São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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São Paulo capitaliza ouro alheio

Pouco atuante fora do futebol, clube homenageia e veste sua camisa em campeão nos Jogos de Pequim

Diretoria ignora esporte olímpico de alto rendimento, entretanto faz festa para Zé Roberto e quer repetir evento com Maurren Maggi


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
No CT do São Paulo, Zé Roberto Guimarães, que levou a seleção feminina de vôlei ao ouro olímpico, e Muricy Ramalho, bicampeão do Brasileiro com o time paulista

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A conquista de medalhas de ouro em Olimpíadas empolga dirigentes são-paulinos, que fazem homenagens aos vencedores. Mas investir ou fazer projetos no esporte olímpico de alto rendimento não anima a direção do clube, exceto o futebol.
Técnico da seleção feminina campeã olímpica de vôlei, José Roberto Guimarães, que é são-paulino, recebeu uma camisa e uma placa com seu nome, em visita ao CT do São Paulo -celebração ao título em Pequim.
Há uma homenagem similar planejada para a saltadora em distância Maurren Maggi, igualmente ouro na China e torcedora do time. Só falta acertar a sua agenda.
A atleta nunca competiu pelo clube. Zé Roberto atuou como consultor informal do futebol, mas a experiência não virou acordo profissional. O site do clube estampava, ontem, o técnico com a camisa oficial.
Se associa seu nome a estrelas olímpicas, o clube não as forma hoje. Não há registro de atleta do clube que tenha destaque em Olimpíadas recentes, exceção a jogadores de futebol.
Não há equipes adultas em alto nível do São Paulo em modalidades dos Jogos, fora o futebol. Nas categorias de base e no adulto de forma amadora, o clube disputa competições de atletismo, basquete, boxe, ginástica olímpica, handebol, judô, natação, tênis e vôlei.
Neste último esporte, o São Paulo manteve um time adulto com a Cimed, em 2007.
"Tem que ter patrocínio. O São Paulo é futebol. Não vamos viabilizar outros esportes com dinheiro do futebol", contou o diretor de planejamento e desenvolvimento do clube, Marcelo Portugal Gouvêa.
Ou seja, a diretoria não pretende gastar mais do que arrecada com outras modalidades. E não é muito. No último balanço, é registrada renda de R$ 3,1 milhões com o departamento de esporte amador. Isso representa 1,7% das receitas do clube no ano passado.
As despesas no setor, cerca de R$ 700 mil, são com jogos, árbitros e federações. Outros gastos são com pessoal -mais de R$ 4 milhões- divididos com a parte social.
Para Zé Roberto, o São Paulo não tem responsabilidade de botar dinheiro no esporte olímpico. "Precisa melhorar a política esportiva no país. Times que têm torcida poderiam ter algumas equipes. Mas precisa de investimento nas escolas", explicou. "Investir na base, como o São Paulo faz no futebol."
O clube teve aprovado projeto da Lei de Incentivo ao Esporte de cerca de R$ 13 milhões. Só incluiu a divisão de base do futebol. Nenhum projeto similar foi feito para as modalidades olímpicas. E os recursos viriam sem custo, por renúncia fiscal.
O escudo são-paulino tem a marca olímpica. Duas das estrelas simbolizam recordes de Adhemar Ferreira da Silva, saltador triplista bicampeão dos Jogos e atleta do clube.


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