São Paulo, quinta, 17 de setembro de 1998

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JUDÔ
Atletas trazem medalha de prata da Copa do Mundo
Calouros "superam' ídolo no 1º torneio

FERNANDO ITOKAZU
da Reportagem Local

O meio-pesado Marcelo Figueiredo, 25, e o pesado Daniel Hernandes, 19, conseguiram em suas estréias na seleção brasileira principal de judô uma medalha que Aurélio Miguel, principal atleta brasileiro no esporte, não possui.
Figueiredo e Hernades integraram a equipe brasileira que conquistou o vice-campeonato da Copa do Mundo, no sábado, em Minsk, Belarus.
O time brasileiro foi derrotado pelo Japão na final depois de vencer Itália, Belarus e França, que era a campeã da competição e uma das favoritas ao título.
"Acho muito bom que os dois terem estreado com medalha na Copa do Mundo. Isso só vai servir para motivá-los", afirmou Aurélio Miguel, 34, que não disputou a seletiva brasileira para a competição por estar contundido.
O meio-pesado é o único judoca brasileiro com duas medalhas olímpicas -ouro em Seul-88 e bronze em Atlanta-96. Ele também possui três medalhas (duas pratas e um bronze) em Mundiais adultos e foi campeão mundial júnior e universitário.
"Uma competição por equipes é emocionante. É legal fazer parte de um time e representar o país, mas infelizmente nunca disputei uma Copa do Mundo", afirmou Aurélio Miguel, que não participou da primeira edição da Copa do Mundo, em 94, na França, também por estar contundido.
"Representar o país no meio-pesado é muita responsabilidade pois é a categoria em que o Aurélio Miguel vem se destacando durante todos esses anos", afirmou Figueiredo, que treina em Campinas, interior de São Paulo.
Segundo o judoca, o fato da Copa do Mundo ser disputada por equipes criou um clima diferente.
"Todo mundo luta no mesmo dia, na mesma hora está todo mundo comendo, na mesma hora está todo mundo dormindo. Isso motiva", afirmou Figueiredo, explicando que em competições individuais geralmente cada categoria luta em um dia diferente.
"O que acabou acontecendo é que conquistamos uma medalha que muitos atletas com cinco, seis ou mais anos de seleção ainda não têm", afirmou.
Hernandes, o caçula do time, disse que o nervosismo acabou prejudicando o seu desempenho nas primeiras lutas.
"Nas duas últimas lutas eu fui me soltando, e os golpes foram entrando. Apesar de ter sido derrotado, fiz lutas parelhas", afirmou Hernandes, atleta do Palmeiras, que agora disputará o Mundial júnior, em outubro, na Colômbia.
O primeiro contato que Hernandes com a elite do judô aconteceu no ano passado, quando o pesado esteve no Mundial da França, mas não lutou, apenas assistiu. "Fui para França apenas para tentar aprender alguma coisa", disse.
Experiência
Além dos dois calouros, a equipe brasileira foi composta pelo ligeiro Fúlvio Miyata, o meio-leve Henrique Guimarães, o leve Sérgio Oliveira, o meio-médio Flávio Canto e o médio Edelmar Zanol.
Henrique Guimarães, remanescente junto com Sérgio Oliveira da equipe que disputou a Copa do Mundo na França em 94, disse que um dos fatores do sucesso do Brasil foi a homogeneidade da equipe.
"Em 94, a equipe era muito mais inexperiente. Agora, com exceção do Daniel e do Marcelo, todos os judocas têm muita experiência internacional", afirma Guimarães, medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta-96.
Da equipe brasileira, Flávio Canto e Edelmar Zanol estiveram na Olimpíada de Atlanta, e Fúlvio Miyata foi medalha de bronze no Mundial da França, em 97.



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