São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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último suspiro

Para escapar, Renault demite Briatore

Equipe diz que não contestará acusações de Nelsinho Piquet na reunião do Conselho Mundial, na próxima segunda

Pat Symonds, acusado pelo piloto de ter-lhe apontado o local exato em que deveria bater o carro em Cingapura, também perde o emprego

Tom Hevezi/Associated Press
Fachada da fábrica da Renault, na Inglaterra, que ontem demitiu
Flavio Briatore e Pat Symonds


DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de ver sua punição reduzida, a Renault anunciou ontem que não irá contestar as acusações de armação no Conselho Mundial na próxima segunda e que Flavio Briatore e Pat Symonds foram afastados.
Chefe e diretor técnico do time, respectivamente, os dois são acusados por Nelsinho Piquet de terem solicitado que o brasileiro batesse seu carro de propósito no GP de Cingapura de 2008 para favorecer o companheiro, Fernando Alonso.
Apesar da medida, um claro sinal à FIA de que a equipe está disposta a colaborar com as investigações de um dos maiores escândalos da história da categoria, a Renault ainda terá de comparecer diante dos 26 membros do Conselho Mundial, na sede da entidade que comanda o esporte, em Paris.
A estratégia do time franco- -inglês é seguir um caminho diferente ao da McLaren, em 2007. Na ocasião, a equipe inglesa foi julgada por espionar a Ferrari. Foi absolvida no primeiro julgamento, mas, meses mais tarde, surgiram novas provas que a incriminavam.
Julgada uma segunda vez, perdeu os pontos do Mundial de Construtores e teve de pagar uma multa de US$ 100 milhões.
Ao se "desfazer" de Briatore e Symonds, os únicos dois apontados pelo relatório dos investigadores da FIA que sabiam da armação, espera que a entidade veja a atitude com bons olhos.
Max Mosley, presidente da FIA, disse que considerava o caso da Renault muito pior do que o da McLaren. "Fora. Totalmente. Exclusão para sempre, fim, acabado. É o pior que pode acontecer", afirmou o inglês na semana passada, durante a disputa do GP de Monza.
Mosley, porém, deixou claro que não existe a possibilidade de o resultado do Mundial ser alterado -Felipe Massa, que liderava o GP de Cingapura até a batida de Nelsinho, acabou tendo problemas em seu pit stop, não pontuou e, no fim do ano, perdeu o título para Lewis Hamilton por apenas um ponto.
A armação permaneceu em segredo por quase um ano e só veio à tona depois que o brasileiro foi demitido da Renault, por falta de resultados, após o GP da Hungria. No dia da corrida em Budapeste, o pai do piloto, Nelson, avisou à FIA que Nelsinho faria uma denúncia.
Apenas quatro dias depois, o brasileiro foi à sede da entidade prestar seu primeiro depoimento. Foi então aberta uma investigação para apurar se as denúncias eram verdadeiras.
No final de semana do GP da Bélgica, investigadores da FIA ouviram Briatore, Symonds e Alonso sobre o caso, além de engenheiros da Renault. Colheram também dados de computadores, conversas via rádio e a telemetria dos dois carros.
Em seu depoimento em Spa, Symonds, responsável pelas estratégias do time, foi evasivo em vários pontos e afirmou não querer mentir aos investigadores. Confirmou, no entanto, ter participado de uma reunião com Nelsinho e Briatore no dia da corrida. Segundo ele, a ideia de causar a batida foi sugerida pelo piloto, mas no dia anterior.
Nelsinho diz que Symonds indicou a curva "certa".
Briatore negou todas as acusações e, ao lado da Renault, entrou na Justiça francesa contra os Piquet, alegando ter sido vítima de calúnias e chantagem.
Ontem, em seu comunicado, o time afirmou que não irá fazer mais nenhuma declaração até que o caso seja esclarecido.
Procurados pela reportagem, Piquet e seu filho disseram que não iriam se pronunciar sobre a saída de Briatore e Symonds.


Com agências internacionais

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