros de suas sedes serão feitas de ônibus. Acima disso, de avião.
A entidade também disponibilizará R$ 3.000 para despesas com hotéis e bancará os exames antidoping e quarteto de arbitragem para os jogos -só com juízes, o gasto será de R$ 247.500,00.
A ajuda da CBF com transporte e hotéis, no entanto, é restrita apenas a 33 times, classificados para a disputa da competição por índice técnico (os melhores colocados nos Estaduais e os seis rebaixados da Série B em 2002).
"Esse dinheiro vai nos ajudar bastante. Vamos poder cobrir várias despesas", afirmou Renato Bonfiglio, presidente do XV de Piracicaba, clube que passa por séria crise financeira e que disputou a segunda divisão em 2002.
As outras 60 equipes, convidadas pela entidade, terão de se virar por conta própria. O Ituano, por exemplo, prevê gastos de até R$ 1 milhão se for até a final.
"A fórmula desse campeonato é absurda. A partir da terceira fase poderemos jogar longe de São Paulo, e uma viagem de avião para uma delegação de 30 pessoas não sai por menos de R$ 50 mil", afirma Oliveira Júnior, que comanda o futebol do clube.
Segundo ele, o déficit do Ituano chegará a R$ 300 mil. Por que disputar essa competição, então?
"Temos de subir para a Série B para termos mais visibilidade."
Não é o que pensam o piauiense Parnahyba e o mineiro Guaxupé, que desistiram de disputar a Série C por falta de dinheiro.


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